O materialismo prático-transcendental de Marx e o pragmatismo como terreno destranscendentalizado
Resumo
Tomo aqui o pragmatismo como uma posição no interior de um conjunto de posições aparentadas, características da filosofia contemporânea. Isto é, como um caso interessante de virada pósmetafísica, de transformação anti-cartesiana, anti-solipsista, nãofundacionista, da filosofia. Ou ainda, para não ficar apenas em expressões negativas, como um tipo de virada prática e social da filosofia, conciliada com o tempo, o devir e a contingência no mundo. Uma das especificidades desse pragmatismo com relação a posições “pós-metafísicas” concorrentes, dos nossos dias, é justamente o seu caráter francamente construtivo, razoável, além de, por suposto, prático – citerior, diesseitig, destranscendentalizante. Nem por isso, entretanto, um ponto de vista desprovido de potencial normativo, crítico, aparecendo como relativista, subjetivista e utilitarista estreito tão-somente para mau entendedor. Nessa linha, quando falo em pragmatismo, penso nas suas expressões que de um modo ou de outro permitem articular conhecimento e ação a sensibilidade social e comunidade democrática, um Leitmotiv do que apresento aqui ao modo de ensaio.
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