CINEMA, NARRATIVA E MEMÓRIA DA ÚLTIMA DITADURA ARGENTINA
a História Oficial (1985)
DOI:
https://doi.org/10.9771/rhufba.v10i2.52384Abstract
Os cinemas dos países latino-americanos que sofreram a experiência das ditaduras assumiram um papel central na elaboração da memória sobre o período. O filme de ficção, em particular, se torna útil para refletir a noção de representação, permitindo ao historiador ver sobre o imaginário social, a complexidade de representações e projetos estéticos-ideológicos. Nessa relação dialética entre cinema e memória, a lembrança do passado será associada às construções sociais realizadas no presente.
Este trabalho pretende comentar as interseções entre história, cinema e memória no estudo da última ditadura argentina (1976-1983) a partir do filme La Historia Oficial (1985), analisando a forma como a obra encenou o período ditatorial e o tema dos desaparecidos políticos, de que forma ele se relaciona com aspectos socio-culturais do pós-ditadura e que sentidos produz nas – e também é produzido por – disputas pelas memórias acerca da última ditadura no país. Com esta análise buscamos ir além da crítica tradicional do filme como conciliador e propor uma outra compreensão, entendendo a presença de elementos que remetem à teoria dos dois demônios como parte de uma leitura de época nos anos 1980.