Políticas de patrimônio e herança cultural

algumas observações sobre espoliação e restituição de bens culturais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/pcr.v15i2.48844

Palavras-chave:

Políticas de patrimônio; herança cultural; colonialidade; restituição.

Resumo

Este ensaio é parte de uma pesquisa em andamento que procura investigar a restituição dos bens culturais retirados no contexto da colonização. Trata-se de analisar a constituição do regime internacional de proteção e restituição do patrimônio cultural, seus princípios, limites e possibilidades, tendo em vista casos emblemáticos de processos restitutivos realizados a partir da década de 1990 e suas narrativas dentro das políticas de patrimônio, especificamente na relação de Portugal com as suas duas principais ex-colônias: Angola e Brasil. Este será o caminho argumentativo para problematizar a visão ocidental e sua apropriação da herança dos povos subalternizados pelo processo colonial, considerando a hipótese de pesquisa da restituição como demanda legítima de identidade e memória coletiva. Abordamos a emergência das narrativas de atribuição de valor patrimonial e suas implicações nas políticas culturais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Amanda Coutinho, Pós-cultura UFBA

Pós-doutoranda do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Referências

ABRANCHES, Henri. Identidade e património cultural. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1989.

ANDERSON, Benedict. As promessas do Estado-nação para o início do século. In: HELLER, Agnes et al. A crise dos paradigmas em ciências sociais e os desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Contraponto, 1999. p. 155-170

APPIAH, Kwame Anthony. Cultura, comunidade e cidadania. In: HELLER, Agnes [et al.]. A Crise dos paradigmas em ciências sociais e os desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Contraponto, 1999. P. 219-250

BARROS, José Márcio. (Org.) Diversidade cultural da proteção à promoção. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

BESTERMAN, Tristam. Crossing the Line: Restitution and Cultural Equity. In TYTHACOTT, L; ARVANITIS, K. Museums and restitution: new practices, new approaches. Londres: Ashgate, 2014.

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2019.

BORGES, Luiz Carlos; BOTELHO, Marilia Braz. Museus e restituição patrimonial - entre a coleção e a ética. XI Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação Inovação e inclusão social: questões contemporâneas da informação. Rio de Janeiro, 2010.

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1992.

BRANDÃO, Aivone C. O museu na aldeia: comunicação e transculturalismo (o Museu Missionário Etnológico Colle Don Bosco e a aldeia Bororo de Meruri em diálogo). Tese apresentada ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2003.

CARLTON, Katherine. Native American material heritage and the digital age: “virtual repatriation” and its implications for community knowledge sharing”. (Dissertação de Mestrado). Universidade de Michigan, 2010.

CHOAY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio. Tradução Luciano Vieira Machado. São Paulo: Estação Liberdade/Unesp, 2001.

CHOAY, Françoise. O patrimônio em questão: antologia para um combate. Belo Horizonte: Fino Traço, 2011.

COUGO JUNIOR, Francisco Alcides. A patrimonialização cultural de arquivos no Brasil. Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2020.

FANON, Frantz. Pele negra, máscara branca. Salvador: EDUFBA, 2008.

GIDDENS, Anthony (org). Modernização reflexiva. São Paulo: Unesp, 1995.

GONÇALVES, José Reginaldo dos Santos. O patrimônio como categoria de pensamento. In: ABREU, Regina; CHAGAS, Mario. Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

HARRISON, Rodney. Heritage: Critical Approaches. Nova Iorque: Routledge, 2013.

HARTOG, François. Patrimônio e presente In: Regimes de historicidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2014. P. 193-260

HOBSBAWM, Eric e RANGER, Terence. (Org.) A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.

HOUTONDJI, Paulin J. (Org.). O antigo e o moderno: a produção do saber na África contemporânea. Luanda: Edições Pedago, 2012.

JOY, Charlotte. Arte africana em museus do ocidente é patrimônio e não herança. Nexo Jornal, 2 de Março de 2019.

LEWIS, Geoffrey. Universal Museums: The Universal Museum: a Special Case? ICOM News. V.1: 3, 2004.

MATOS, Inês Carvalho. Os objetos artísticos e a integração da epopeia marítima portuguesa na identidade civilizacional europeia: uma reflexão transdisciplinar. In RIBEIRO, Rita (et. al.). A Europa no mundo e o mundo na Europa: crise e identidade. E-book, 2017.

MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona, 2017.

MOULEFERA, Tayeb. Algeria. Museum: return and restitution of cultural property. Paris: Unesco, Vol. 31, ano 1, 1979.

MOUTINHO, Mario C. Definição evolutiva de sociomuseologia. XIII Atelier Intenacional do MINOM, Lisboa/Setúbal, 2007.

MUDIMBE, Valentin. A Invenção da África. Indianápoles: Indiana 1989.

MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

PETERS, Robert. Complementary and alternative mechanisms beyond restitution: An interestoriented approach to resolving international cultural heritage disputes. Tese de Doutorado. European University Institute. Florença, Itália, 2011.

PERALTA, Elsa; ANICO, Marta (Org). Patrimónios e Identidades: ficções contemporâneas. Oeiras: Celta Editora, 2006.

PROTT, Lyndel V. Witnesses to History: a compendium of documents and writings on the return of cultural objects. Paris: Unesco, 2009.

ROEHRENBECK, Carol A. Repatriation of Cultural Property – Who Owns the Past? An Introduction to Approaches and to Selected Statutory Instruments. International Journal of Legal Information. Vol. 38: Issue 2, Article 11, 2010.

RORTY, Richard. Acerca do etnocentrismo: uma réplica a Clifford Geertz. In: ______. Objetivismo, relativismo e verdade. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2002. p. 271-280.

RUBIM, Antônio Albino Canelas. Políticas Culturais no Brasil: tristes tradições, enormes desafios. RUBIM, Antônio Albino Canelas e BARBALHO, Alexandre (Org.). Políticas culturais no Brasil. Salvador: EdUFBA, 2007. p. 11-36.

SANÉ, Pierre. Reivindicações articuladas (e contestadas) de reparação dos crimes da história, a propósito da escravidão e do colonialismo, por ocasião da conferência de Durban. Genebra: Unesco, 2002.

SAVOY, Bénédicte; SARR, Felwine. The Restitution of African Cultural Heritage. Toward a New Relational Ethics. Paris: Ministério da Cultura da França, 2018.

THOMPSON, Analucia. Coleções etnográficas e patrimônio indígena. XXVII Simpósio Nacional de História: Conhecimento histórico e diálogo social. Natal, 2013.

TRINDADE, Júlia Coelho Ferreira. Restituição de bens patrimoniais em Portugal: Da década de 1980 à actualidade. Dissertação de Mestrado em História e Patrimônio. Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2018.

UNESCO. Comitê Intergovernamental para a Promoção do Retorno dos Bens Culturais aos seus Países de Origem ou sua Restituição em caso de Apropriação Ilícita. Paris: Unesco, 1978.

VICENTE, Álex. Devolução dos tesouros africanos coloca em alerta os museus etnográficos. El país. Dezembro de 2018.

ZANIRATO, Silvia Helena. Usos sociais do patrimônio cultural e natural. UNESP v. 5, n.1, p. 137-152 - São Paulo, 2009.

Downloads

Publicado

2023-06-04

Como Citar

Severino, J. R., & P. Coutinho de Cerqueira, A. (2023). Políticas de patrimônio e herança cultural: algumas observações sobre espoliação e restituição de bens culturais . Políticas Culturais Em Revista, 15(2), 229–249. https://doi.org/10.9771/pcr.v15i2.48844