Expropriação financeira: limites teóricos e possibilidades do conceito de Costas Lapavitsas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/rene.v16i2.55841

Resumo

O crescente relacionamento entre o sistema financeiro e indivíduos e famílias, fenômeno que ficou particularmente exposto após a Crise de 2007, motivou diversos debates sobre a financeirização do capitalismo. Dentro do campo marxista, Costas Lapavitsas propôs o conceito de expropriação financeira para explicar a apropriação sistemática de lucros a partir dos rendimentos da classe trabalhadora. Este artigo tem como objetivo sintetizar e desenvolver as principais críticas realizadas à tese de Lapavitsas, a partir de autores marxistas e do próprio referencial teórico marxiano, visando avançar no debate sobre o movimento de reprodução do capital na economia contemporânea.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AMARAL, M. S. A dominância mundial do capital fictício e suas especificidades no capitalismo dependente latino-americano. In: Colóquio Internacional Marx e o Marxismo. Niterói: NIEP-Marx, 2017.

ASSIS, R. L. M. d. Expropriação financeira, crédito consignado e contrarreforma da previdência: elos da financeirização. Argumentum, v. 9, n. 3, p. 52–64, 2017.

ATTÍLIO, L. A. Trabalho e consumo no século XXI. Cadernos de Ciências Sociais Aplicadas, v. 15, n. 25, 2018.

BRETTAS, T. Capitalismo dependente, neoliberalismo e financeirização das políticas sociais no Brasil. Temporalis, v. 17, n. 34, p. 53–76, 2017.

CALLINICOS, A. Bonfire of illusions: the twin crises of the liberal world. Cambridge, Malden: Polity Press, 2010.

CARCANHOLO, M. D. (Im)Precisões sobre a categoria superexploração da força de trabalho. In: ALMEIDA FILHO, N. (Ed.). Desenvolvimento e dependência: cátedra Ruy Mauro Marini. Rio de Janeiro: IPEA, 2013. p. 71–97.

CHESNAIS, F. Finance capital today: corporations and banks in the lasting global slump. Leiden & Boston: Brill, 2016.

CHOONARA, J. Financial times. International Socialism, n. 142, 2014.

CHRISTOPHERS, B. The limits to financialization. Dialogues in Human Geography, v. 5, n. 2, p. 183–200, 2015.

DOS SANTOS, P. L. On the content of banking in contemporary capitalism. Historical Materialism, v. 17, n. 2, p. 180–213, 2009.

FINE, B. Locating financialisation. Historical Materialism, v. 18, n. 2, p. 97–116, 2010.

FONTES, V. O Brasil e o capital-imperialismo. Rio de Janeiro: EPSJV, UFRJ, 2010.

GONTIJO, C.; OLIVEIRA, F. A. d. Subprime: Os 100 dias que abalaram o capital financeiro mundial e os efeitos da crise sobre o Brasil. Belo Horizonte: [s.n.], 2011.

GUAY-BOUTET, C. The financialization of Quebec student debt and the theory of monetary circuit: a case for a reinterpretation? Studies in Political Economy, v. 99, n. 3, p. 285–306, 2018.

HÖFIG, B. Debt in the world of value: the constitution of riskiness and the development of personal credit in the US. 2019. Universidade de Londres: [s.n.], 2019.

KARACIMEN, E. Interlinkages between credit, debt and the labour market: evidence from Turkey. Cambridge Journal of Economics, v. 39, n. 3, p. 751–767, 2015.

LAPAVITSAS, C. Financialised capitalism: crisis and financial expropriation. Historical Materialism, v. 17, n. 2, p. 114–148, 2009.

LAPAVITSAS, C. Profiting without producing: how finance exploits us all. Londres, Nova York: Verso, 2013.

LAPAVITSAS, C.; SOYDAN, A. Financialisation in developing countries: approaches, concepts, and metrics. International Review of Applied Economics, v. 36, n. 3, p. 424–447, 2022.

LEITE, L. O capital no mundo e o mundo do capital: uma reinterpretação do imperialismo a partir da teoria do valor de Marx. Tese (Doutorado) — Programa de Pós-Graduação em Economia, Universidade Federal Fluminense, 2017.

LUXEMBURGO, R. A acumulação de capital: estudo sobre a interpretação econômica do imperialismo. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1970.

MACHEDA, F. The role of pension funds in the financialisation of the Icelandic economy. Capital & Class, v. 36, n. 3, p. 433–473, 2012.

MALTA, M. James Steuart: as questões heterodoxas de um economista político conservador. Nova Economia, v. 19, n. 3, p. 509–535, set-dez. 2009.

MARX, K. Teorias da mais-valia: história crítica do pensamento econômico, v. I. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.

MARX, K. Grundrisse – manuscritos econômicos de 1857–1858: esboços da crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, 2011.

MARX, K. O Capital: crítica da economia política – livro I: o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo, 2013.

MARX, K. O Capital: crítica da economia política – livro III: o processo global da produção capitalista. São Paulo: Boitempo, 2017.

MIKUŠ, M. Contesting household debt in Croatia: the double movement of financialization and the fetishism of money in Eastern European peripheries. Dialectical Anthropology, v. 43, p. 295–315, 2019.

NORFIELD, T. Capitalist production good, capitalist finance bad. 2014. Disponível em: <https://economicsofimperialism.blogspot.com/2014/01/capitalist-production-good-capitalist.html>. Acesso em: 12 mar. 2023.

NORFIELD, T. The City: London and the global power of finance. London, New York: Verso, 2016.

PRADO, E. F. S. Era da finança, mas não do “sujeito automático”. 2014. Disponível em: <https://eleuterioprado.blog/2018/09/14/era-da-financa-ma-nao-do-sujeito-automatico/>. Acesso em: 12 mar. 2023.

ROSEMAN, S. R. Unemployment and labor migration in rural Galicia (Spain). Dialectical Anthropology, v. 37, n. 3–4, p. 401–421, 2013.

SWEEZY, P. The theory of capitalist development. New York and London: Monthly Review, 1942.

VIDAL, L. The politics of creditor-debtor relations and mortgage payment strikes: the case of the Uruguayan Federation of Mutual-Aid Housing Cooperatives. Environment and Planning A, v. 50, n. 6, p. 1189–1208, 2018.

Downloads

Publicado

2023-11-24

Como Citar

Ferraz Raposo, B. (2023). Expropriação financeira: limites teóricos e possibilidades do conceito de Costas Lapavitsas. Nexos Econômicos, 16(2), 167–190. https://doi.org/10.9771/rene.v16i2.55841