Um Pesquisador Ordinário: Entre Substantivos e Gerúndios na Polifonia dos Esquecidos

Autores

Palavras-chave:

Gestão Ordinária, Pesquisador Ordinário, Estudos Organizacionais, Alexandre Carrieri

Resumo

O propósito deste artigo é apresentar o pesquisador ordinário nos estudos das formas de organizar, uma concepção desenvolvida a partir das ideias de Alexandre de Pádua Carrieri, reconhecido como um desses pesquisadores no Brasil. A concepção de pesquisador ordinário surge a partir das alegorias de gestão e gestor ordinário presentes na obra de Carrieri (2012). A obra que discute o desenvolvimento dessas alegorias é assumida como, em parte, autobiográfica, um memorial permeado por manifestação de características do próprio Alexandre. Lá surge um pesquisador que trabalha o ordinário em conjunto com outros pesquisadores, sejam eles doutores, mestres, graduados, doutorandos, mestrandos e graduandos, substantivos e gerúndios. Eles têm em comum a atração pelo ordinário e a luta contra-hegemônica na área de administração. Ao se aproximar de um pós-estruturalismo crítico, por meio de articulações envolvendo contribuições como a bricolagem, as estratégias e táticas certeaunianas, o flanar e o alegorizar benjaminiano, Alexandre nos mostra um caminho que, de diferentes maneiras, vários pesquisadores têm assumido, muitos dos quais viram e veem em Alexandre uma atração para chegar na sua própria produção da condição de pesquisador ordinário. Portanto, ao homenagear Alexandre de Pádua Carrieri, eu trouxe fragmentos de suas alegorias de gestão e gestor ordinário de volta para a casa do pesquisador, revelando uma forma ordinária de organizar os estudos das formas ordinárias de organizar e quem faz esses estudos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alfredo Rodrigues Leite da Silva, Universidade Federal do Espírito Santo-UFES

Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Associado da Universidade Federal do Espírito Santo - Departamento de Administração

Referências

ALCADIPANI, R.; ROSA, A. R. O pesquisador como o outro: uma leitura pós-colonial do “borat” brasileiro. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 50, n. 4, p. 371-382, out./dez. 2010.

BARROS, A.; CARRIERI, A. P. O cotidiano e a história: construindo novos olhares na administração. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 55, n. 2, p. 151-161, mar./abr. 2015.

BENJAMIN, W. Passagens. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.

BENJAMIN, W. A modernidade e os modernos. 2. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2000.

BENJAMIN, W. Obras escolhidas III – Charles Baudelaire um lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1989.

BENJAMIN, W. Origem do drama barroco alemão. São Paulo: Brasiliense, 1984.

BURREL, G.; MORGAN, G. Sociological paradigms and organisational analysis: elements of the sociology of corporate life. London: Heinemann, 1979.

CARRIERI, A. O fim do “Mundo Telemig”: a transformação das significações culturais em uma empresa de telecomunicações. 2001. Tese (Doutorado em Administração) – Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001.

CARRIERI, A. P. A gestão ordinária. 2012. Tese (Professor Titular) – Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.

CARRIERI, A. P. As gestões e as sociedades. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 21-64, jun. 2014.

CARRIERI, A. P.; LEITE-DA-SILVA, A. R.; PIMENTEL, T. D. O tema da proteção ambiental incorporado nos discursos da responsabilidade social corporativa. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 13, n. 1, p. 1-16, jan./mar. 2009.

CARRIERI, A.; PERDIGÃO, D.; AGUIAR, A. A gestão ordinária dos pequenos negócios: outro olhar sobre a gestão em estudos organizacionais. Revista de Administração, São Paulo, v. 49, n. 4, p. 698-713, out./dez. 2014.

CARRIERI, A. P.; PERDIGÃO, D. A.; MARTINS, P. G.; AGUIAR, A. R. C. A gestão ordinária e suas práticas: o caso da Cafeteria Will Coffee. Revista de Contabilidade e Organizações, São Paulo, v. 12, e141359, 2018.

CERTEAU, M. A cultura no plural. 7. ed. Campinas: Papirus, 2012.

CERTEAU, M. A invenção do cotidiano 1: artes de Fazer. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1998.

CERTEAU, M. Heterologies: discourse on the other. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1986.

CHANLAT, J.-F. Ciências sociais e management: reconciliando o econômico e o social. São Paulo: Atlas, 2000.

CLEGG, S. R.; HARDY, C. Introdução: organização e estudos organizacionais. In: CLEGG, S; HARDY, C.; NORD, W. (Org.). Handbook de estudos organizacionais. v. 1. São Paulo: Atlas, 1999. p. 27-57.

COSTA, F. Z. N.; LEÃO, A. L. M. S. A vida organizada dos fãs de Harry Potter. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 25, n. 84, p. 122-154, jan./mar. 2018.

FORTUNA, C. Introdução: sociologia, cultura urbana e globalização. In: FORTUNA, C. Cidade, cultura e globalização: ensaios de sociologia. Oeiras: Celta, 1997. p. 1-28.

GOUVÊA, J. B.; CABANA, R. P. L.; ICHIKAWA, E. Y. As histórias e o cotidiano das organizações: uma possibilidade de dar voz àqueles que o discurso hegemônico cala. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v. 5, n. 12, p. 297-347, abr. 2018.

HASSARD, J. Postmodernism and organization. In: HASSARD, J. Sociology and organization theory. Cambridge: Cambridge University Press, 1993. p. 111-138.

HASSARD, J.; COX, J. W. Can sociological paradigms still inform organizational analysis? A paradigm model for post-paradigm times. Organization Studies, London, v. 34, n. 11, p. 1701-1728, 2013.

JUNKES, L. O processo de alegorizacão em Walter Benjamin. Anuário de Literatura, Florianópolis, n. 2, p. 125-137, 1994.

LAUSTER, M. Walter Benjamin’s myth of the flâneur. Modern Language Review, Cambridge, v. 102, n. 1, p. 139-156, Jan. 2007.

LEEUWEN, B. V. If we are flâneurs, can we be cosmopolitans? Urban Studies, London, v. 56, n. 2, p. 301-316, 2019.

MASSAGLI, S. R. Homem da multidão e o flâneur no conto “O homem da multidão” de Edgar Allan Poe. Terra roxa e outras terras. Revista de Estudos Literários, Londrina, v. 12, p. 55-65, 2008.

MCROBBIE, A. Postmodernism and popular culture. London: Routledge, 1994.

MISOCZKY, M. C.; FLORES, R. K.; BÖHM, S. A práxis da resistência e a hegemonia da organização. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 15, n. 45, p. 181-194, abr./jun. 2008.

NAPOLITANO, V.; PRATTEN, D. Michel de Certeau: ethnography and the challenge of plurality. Social Anthropology, London, v. 15, n. 1, p. 1-12, 2007.

NICOLINI, D. Practice theory, work and organization. Oxford: Oxford University Press, 2013.

OWENS, C. The allegorical impulse: toward a theory of postmodernism. October, Cambridge, v. 12, p. 67-86, Spring 1980.

PENIDO, S. Walter Benjamin: a história como construção e alegoria. O que nos faz pensar, v. 1, n. 1, p. 61-70, jun. 1989.

POSTER, M. The question of agency: Michel de Certeau and the history of consumerism. Diacritics, Baltimore, v. 22, n.2, p. 94-107, Summer 1992.

UTAS, M. Victimcy, girlfriending, soldiering: tactic agency in a young woman's social navigation of the liberian war zone. Anthropological Quarterly, Washington, v. 78, n. 2, p. 403-430, Spring 2005.

VALE, L. M. E.; JOAQUIM, N. F. Legume nosso de cada dia: o hortifrúti na história da gestão ordinária do Mercado Central de Belo Horizonte. Gestão & Conexões, Vitória, v. 6, n. 2, p. 54-73, 2017.

WENDORF, T. A. Allegory in postmodernity: Graham Greene’s the captain and the enemy. Christianity and Literature, Wheaton, v. 50, n. 4, p. 657-677, Summer 2001.

Downloads

Publicado

2020-01-12

Como Citar

Silva, A. R. L. da. (2020). Um Pesquisador Ordinário: Entre Substantivos e Gerúndios na Polifonia dos Esquecidos. Revista Interdisciplinar De Gestão Social, 8(3). Recuperado de https://periodicos.ufba.br/index.php/rigs/article/view/32445

Edição

Seção

Seção Temática