Cabo Verde entre mundos
território, ambiente e narrativas em disputa
DOI:
https://doi.org/10.9771/lj.v2i0.58347Palavras-chave:
Cabo Verde, África, identidade, mapas, sustentabilidadeResumo
Das representações invisibilizadas nos mapas coloniais à subalternização na produção de sentidos na atualidade, este texto discorre sobre as dificuldades dos países pobres em alçar sua autonomia, em suas múltiplas faces, na geopolítica internacional. Da dominação colonial à sujeição ao capital internacional, do ponto de vista dos países africanos, só foram alterados, quando muito, os atores dominantes. Porém, permanece a relação de opressão. A manutenção da excessiva influência do Norte nos países do Sul (não casualmente, antigas colônias) em termos econômicos, políticos e culturais, o que perpétua a lógica colonizadora. Propondo um debate a partir do desgastado termo “sustentabilidade”, o texto avança a partir dos mapas, com a Europa no centro, para o discurso ambientalista construído pelos países ricos. Mantendo a centralidade da produção de sentido no Norte Global, tais países seguem impondo suas perspectivas a realidades geo-históricas bastante distintas. Contudo, Cabo Verde tem se esforçado para se posicionar criticamente nesse contexto, como mostram alguns trabalhos artísticos recentes, com destaque, aqui, para Cape Verde Social [un] Sustainability, de 2010, do coletivo XU, e, uma década depois, Água(s), Produção de Territórios e Imaginários, do projeto Storia na Lugar. Ambos expõem o modo como grupos econômicos internacionais, no mundo todo, deflagram uma forte concorrência para acessar a recursos primários necessários à industrialização e ao consumo, solapando territórios e comunidades nos países pobres. Em paralelo, um largo contingente populacional permanece sem atendimento de suas necessidades básicas, numa geopolítica bastante evidente: é nos países pobres que estão os maiores impactos ambientais provocados pelo capitalismo.