Músicos negros no tecido social de Salvador na primeira metade do século XIX
DOI:
https://doi.org/10.9771/rhufba.v11i1.60985Abstract
Diversos viajantes deixaram suas impressões acerca da musicalidade marcada pela presença de músicos negros na América Portuguesa e, posteriormente, no Império do Brasil. Causava-lhes estranheza os negros tocarem violão, flauta ou clarineta, produzindo sons, no mínimo, ensurdecedores pelas ruas das cidades. Outro conjunto documental, entretanto, aponta que, para além desta presença negra produzindo sonoridade nas ruas, estes homens e seus instrumentos ocupavam outros espaços como os templos católicos fazendo a música “de dentro” da Igreja, garantindo deste modo, a execução virtuosa da música sacra em festas, missas e ritos fúnebres. Assim, a nossa proposta de investigação assenta-se na análise das experiências e dinâmicas sociais experenciadas por estes indivíduos negros, crioulos e pardos (cativos, livres e libertos), que puderam, enquanto músicos, viver do próprio talento. Importa, ainda, compreender de que modo foi possível o exercício do ofício da arte da música nos espaços e lugares em Salvador na primeira metade do Oitocentos.