Luto e Melancolia num mundo em transformação: O tema da Vanitas na música italiana do século XVII

Resumo

Em torno de 1650 difundiu-se na Europa ocidental um gênero de representação pictórica que a historiografia da arte reagrupou sob a designação Vanitas, ou Vaidade, decriptando praticamente todos os símbolos que a constituem. Nesta modalidade de natureza morta podemos ver, acumulados sobre uma mesa, objetos simbólicos tais como flores já murchas, vela ao se apagar, ampulhetas ou clepsidras – testemunhos da fugacidade do tempo; uma caveira remetendo � nossa finitude; objetos ostentatórios e jóias – advertência sobre a vaidade da riqueza; mitra e púrpura episcopal – denúncia do caráter ilusório do poder; livros e instrumentos musicais – símbolos do caráter vão do conhecimento e mesmo da arte. Estes objetos, representados com perfeição de detalhes e envolvidos numa atmosfera melancólica tecem um verdadeiro discurso sobre a fugacidade da vida humana, sobre a precariedade do mundo manifesto, nos incitando � reflexão e � meditação.