A gig economy como vetor da mercadorização: conceitos e evidências da realidade espanhola

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/rene.v15i1.50836

Resumo

As plataformas digitais progressivamente consolidam-se como agentes na organização do trabalho, notadamente a variação denominada gig economy. Mostra-se como esse conceito descreve um universo heterogêneo cujas subdivisões apresentam significativas distinções em relação à forma e ao conteúdo do trabalho. O contexto econômico em que surgem essas plataformas é marcado por sua estreita relação com os desenvolvimentos mais recentes nas tecnologias da informação e comunicação, ampla disponibilidade de financiamento e farto contingente de pessoas sujeitas a trabalhar via arranjos flexíveis de trabalho. Estruturam-se em diferentes tipos de assimetria que desembocam em um trabalho cada vez mais pautado unicamente pelos princípios de mercado. As evidências indicam como isso se traduz em um controle mais eficiente sobre o processo de trabalho, do ponto de vista da empresa, bem como acarretam implicações na instabilidade das condições de trabalho, pela ótica do trabalhador.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABILIO, L. C. Uberização: do empreendedorismo para o autogerenciamento subordinado. Psicoperspectivas, v. 18, n. 3, nov. 2019.

BARCELONA. Juzgado de lo social no 31 de Barcelona. No de Resolución 193/2019, 2019.

BERG, J. Income security in the on-demand economy: findings and policy lessons from a survey of crowdworkers. Conditions of work and employment series, ILO, Geneva, n. 74, 2016.

DE STEFANO, V. The rise of the “just-in-time workforce”: on-demand work, crowdwork and labour protection in the “gig-economy”. Conditions of work and employment series, ILO, Geneva, n. 71, 2016.

DEGRYSE, C. Digitalisation of the economy and its impact on labour markets. [S.l.]: ETUI, 2016.

FILGUEIRAS, V. A.; ANTUNES, R. Plataformas digitais, uberização do trabalho e regulação no capitalismo contemporâneo. Contracampo, v. 39, n. 1, p. 27–43, abr-jul. 2020.

FRASER, N. Fortunes of feminism: from state-managed capitalism to neoliberal crisis. New York: Verso, 2013.

FRASER, N. Can society be commodities all the way down? Post-Polanyian reflections on capitalist crisis. Economy and Society, v. 43, n. 4, p. 541–558, 2014.

FRIEDMAN, G. Workers without employers: shadow corporations and the rise of the gig economy. Review of Keynesian Economics, v. 2, n. 2, p. 171–188, 2014.

GOODWIN, T. The battle is for the customer interface. 2015. Disponível em: <https://techcrunch.com/2015/03/03/in-the-age-of-disintermediation-the-battle-is-all-for-the-customer-interface/>. Acesso em: 08, abr. 2018.

HARRIS, S.; KRUEGER, A. A proposal for modernizing labor laws for twenty-first century work: the “independent worker”. Discussion Paper, The Hamilton Project, n. 2015.10, 2015.

HEEKS, R. Digital economy and digital labour terminology: making sense of the “gig economy”, “online labour”, “crowd work”, “microwork”, “platform labour”, etc. Working Paper, Centre for Development Informatics, n. 70, 2017a.

HEEKS, R. Decent work and the digital gig economy: a developing country perspective on employment impacts and standards in online outsourcing, crowdwork, etc. Working Paper, Centre for Development Informatics, n. 71, 2017b.

HUWS, U. Logged labour: a new paradigm of work organisation? Organisation, Labour & Globalisation, v. 10, n. 1, p. 7–26, 2016.

LAVAL, C. A uberização é uma extensão da racionalidade empreendedora: entrevista com Christian Laval. 2019. Disponível em: <https://digilabour.com.br/2019/10/04/a-uberizacao-e-uma-extensao-da-racionalidade-empreendedora-afirma-laval/>. Acesso em: 05, set. 2022.

LINS, V. F.; SILVA, A. O. As reformas trabalhistas no mundo: a flexibilização no tempo de trabalho e na remuneração como vetor de precarização. Cadernos do CEAS: Revista crítica de humanidades, n. 248, p. 481–513, dez. 2019.

MADRID. Juzgado de lo social no 19 de Madrid. No de Resolución 188/2019, 2019a.

MADRID. Juzgado de lo social no 33 de Madrid. No de Resolución 53/2019, 2019b.

MARVIT, M. How crowdworkers became the ghosts in the digital machine. 2014. Disponível em: <https://www.thenation.com/article/archive/how-crowdworkers-became-ghosts-digital-machine/>. Acesso em: 09, abr. 2020.

MASTERCARD; KAISER ASSOCIATES. The global gig economy: capitalizing on a ˜$500B opportunity. 2019. Disponível em: <https://newsroom.mastercard.com/wp-content/uploads/2019/05/Gig-Economy-White-Paper-May-2019.pdf>. Acesso em: 12, fev. 2020.

POLANYI, K. The great transformation: the political and economic origins of our times. Boston: Beacon Press, 2001.

SCHMIDT, F. Digital labour markets in the platform economy: mapping the political challenges of crowd work and gig work. 2017. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/314719905_Digital_Labour_Markets_in_the_Platform_Economy_Mapping_the_Political_Challenges_of_Crowd

_Workand_Gig_Work>. Acesso em: 14, fev. 2020.

SRNICEK, N. Platform capitalism. Cambridge: Polity, 2017.

STANDING, G. Labor recommodification in the global transformation. In: BUGRA, A.; AGARTAN, K. (Ed.). Reading Karl Polanyi for the twenty-first century: market economy as a political project. New York: Palgrave Macmillan, 2007.

VALENCIA. Juzgado de lo social no 6. No de Resolución 244/2018, 2018.

WITTGENSTEIN, L. Philosophical investigations. Oxford: Basil Blackwell, 1986.

WOOD, A. et al. Good gig, bad gig: autonomy and algorithmic control in the global gig economy. Work, Employment and Society, v. 33, n. 1, p. 56–75, fev. 2019a.

WOOD, A. et al. Networked but commodified: the (dis)embeddedness of digital labour in the gig economy. Sociology, v. 53, n. 5, p. 931–950, out. 2019b.

Downloads

Publicado

2022-10-04

Como Citar

Lins, V. (2022). A gig economy como vetor da mercadorização: conceitos e evidências da realidade espanhola. Nexos Econômicos, 15(1), 109–134. https://doi.org/10.9771/rene.v15i1.50836

Edição

Seção

Artigos