Da rejeição à arte contemporânea para a guerra cultural (Nathalie Heinich)
DOI:
https://doi.org/10.9771/pcr.v15i1.47381Palavras-chave:
Arte contemporânea; Guerras culturais; Nathalie Heinich; Rejeição à arteResumo
Apresentação do texto
Nathalie Heinich é uma socióloga francesa com extensa trajetória nos estudos da recepção em arte, com especial interesse pelas situações de desacordo na avaliação das obras pelos públicos. Sua atuação profissional inclui a direção de pesquisas no CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique) e na EHESS (École des Hautes Etudes en Sciences Sociales), ambas instituições referenciais na França. As investigações da autora abrangem a sociologia da arte, a epistemologia das ciências sociais e a sociologia dos valores, com notáveis incursões pela instância receptiva das artes visuais e, em especial, pelos conflitos axiológicos emergidos da relação das audiências não especializadas com a produção artística contemporânea, em contextos nacionais como a França e os Estados Unidos. O texto aqui traduzido resulta de um trabalho de campo realizado por ela, em 1996, na Costa Leste dos EUA, tendo sido originalmente publicado no volume Rethinking Comparative Cultural Sociology: Repertoires of Evaluation in France and the United States (2000), organizado por Michèle Lamont e Laurent Thévenot. Destacam-se, nas análises de Heinich, as especificidades das formas de rejeição à arte contemporânea nesses dois países, com a significativa coincidência, no caso norte-americano, entre as reações de repúdio à arte e as agendas morais e cívicas próprias às “guerras culturais”.
Resumo do texto
Estudo comparativo entre os ambientes culturais francês e norte-americano, o texto adota como viés analítico as várias formas de rejeição às artes visuais contemporâneas. O cotejo testado revela, todavia, diferenças inconciliáveis tanto no que se refere aos instrumentos de aferição usados nesses países como no que diz respeito à natureza dos valores mobilizados por públicos contrariados. Focado nos valores movimentados por audiências leigas, o estudo evidencia os contrastes entre os modos mais discretos e subjetivos das refutações na França, além da raridade de sua figuração na arena pública, e as controvérsias midiatizadas e politicamente informadas das “guerras culturais” norte-americanas. Apesar das discrepâncias, uma tipologia de matriz axiológica derivada de casos registrados nesses países permite a confrontação das realidades.
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