Revista Completa

Authors

  • Equipe Editorial O&S Universidade Federal da Bahia, UFBA

Abstract

O artigo que abre a seção Tema central, intitulado Teorias organizacionais e materialismo histórico, é assinado por Claudio Roberto Marques Gurgel e Agatha Justen Gonçalves Ribeiro. O texto procura desenvolver um dos elementos-chave do marxismo: os nexos entre as formações teóricas e o desenvolvimento do capitalismo. Especificamente, os autores apresentam considerações sobre a relação entre os estágios do avanço do capitalismo norte-americano e o desenvolvimento das principais teorias organizacionais. A análise culmina numa instigante determinação, segundo a qual o desenvolvimento cíclico do capitalismo requer uma unidade científica que combina elementos da economia, administração, psicologia, política e filosofia. Explicita-se, assim, a complexa articulação entre as formações ideais e as relações materiais, algo de importância singular para dos estudos de inclinação marxista.

 

O segundo artigo é contribuição de Daniel Lacerda, denominado Overcoming Dichotomies through Space: the Contribution of Dialectical Materialism to Organization Studies. O artigo busca desenvolver a abordagem dialética da produção histórica do espaço como uma espécie detertium datur entre o realismo e o idealismo no enfrentamento dos problemas sociológicos. Seguindo a tradição marxista da geografia humanista – que inclusive tem recebido considerável audiência nas últimas décadas –, o texto apresenta a centralidade as categorias “espaço’ e ‘tempo’ para uma consequente análise organizacional. Num diálogo, sobretudo, com David Harvey, Henri Lefebvre e Milton Santos, arma-se a contribuição ao estudo das organizações como produtos históricos e momentos sociais em contextos espaciais mais amplos. O texto é emblemático por indicar a capacidade de autocrítica que está contida no marxismo e o potencial de desenvolvimento à luz das categorias concretas em tela.

 

Na sequência aparece o artigo Dos antagonismos na apropriação capitalista da água à sua concepção como bem comum assinado por Rafael Kruter Flores e Maria Ceci Misoczky. Texto muito emblemático e de ligação concreta com os recentes momentos críticos vividos no Brasil, traz aos leitores as relações entre a apropriação capitalista da água como momento da produção do valor e a dinâmica da luta de classes. Não se compreenderia adequadamente o problema da apropriação da água fora desses marcos. A posição central do texto é, assim, a de que a determinação da água como bem comum nasce das lutas sociais travadas na própria lógica da apropriação capitalista da água, condicionando potencialmente os modos de gestão dos recursos hídricos.É mérito também do texto ter retomada Marx diretamente e em larga medida, mostrando que embora o Mouro não tenha desenvolvido suficientemente a questão, suas ideias seguem sendo fundamentais para a compreensão da apropriação do valor durante a produção dos recursos naturais e de necessidade vital, como a água.

 

O quarto artigo assinado por Diogo Henrique Helal, denominado Mérito, Reprodução Social e Estratificação Social: apontamentos e contribuições para os estudos organizacionais, busca um fértil diálogo com a sociologia de inclinação marxista. O texto sustenta a participação ativa das organizações na produção e reprodução das desigualdades sociais. Daí que o tema merece destaque por haver um pequeno desenvolvimento dos estudos sobre a estratificação social na Administração e nos Estudos Organizacionais em particular. Um dos méritos do texto, além do resgate de importante literatura sobre a estratificação social, recoloca as organizações em meio aos processos pulsantes da desigualmente, contribuindo para a desmistificação desses espaços apresentados, com muita frequência, como algo à parte dessas contradições sociais.

 

O último texto, intitulado Desenvolvimento e dependência no Brasil nas contradições do Programa de Aceleração do Crescimento, segue assinado por Priscilla Borgonhoni Chagas, Cristina Amélia Carvalho e Fábio Freitas Schilling Marquesan. A contribuição dos autores está, sobretudo, no diálogo com a teoria da dependência para analisar criticamente o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Não obstante a aparência de que o PAC seja expressão de um modelo de desenvolvimento que combina autonomia nacional e integração ao mercado mundial, o texto sinaliza para as determinações que se escondem atrás dessa forma de manifestação. Ao se inserir internacionalmente de modo dependente, reproduz os mesmos padrões de desenvolvimento mas por mediação de particularidades, dando o caráter de um tipo novo de extrativismo. A possibilidade dessa argumentação é dada pelos méritos da teoria da dependência que consegue capturar o processo mundial do capitalismo e a precisa posição das economias subordinadas nessa dinâmica global.

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Published

2015-04-01

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1.
O&S EE. Revista Completa. Organ. Soc. [Internet]. 2015Apr.1 [cited 2024Nov.22];22(73). Available from: https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/13280

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