EXERCÍCIO DA VIGILÂNCIA NO ATLÂNTICO SUL

o caso do Frei Antonio Caldeira

Authors

  • João Guilherme Veloso Andrade dos Santos Universidade Federal da Bahia
  • Alícia Duhá Lose

DOI:

https://doi.org/10.9771/rhufba.v10i2.52398

Abstract

Os papéis do secreto, como eram chamados os documentos do Santo Ofício, em razão da obrigação de se manter segredo do trâmite inquisitorial, foram e continuam sendo uma valiosa fonte para pesquisas em diversas áreas. O presente trabalho é fruto de um projeto de pesquisa na área das Humanidades Digitais, que visa capacitar o programa Transkribus na transcrição automatizada de documentos manuscritos em língua portuguesa. O corpus documental escolhido é composto por uma seleção de papéis do secreto da Inquisição de Lisboa, instituição responsável também pela vigilância no Atlântico sul. Uma das etapas do trabalho é a transcrição da documentação inquisitorial. Neste momento, este tipo fonte é um caminho privilegiado para acessar diversos grupos ignorados por outras instituições. A inquisição, ao perseguir os hereges e desviantes, preservou suas memórias. Este trabalho visa trazer luz sobre as culpas de um desses desviantes,  Frei Antonio Caldeira, preso por ordem do bispo da Bahia, D. Pedro da Silva de Sampaio (1634-1649) por, entre outros crimes, manter amizade com os holandeses hereges, que estavam na altura da prisão do frei, a recortar o império católico. O Bispo, ex-inquisidor de Lisboa, encaminhava as culpas para o Santo Ofício, onde hoje constam em um Caderno do Promotor da Inquisição de Lisboa. O acesso às fontes pelo trabalho com o programa Transkribus, possibilitou o estudo mais aprofundado desta personagem, que nos fornece maior entendimento sobre o complexo período das guerras holandesas no Nordeste açucareiro, sobre o exercício da vigilância no atlântico sul, neste caso, a partir da igreja diocesana.

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Published

2022-12-30