UM 'ESTRANHO’ ENCONTRO EM BISHKEK
O COMUNISMO-QUEER ENTRE A CRÍTICA MARXISTA E O PÓS-ESTRUTURALISMO BUTLERIANO
DOI:
https://doi.org/10.9771/revdirsex.v1i2.42194Palavras-chave:
LGBTQIAPN , Teoria crítica, Comunismo QueerResumo
O presente trabalho é oriundo de exercício de diálogo entre duas diferentes perspectivas: a primeira, mais próxima de nosso horizonte e trajetória de pesquisa, consiste na teoria crítica de base primariamente marxista; e a segunda trata-se de uma crítica de recorte pós-estruturalista, inspirada principalmente na obra de Judith Butler. Busca-se, portanto, realizar um exercício de deslocamento do pertencimento teórico e um enriquecimento de nosso ponto de partida por meio do diálogo com pensamentos que operam em outros registros. Portanto, abordamos esse debate de uma maneira abstrata no início do artigo. De modo mais concreto, posterorimente, pretendemos realizar a tarefa de pensar o diálogo acima assinalado a partir de um exercício de deslocamento categorial que consideramos muito instigante: trata-se da proposta do comunismo-queer, elaborada no seio da ShTAB, a Escola de Teoria e Ativismo de Bishkek, organização política LGBTQIA+ localizada na capital do Quirguistão e cuja prática teórico-política tenta sintetizar as duas correntes críticas que protagonizam o diálogo que tentamos esboçar.
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