ETIOLOGIA DA PORNOGRAFIA INFANTIL: UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A (CYBER)PEDOFILIA

Autores

  • Kalita Macêdo Paixão

DOI:

https://doi.org/10.9771/revdirsex.v1i1.36861

Resumo

Em contexto de graves violações e demanda de expansão de aparatos jurídicos-institucionais de proteção, o artigo trata de um estudo qualitativo a partir de dados de investigação criminal coletados junto à Polícia Federal da Bahia, destacando organização criminosa para fins de pornografia infantil com recorte temporal de 2017 a 2019. Através do estabelecimento de premissas originárias da conduta-crime, discorremos a respeito da incidência dessa lesão aos direitos sexuais de vulneráveis no espaço cibernético. Tal delimitação materializa o uso do aparelhamento acadêmico como promotor do desenvolvimento científico, vertente crítica e educativa, no que tange à efetividade dos meios combativos. Traz abordagem multidisciplinar voltada à adaptabilidade das normas jurídicas em relação às formas criminológicas contemporâneas. Objetiva a compreensão dos elementos descritivos e críticos essencialmente envolvidos na produção e consumo da pornografia infantil através do método dialético de forma qualitativa ex-post-facto exploratória. Como procedimentos, envolve coleta de dados dentro e fora de campo e realiza recorte epistemológico e teórico sob as lentes de gênero. A pesquisa empírica revela a necessidade interpretação feminista de sua incidência e da incorporação de políticas públicas efetivas através deste mesmo engajamento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BAILEY, Frederick George. The tactical uses of passions. Ithaca and London, Cornell University Press, 1983.

BALBINOTTI, Cláudia. A violência sexual infantil intrafamiliar: a revitimização da criança e do adolescente vítimas de abuso. Direito & Justiça. Porto Alegre, v. 35, n. 1, p. 5-21, jan./jun. 2009. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fadir/article/download/8207/5894, acesso em: 27/07/2019.

BERISTAIN, Antônio. Nova Criminologia a luz do Direito Penal e da Vitimologia. Editora UNB, 2000 – 1° Edição.

BIRMAN, Joel. Inocência roubada. Revista Superinteressante, n.176, p. 39-46, maio 2002.

BRIDGES, A. J., WOSNITZER, R., SCHARRER, E., SUN, C., & LIBERMAN, R. Aggression and sexual behavior in best-selling pornography videos: A content analysis update. Violence against Women, 16, 2010, p. 1065–1085. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/db43/7a7a4a975603690bd5921286c7831b487d10.pdf, acesso em: 12/08/2019.

CANEZIN, Claudete; PEROZIM, Ana Carolina. Do Crime de Abuso Sexual Praticado Contra Crianças e Adolescentes e Depoimento Sem Dano. Revista IOB de Direito de Família. Ano 11, n.57 (dez./jan. 2010)

CARVALHO, Salo de. Anti-manual de Criminologia. São Paulo: Saraiva, 2015.

CAVALCANTI, Vanessa Ribeiro Simon. Violência(s) sobreposta(s): Contextos, tendências e abordagens num cenário de mudanças. In: DIAS, Isabel (Org.). Violência doméstica e de gênero: Uma abordagem multidisciplinar. Lisboa: Pactor, 2018, v. 1, pp. 97-122.

CAVALCANTI, Vanessa Ribeiro Simon & SILVA, Antonio Carlos. Diálogos abertos e Teoria Crítica: por uma “aventura emancipatória”. Revista Dialética, vol. 6, junho de 2015, pp. 66-78.

CAVALCANTI, Vanessa Ribeiro Simon & SILVA, Antonio Carlos. Em que ponto estamos: urgências, emergências e pautas de educação e direitos humanos. In: Flávio Romero Guimarães, Paulla Christianne da Costa Newton, Ricardo dos Santos Bezerra. (Org.). Direitos Humanos: Desafios e perspectivas no mundo contemporâneo. Campina Grande: Editora da Universidade Estadual da Paraíba/Realize, 2018, v. 1, pp. 98-108.

D’ABREU, Lylla Cysne Frota. Pornografia, desigualdade de gênero e agressão sexual contra mulheres. Psicol. Soc., Belo Horizonte, v. 25, n. 3, p. 592-601, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822013000300013&lng=en &nrm=iso, acesso em: 06/08/2019.

DUFOUR, Dany-Robert. A Cidade Perversa - Liberalismo e Pornografia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013 – 1ª ed.

ESTEVAO, Carlos V.. Democracia, justiça e direitos humanos: ‘pontos cegos’ do discurso humanista na era dos mercados. Rev. Port. de Educação, Braga, v. 26, n. 2, p. 179-203, 2013. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-91872013000200009&lng=pt&nrm=iso, acesso em 29/10/2019.

FERREIRA, Laís Pires. A Proteção da Criança ou Adolescente Vítima de Abuso Sexual como justificativa para Flexibilização da Regra Impeditiva da Adoção por Avós. Tese (Graduação em Direito) – Faculdade Baiana de Direito, Salvador. 2017.

FERREIRA, Mariana da Silva. Pedofilia: Aspectos Etiológicos. Tese (Pós-Graduação Latu Sensu em Sexualidade Humana) – FMUSP, São Paulo. 2015.

FREUD, Sigmund. (1856-1939) Totem e Tabu: algumas concordâncias entre a vida psíquica dos homens primitivos e a dos neuróticos. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2013 – 1ª ed.

FREUD, Sigmund. (1901-1905) Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: Obras psicológicas completas: Edição Standart Brasileira. Vol. VII. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

GRANGEIA, Mario Luis. Três parcerias do Ministério Público com ONGs: novos diálogos entre Estado e sociedade. Política & Sociedade. v. 12, n. 23. 2013. p. 67-95.

INSTITUTO BRASILEIRO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Estupro no Brasil: Uma Radiografia Segundo os Dados da Saúde. Brasília: IPEA n° 11, 2014.

KEULS, Eva.The Reign of the Phallus: Sexual Politics in Ancient Athens. New York: Harper & Row, 1985.

LACAN, J. (1988). O Seminário: Livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar. (Seminário proferido em 1964).

LEVY, Pierre. 2009. Cibercultura. São Paulo: Editora 34.

LOWENKRON, Laura. Abuso sexual infantil, exploração sexual de crianças, pedofilia: diferentes nomes, diferentes problemas? Revista Latinoamericana Sexualidad, Salud y Sociedad. Rio de Janeiro: Centro Latinoamericano em Sexualidad y Deretchos Humanos, n° 5, 2010, p.9-29.

LOWENKRON, Laura. O monstro contemporâneo: notas sobre a construção da pedofilia como "causa política" e "caso de polícia". Cad. Pagu, Campinas, n. 41, p. 303-337, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332013000200016&lng =en&nrm=iso, acesso em 20/09/2019.

MCDOUGALL, Joyce. Las mil y una caras de Eros. Buenos Aires: Ed. Paidós, 1998.

MENEZES, Mariana Risério Chaves de. Juventudes, representações e tecnologias: uma etnografia acerca da exploração da imagem feminina na cibercultura. 2018. 124. Dissertação. (Mestrado em Família na Sociedade Contemporânea) - Universidade Católica do Salvador - UCSAL, Salvador, 2018.

MENEZES, Mariana Risério Chaves de; CAVALCANTI, Vanessa Ribeiro Simon. Mulher jovem e a cibercultura: liberdade, subordinação e reminiscências patriarcais no meio virtual. Ex Aequo (Oeiras). v. 35, p. 33-47, 2017.

MIRANDA, Rafael Martins de.; SANTO, Eniel do Espírito. Abordagem neuropsicológica do abuso sexual: conhecendo o que está por trás do predomínio de gênero do abusador. Revista Saúde e Desenvolvimento. v. 1 – N° 1, P. 86-106, 2012.

MOLTEDO, C.; MIRANDA, M. Protegiendo los deretchos de nuestros niños y ninãs: prevención del maltrato y el abuso sexual em el espacio escolar: manual de apoyo para professores. Santiago, Chile: Edición Fundación de la Familia & Ministério de la Justicia, 2004.

MURIBECA, Maria das Mercês Maia; PEREIRA, Wagner da Matta. Quando o lobo e o cordeiro perdem a pele: a psicanálise na escuta da pedofilia. Cogito, Salvador, v. 14, p. 24-28, nov. 2013. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S 1519-94792013000100006&lng=pt&nrm=isso, acesso em 29/10/2019.

NASCIMENTO, Hilda Angélica de Lucas. A Criança como Vítima de Crime. IN: SÉGUIN, Elida (Org.). Aspectos Jurídicos da Criança. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001.

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal – Parte Geral – Parte Especial. Revista dos Tribunais, 2011 – 7ª ed.

PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de psiquiatria forense, civil e penal. São Paulo: Atheneu Editora, 2003.

PISCITELLI, Adriana. Recriando a (categoria) mulher? In: ALGRANTI, L. (Org.). A prática feminista e o conceito de gênero. Textos Didáticos, n. 48. Campinas: IFCH/Unicamp, 2002, p. 7-42.

ROSSI, Rafael. Criminalidade e Pornografia: O caso Ted Bundy. 2016. Disponível em: http://vicioempornografiacomoparar.com/3256-2/, acesso em 14/06/2019.

SAFFIOTI, Heleiete. 2004. Gênero, Patriarcado, Violência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo.

SANTO, Kleber Assunção do Espírito. Crimes Cibernéticos. Tese (Universidade Tuiuti do Paraná). Curitiba, 2015.

SILVA, Salete Maria. Feminismo Jurídico: (des)conhecido e (des)necessário? SINTAJ, Bahia. 2018. Disponível em: https://sintaj.org/artigo/feminismo-juridico-desconhecido-e-desnecessario/, acesso em: 29/10/2019.

TOREZAN, Zeila C. Facci; AGUIAR, Fernando. O sujeito da psicanálise: particularidades na contemporaneidade. Rev. Mal-Estar Subj., Fortaleza, v. 11, n. 2, p. 525-554, 2011. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482011000200004&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 29 out. 2019.

TSANG, Teresa. How Pedophile Culture Has Affected How We See Beauty - (Why do grown women want to feel and look like they did when they were younger?). Odyssey, 2015. Disponível em: https://www.theodysseyonline.com/pedophile-culture, acesso em 29/05/2019.

VIEIRA, Priscila Mugnai; MATSUKURA, Thelma Simões; VIEIRA, Camila Mugnai. Políticas públicas e educação sexual: percepções de profissionais da saúde e da educação. Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis, Florianópolis, v. 14, n. 3, p. 69-87, set. 2017. ISSN 1807-1384. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/interthesis/article/view/1807-1384.2017v14n3p69, acesso em: 24/10/2019.

WEIGERT, Mariana de Assis Brasil; CARVALHO, Salo de. Criminologia feminista com criminologia crítica: perspectivas teóricas e teses convergentes. Revista Direito e Práxis, Ahead of Print, Rio de Janeiro, 2019.

Downloads

Publicado

2023-07-18

Como Citar

PAIXÃO, K. M. ETIOLOGIA DA PORNOGRAFIA INFANTIL: UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A (CYBER)PEDOFILIA. Revista Direito e Sexualidade, Salvador, v. 1, n. 1, 2023. DOI: 10.9771/revdirsex.v1i1.36861. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/revdirsex/article/view/36861. Acesso em: 18 jul. 2024.