A doméstica de Magé
uma arquitetura em oito atos
DOI:
https://doi.org/10.9771/lj.v2i0.58352Palavras-chave:
Trabalhadora doméstica, arquitetura, Magé, cotidiano, corpoResumo
Este ensaio busca construir uma leitura do espaço metropolitano a partir das narrativas do cotidiano de oito domésticas negras, moradoras de Magé, que trabalham como empregadas domésticas em casas dos bairros ricos do Rio de Janeiro. Em particular, essa leitura permitiu observar tanto o papel infraestrutural de certos elementos da arquitetura na construção desse cotidiano – a arquitetura funciona como um dispositivo ordinário, um fundo aparentemente neutro e natural sobre o qual profundas relações de poder herdadas do período colonial se manifestam – quanto certas inter-relações fundamentais entre as memórias dessas mulheres, seus corpos em travessia, seus sonhos e a história da cidade onde habitam. O artigo apresenta essas observações através de oito tempos fundamentais, extraídos das oito entrevistas: um dia comum, que de três em três horas denuncia e entrelaça os corpos na diáspora, o tempo que não tem início nem fim e os territórios herdados.