As teorias do valor trabalho incorporado (fisiológico) e abstrato (como relação social) coexistem
DOI:
https://doi.org/10.9771/rene.v16i1.55222Resumo
Quando Marx transformou o socialismo utópico em ciência (conforme a terminologia empregada por Engels), ele criou um argumento singular em favor da teoria do valor trabalho. Por um lado, ele explicava que trabalho não cria naturalmente valor em todo e qualquer modo de produção. Por outro lado, ele permitia continuar com o exercício de equiparação quantitativa entre diferentes valores de uso com base no tempo de trabalho, sendo ele aplicável a qualquer formação socioeconômica. Essa duplicidade aparentemente contraditória é explicada pela tese de que a teoria do valor trabalho incorporado (fisiológico) e a teoria do valor trabalho abstrato (como relação social) coexistem. As características dessa coexistência são exploradas neste artigo junto com um esquema ilustrativo que destaca que a teoria estreita dos clássicos e dos socialistas utópicos está completamente contida na teoria mais geral de Marx.
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