A Perspectiva da Moral na Aprendizagem da Prática do Artesanato de Barro Figurativo no Alto do Moura

Autores

  • Daniel Felipe Victor Martins Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE

Palavras-chave:

Teoria Moral, Aprendizagem Organizacional, Prática Social, Análise de Narrativas, Comunidade Artesanal do Alto do Moura.

Resumo

A emergência de mais estudos críticos em Administração sobre os pressupostos que regem a tradição moderna, conduziu o campo dos Estudos Organizacionais – EOs a repensar as organizações a partir de abordagens teóricas alternativas voltadas à ampliação das suas principais reflexões. Todo esse esforço contribuiu para que a teoria organizacional ganhasse uma nova roupagem, principalmente, a partir dos Estudos Baseados em Prática – EBP (Practice-Based Studies – PBS), os quais, desde o movimento da ‘virada para a prática’ (practice turn), têm inclinado a teoria organizacional a uma lente de natureza social. Todavia, mesmo com todos os avanços, o campo ainda tem deixado em aberto possíveis lacunas que, de alguma maneira, merecem ser consideradas, tal como a questão da moral nas relações sociais de aprendizagem na prática. Com isso, propõe-se, nesta pesquisa, desvelar a moral como um elemento do saber prático, de maneira a ampliar os estudos sobre Aprendizagem Organizacional – AO. Para isso, foi tomado como principal eixo teórico a filosofia comunitarista de Alasdair MacIntyre por entender que ela realiza uma profunda análise crítica em torno da moralidade moderna, denunciando a abstração de uma sociedade racional e individualista, ao passo em que procura apresentar uma consciência moral comunitária emergida de valores que são transmitidos e aprendidos pela via prática ao longo das gerações. Os principais achados desta pesquisa apontaram que a moral nas relações de aprendizagem da comunidade artesanal do Alto do Moura implica em um saber prático de natureza social constituída por bens internos, isto é, de elementos morais pautados no respeito, na confiança no diálogo, na historicidade e na habilidade que se fazem presentes entre os seus membros participantes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniel Felipe Victor Martins, Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE

Doutor em Administração de Empresas pela Universidade de Fortaleza, Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco, Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Católica de Pernambuco. Professor e pesquisador da Universidade Federal Rural de Pernambuco – CODAI/UFRPE.

Referências

ALLEN, A. MacIntyre’s traditionalism. The Journal of Value Enquiry, v. 31, n. 4, p. 511-525, 1997.

ALVESSON, M.; DEETZ, S. Teoria crítica e abordagens pós-modernas para estudos organizacionais. In: CLEEG, S.; HARDY, C.; NORD, W. R. (Org.). Handbook de Estudos Organizacionais. V. 1, São Paulo: Atlas, 1998.

ALVESSON, M.; WILLMOTT, H. On the idea of emancipation in management and organization studies. Academy of Management Review, v. 17, n. 3, p. 432-464, 1992.

ANTONELLO, C. S.; GODOY, A. S. Uma agenda brasileira para estudos em aprendizagem organizacional. Revista de Administração de Empresas – RAE, v. 49, n. 3, p. 266-281, 2009.

ANTONELLO, C. S.; RUAS, R. Formação gerencial: pós-graduação latu senso e o papel das comunidades de prática. In: ENCONTRO DA ANPAD, 26., 2002, Salvador. Anais... Salvador, 2002.

AZAMBUJA, S.; ANTONELLO, C. As práticas de trabalho e o processo de aprendizagem de trabalhadores da construção civil à luz da estética organizacional. Revista Brasileira de Gestão e Inovação. v. 2, n. 1, p. 1-30, 2014.

AZEVEDO, D. Aprendizagem organizacional e epistemologia da prática: um balanço de percurso e repercussões. Revista Interdisciplinar de Gestão Social – RIGS, v. 2, n. 1, p. 35-55, 2013.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2004.

BEADLE, R.; MOORE, G. MacIntyre, neo-aristotelianism and organization theory. Philosophy and Organization Theory (Research in the Sociology of Organizations), v. 32, p. 85-121, 2011.

BEADLE, R.; MOORE, G. MacIntyre on virtue and organization. Organization Studies, v. 27, n. 3, p. 323-340, 2006.

BELLAH, R. N. A nova consciência religiosa e a crise na modernidade. Religião e Sociedade, v. 13, n. 2, p. 18-37, 1986.

BENJAMIN, W. El Narrador: para una crítica de la violencia y otros ensaios. Iluminaciones IV. Madri: Taurus, 1991.

BERGER, P. L.; LUCKMAN, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 2001.

BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação. Tradução Maria João Alvarez, Sara Bahia dos Santos e Telmo Mourinho Baptista. Porto: Porto Editora, 1994.

BOJE, D. M.; ALVAREZ, R. C.; SCHOOLING, B. Reclaiming story in organization: narratologies and action science. In: WESTWOOD, R.; LINSTEAD, S. (Org.). The language of organization, Londres: Sage, 2001. p. 132-175.

BORGES, C. Os fundamentos ontológicos da ética das virtudes de Alasdair MacIntyre: uma abordagem a partir do conceito de “prática social”. In: SEMANA ACADÊMICA DO PPG EM FILOSOFIA DA PUC – RS, 2011, Porto Alegre – RS. Anais... Porto Alegre – RS, 2011. p. 263-274.

BRUGNERA, N. Tradição e Relativismo Moral em Alasdair MacIntyre. 179 p. Tese (Doutorado em Filosofia) – Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Santa Maria, RS, 2015.

BURRELL, G. Modernism, postmodernism and organizational analysis 2: the contribution of Michel Foucault. Organization Studies, v. 9, n. 2, p. 221-235, 1988.

BURRELL, G. Modernism, postmodernism and organizational analysis 4: the contribution of Jürgen Habermas. Organization Studies, v. 15, n. 1, p. 1-19, 1994.

BURRELL, G.; MORGAN, G. Sociological Paradigms and Orgnaizational Analysis: elements of the Sociology of Corporate Life. Londres: Heinemann, 1979.

BREWER, K. B. Management as a practice: a response to Alasdair MacIntyre. Journal of Business Ethics, v. 16, n. 8, p. 825-833, 1997.

BROWN, J. S.; DUGUID, P. Organizational learning and communities of practice: Toward a unified view of working, learning and innovation. Organization, v. 2, n. 1, p. 40-57, 1991.

CARDOSO, F. A Teoria das Virtudes de Alasdair MacIntyre. 142 p. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte-MG, 2010.

CARVALHO, H. B. A. Tradição e Racionalidade na Filosofia Moral de Alasdair MacIntyre. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte-MG, 1997.

CLEGG. S. R.; HARDY, C. Introdução: organização e estudos organizacionais. In: CLEGG, S. R.; HARD, C.; NORD, W. R. (Org.). Handbook de estudos organizacionais, v. 1, São Paulo: Atlas, 1998.

COOPER, R. Modernism, postmodernism and organizational analysis 3: an introduction. Organization Studies, v. 10, n. 4, p. 479-502, 1994.

COOPER, R.; BURRELL, G. Modernism, postmodernism and organizational analysis: an introduction. Organization Studies, v. 9, n. 1, p. 91-112, 1998.

COOPER, R.; BURRELL, G. Modernismo, pós-modernismo e análise organizacional: uma introdução. In: CALDAS, M. P.; BERTERO, C. O. (Org.). Teoria das Organizações. São Paulo: Atlas, 2007.

COOPER, R.; LAW, J. Organization: distal and proximal views. Research in the Sociology of Organizations, v. 13, p. 237-274, 1995.

DAMASCENO, M. M. Tradição, razão e verdade na Filosofia moral de Alasdair MacIntyre. 97 p. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE, 2010.

DELEUZE, G. O Mistério de Ariana. Lisboa: Ed. Veja: Passagens, 1996.

DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (Org.). Handbook of qualitative research. 4. ed. Londres: Sage Publications, 2011.

DOBSON, J. Alasdair MacIntyre’s Aristotelian Business Ethics: a critique. Journal of Business Ethics, v. 86, p. 43-50, 2009.

DORMER, P. The art of the maker. Londres: Thames and Hudson Ltd., 1994.

EASTERBY-SMITH, M. Disciplines of organizational learning: contributions and critiques. Human Relations, v. 50, n. 9, p. 1085-1113, 1997.

ELKJAER, B. Em busca de uma teoria de aprendizagem social. In: EASTERBY-SMITH, M.; BURGOYNE, J.; ARAUJO, L. (Org.) Aprendizagem Organizacional e organização de aprendizagem: desenvolvimentona teoria e na prática. São Paulo: Atlas, 2001. p. 100-118.

ENGESTRÖM, Y. Activity theory as a framework for analyzing and redesigning work. Ergonomics, v. 43, n. 7, p. 960-974, 2000.

EWENSTEIN, B.; WHITE, J. Beyond words: aesthetic knowledge and knowing in organizations. Organization Studies, v. 28, n. 5, p. 689-708, 2007.

FERNANDO, M.; MOORE, G. MacItyrean Virtue Ethics in Business: A Cross-Cultural Comparison. Journal of Business Ethics, v. 132, p. 185-202, 2015.

FIGUEIREDO, M. D. Como se define maestria? Reflexões sobre corporeidade, habilidade e identidade profissional a partir do artesanato. In: ENCONTRO DA ANPAD, 38., 2014, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, 2014. p. 1-16.

FONTENELE, T. L. R. O conceito de educação na filosofia moral de Alasdair MacIntyre. Revista Interdisciplinar de Filosofia e Educação, n. 4, p. 48-63, 2010.

FONTENELE, T. L. R. Os pressupostos de uma ética das virtudes na filosofia de Alasdair MacIntyre: práticas, narrativas de vida e tradição. 93 p. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Universidade Federal da Paraíba – UFPB, João Pessoa – PB, 2012.

FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. São Paulo: Graal, 2006.

GEIGER, D. Revisiting the Concept of Practice: Toward an Argumentative Understanding of Practicing. Management Learning, v. 40, n. 2, p. 129-144, 2009.

GHERARDI, S. Knowing as desiring: mythic knowledge and the knowledge journey in communities of practioners. Journal of Workplace Learning, v. 15, n. 7/8, p. 352-358, 2003.

GHERARDI, S. Introduction: the critical power of the ‘practice lens’. Management Learning, v. 40, n. 2, p. 115-128, 2009.

GHERARDI, S. Prática? É uma questão de gosto! Revista Interdisciplinar de Gestão Social – RIGS, v. 2, n. 1, p. 107-124, 2013.

GHERARDI, S.; NICOLINI, D. The sociological foundations of organizational learning. In: DIERKES, M. et al. (Org.). The Handbook of organizational learning and knowledge. Oxford: Oxford University Press, 2001. p. 35-60.

GHERARDI, S.; NICOLINI, D.; ODELLA, F. Toward a social understanding of how people learn in organizations: the notion of situated curriculum. Management Learning, v. 29, n. 3, p. 273-297, 1998.

GHERARDI, S.; NICOLINI, D.; STRATI, A. The passion for knowing. Organization, v. 14, n. 3, p. 315-329, 2007.

GHERARDI, S.; STRATI, A. Administração e aprendizagem na prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

HALLIDAY, L.; JOHNSSON, M. C. A macintyrian perspective on organizational learning. Management learning, v. 41, n. 1, p. 37-51, 2010.

HASSARD, J.; PARKER, M. Postmodernism and Organization Analysis. Londres: Sage, 1993.

HOLT, R. Principals and practice: rethoric and the moral character of managers. Human Relations, v. 59, n. 12, p. 1659-1680, 2006.

HORVATH, C. Excellence v. effectiveness: MacIntyre’s critique of business. Journal of Business Quaterly, v. 5, n. 3, p. 499-532, 1995.

KAVANAGH, D. Problematizing practice: MacIntyre and management. Organization, v. 20, n. 1, p. 103-115, 2013.

KEMPSTER, S.; JACKSON, B.; CONROY, M. Leadership as purpose: exploring the role of purpose in leadership practice. Leadership, v. 7, n. 3, p. 317-334, 2011.

KNORR-CETINA, K. Epistemic Cultures: how the sciences make knowledge. Cambridge: Harvard University Press, 1999.

LAVE, J.; WENGER, E. Situated learning: legitimate peripheral participation. Cambridge: Cambridge University Press, 1991.

LYNN, A. MacIntyre, Managerialism, and Metatheory: Organizational Theory as an Ideology Control. Journal of Critical Realism, v. 16, n. 2, p. 1-20, 2017.

MACHADO, J. A. L. A dinâmica moral em MacIntyre: o conflito das racionalidades. 142 p. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR, 2012.

MACINTYRE, A. Praxis and Action. Review of Methaphysics, v. 25, n. 4, p. 737-744, 1972.

MACINTYRE, A. After Virtue: A Study in Moral Philosophy. Notre Dame: University of Notre Dame Press, 1981.

MACINTYRE, A. Moral, Rationality, Tradition and Aristotle: A Replay to O. O’Neill, R. Gaita and R. L. Clark. Inquiry, v. 26, n. 4, p. 447-466, 1983.

MACINTYRE, A. The Claims of After Virtue. Analyse & Kritik, v. 6, n. 1, p. 3-7, 1984.

MACINTYRE, A.Three Rival Versions of Moral Enquiry. Londres: Duckworth, 1990.

MACINTYRE, A. Practical rationalities as social structures. In. KNIGHT, K. (Org.). The MacIntyre reader. Notre Dame: University of Notre Dame Press, 1998. p. 210-135.

MACINTYRE, A. Depois da virtude: um estudo em teoria moral. Bauru: Edusc, 2001.

MACINTYRE, A. Justiça de quem? Qual racionalidade? (Tradução de Marcelo Pimentel Marques), São Paulo: Loyola, 2010a.

MACINTYRE, A. Danish Ethical Demands and French Common Goods: Two Moral Philosophies. European Journal of Philosophie, v. 18, n. 1, p. 1-16, 2010b.

MANGHAM, L. MacIntyre and the Manager. Organization, v. 2, n. 2, p. 181-204, 1995.

MARQUES, M. R. Alasdair MacIntyre e a defesa da concepção de pesquisa racional nas tradições morais. Argumentos, v. 1, n. 1, p. 23-27, 2009.

MOORE, G.; BEADLE, R. In Search of Organizational Virtue in Business: Agents, Goods, Practices, Institutions and Enviroments. Organization Studies, v. 27, n. 3, p. 369-389, 2006.

MOORE, G.; GRANDY, G. Bringing morality back in: Institutional Theory and MacIntyre. Journal of Management Inquiry, v. 26, n. 2, p. 146-164, 2016.

OVEREEM, P.; THOLEN, B. After Managerialism: MacIntyre’s lessons for the study of Public Administration. Administration & Society, v. 43, n. 7, p. 722-748, 2011.

ORLIKOWSKI, W. J. Sociomaterial practices: exploring technology at work. Organizations Studies, v. 28, n. 9, p. 1435-1438, 2007.

RECKWITZ, A. Toward a theory of social practices: a development in culturalist theorizing. European Journal of Social Theory, v. 5, n. 2, p. 243-263, 2002.

REED, M. Teorização organizacional: um campo historicamente contestado. In: CLEGG, S. R.; HARD, C.; NORD, W. R. (Org.). Handbook de estudos organizacionais, v. 1, São Paulo: Atlas, 1998.

RESE, N. et al. A análise de narrativas como metodologia possível para os Estudos Organizacionais sob a perspectiva da estratégia como prática: “uma estória baseada em fatos reais”. In: ENCONTRO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS DA ANPAD, 6., Florianópolis. Anais... 2010.

SCHATZKY, T. Introduction. Practice Theory. In: SCHATZKI, T.; KNORR-CETINA, K.; VON SAVIGNY, E. (Org.). The Practice Turn in Contemporary Theory. Londres; Nova Iorque: Routledge, 2001. p. 1-14.

STRATI, A. Organization and aesthetics. Londres: Sage, 1999.

STRATI, A. Sensible knowledge and practice-based learning. Management Learning, v. 38, n. 1, p. 61-77, 2007a.

STRATI, A. Organização e Estética. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007b.

TAYLOR, C. Sources of the self: the making of the modern identity. Cambridge: Havard University Press, 1989.

TSOUKAS, H. The firm as a distributed knowledge system: a constructionist approach. Strategic Management Journal, v. 17, p. 11-25, 1996.

TSOUKAS, H.; CHIA, R. On organizational becoming: rethinking organizational change. Organization Science, v. 13, n. 5, p. 567-582, 2002.

Downloads

Publicado

2019-04-22

Como Citar

Martins, D. F. V. (2019). A Perspectiva da Moral na Aprendizagem da Prática do Artesanato de Barro Figurativo no Alto do Moura. Revista Interdisciplinar De Gestão Social, 8(1). Recuperado de https://periodicos.ufba.br/index.php/rigs/article/view/26656

Edição

Seção

Contribuição Teórica