A nova idade das trevas: a Escola de Frankfurt e o “politicamente correto”
DOI:
https://doi.org/10.9771/pcr.v15i1.48384Keywords:
MARXISMO CULTURALAbstract
“A nova idade das trevas” é um artigo de Michael Minnicino de 1992 originalmente publicado na revista “Fidelio” ligada ao movimento LaRouche. Ele é frequentemente considerado pelos estudiosos como a fonte original da ideia de “marxismo cultural” —ainda que a expressão não apareça no texto. Publicamos o artigo na sessão “documentos” como um registro histórico do nascimento de um conceito duradouro que vai orientar as guerras culturais contra o progressismo “politicamente correto”. Segundo a tese, a nova esquerda teria se organizado a partir da escola de Frankfurt (os filósofos e cientistas sociais que se reuniam em torno do Instituto de Pesquisa Social) substituindo a luta política por uma luta cultural. Embora tenha nascido no movimento LaRouche –uma corrente política liderada por Lyndon LaRouche, que tinha uma pequena penetração no Partido Democrata americano –a tese logo é adotada pela nova direita e se dissemina rapidamente, sendo reproduzida com muitas variantes no discurso dos conservadores. Em 2011, o ativista norueguês de extrema-direita Anders Breivik mata 58 jovens do Partido dos Trabalhadores que acampavam na ilha de Utøya. Ele deixa um manifesto chamado “Uma declaração europeia de independência” que, logo na introdução, cita o artigo de Minnicino. Michael Mninicino –que, neste momento tinha se afastado do movimento LaRouche –publica então a seguinte declaração: “A organização LaRouche é um culto completamente dominado pela personalidade profundamente paranóica e mesquinha do Sr. LaRouche e por suas teorias de conspiração mal informadas sobre a ciência, a filosofia e a história. Houve (e provavelmente ainda há) membros dessa organização que buscam a verdade. Infelizmente, a livre investigação real é impossível dentro da organização: muitas conclusões ou linhas de pesquisa possíveis devem ser descartadas consciente ou inconscientemente por causa de "pensamentos" anteriores de LaRouche sobre o assunto. O mesmo acontece com o meu trabalho sobre a Escola de Frankfurt enquanto estive na organização. Ainda gosto de pensar que algumas de minhas pesquisas foram validamente conduzidas e úteis. No entanto, vejo muito claramente que todo o empreendimento –e especialmente as conclusões –foi irremediavelmente deformado pela autocensura e pelo desejo de apoiar de alguma forma a visão de mundo lunática do Sr. LaRouche. Então, nesse sentido, não mantenho o que escrevi, e acho lamentável que ainda seja lembrado. Também devo observar que, ao longo dos anos, meus escritos publicados sobre cultura foram citados, bem como descaradamente plagiados, por um amplo e estranho grupo de autores, desde ditadores comunistas (o próprio Fidel Castro!), passando por conspiracionistas de esquerda e direita, chegando aos neonazistas. Breivik é a mais trágica e recente adição a esta lista. Sinto algum consolo pelo fato de que, com Jefferson e Gandhi, sou apenas uma das centenas de citações que ele usou para apoiar sua tese monstruosa.” O artigo é publicado aqui com autorização do Instituto Schiller e a tradução é de Cássia Zanon.
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