A LUTA DAS MULHERES NA CLASSE OPERÁRIA DURANTE A DITADURA EMPRESARIAL-MILITAR
DOI:
https://doi.org/10.9771/rf.v11i2.57402Palavras-chave:
ditadura militar, classe operária, feminismo, mulheres, reconhecimentoResumo
A história da classe operária em luta por seus direitos durante a ditadura empresarial-militar (1964 – 1988) no Brasil é predominantemente contada nas narrativas oficiais por uma perspectiva masculina supostamente agenerificada, convertendo-se em universal uma história dos homens. Nos anos mais recentes, contudo, a história das mulheres operárias tem sido contada e construída por algumas autoras e, seguindo essa via, o presente artigo tem como objetivo explicar os fatores específicos de mobilização de mulheres operárias durante a ditadura. Tomando por base a interseccionalidade dos marcadores sociais da diferença de classe e de gênero, bem como a teoria do reconhecimento e, a partir de Judith Butler, com sua proposta de uma política de alianças, buscar-se-á compreender a cidadania feminina como manifestação de uma resistência insurgente no que se refere aos padrões da própria resistência operária à ditadura.
Downloads
Referências
ALVES, Maria Helena Moreira. Estado e oposição no Brasil (1964-1984). Petrópolis: Vozes, 1987.
ANJOS, Júlia; RODRIGUES, Carla. Luto, precariedade e o lugar do feminino: entrevista com Carla Rodrigues. Revista Eco-Pós, v.25, n. 2, p.238-258, 2022.
BRASIL MULHER. Disponível em: https://acervo.fpabramo.org.br/index.php/jornal-brasil-mulher. Acesso em 9 out. 2023.
BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de assembleia. Tradução de Fernanda Siqueira Miguens. Rio de janeiro: Civilização brasileira, 2018a.
______. Quadros de guerra: Quando a vida é passível de luto? Trad. De Sérgio Tadeu de Niemeyer Lamarão e Arnaldo Marques da Cunha. 5ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018b.
CARVALHO, Nara; LEMOS, Tayara. Cidadania feminina: participação e representação política em meio às (in)flexões democráticas no Brasil. In: BIELSCHOWSKY, Raoni Macedo; CASTRO, Felipe Araújo; SANTOS, Maria Clara Santos (Orgs.). Crises da democracia: fissuras, impasses e perspectivas. Mossoró: Edufersa, 2021.
CODATO, Adriano. O processo decisório de política econômica na ditadura militar brasileira e o papel das Forças Armadas. Conferência proferida no Laboratório de Estudos sobre Militares e Política/UFRJ, 2005. Disponível em https://lemp.historia.ufrj.br/wp-content/uploads/2019/07/O_processo_decisorio_de_politica_economica.pdf. Acesso em: 13 out. 2023.
COLLING, Ana Maria. A resistência da mulher à ditadura militar no Brasil. Rio de Janeiro: Record-Rosa dos Tempos, 1997.
CONSELHO DO PROJETO MEMÓRIA DA OSM-SP. Investigação operária: Empresários Militares e pelegos contra os trabalhadores. São Paulo: IIEP – Oposição Sindical metalúrgica de São Paulo, Projeto Memória, 2014.
DELLAMORE Batista Scarpelli, Carolina. Forjando lideranças: comportamentos políticos e atuação no sindicato dos metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem durante a ditadura militar (1964-1985). Belo Horizonte: Tese de doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais, FAFICH, 2019.
DREIFUSS, René Armand. 1964: a conquista do Estado; ação política, poder e golpe de classe. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1981.
FERREIRA, Elizabeth Fernandes Xavier. Mulheres, militância e memória. Rio de janeiro: Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1996. Disponível em: http://objdig.ufrj.br/72/teses/188048.pdf. Acesso em: 8 out. 2023.
FRASER, Nancy. Rethinking Recognition, New Left Review, 3, p. 107-120, 2000.
________. Reconhecimento sem ética?. Lua nova, 70, p. 101-138, 2007.
FURTADO, C. O Brasil pós-“milagre”. 8.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
GORENDER, Jabob. Combate nas trevas. A esquerda brasileira: das ilusões perdidas à luta armada. 3. ed. São Paulo: Ática, 1987
GUEDES, Wallace Andrioli. Roberto Farias e a lógica do duplo-pensar no caso da censura ao filme Pra frente, Brasil. In: Revista Topoi, Rio de Janeiro, v. 15, n. 28, p. 187-208, jan./jun. 2014. Acesso em 6 out. 2023.
HANISCH, Carol. The personal is political, 1969. Disponível em: http://www.carolhanisch.org/CHwritings/PersonalIsPol.pdf. Acesso em 12 out. de 2023.
HIRATA, Helena, LOBO, Elizabeth; GITAHY, Leda; MOISÉS, Rosa. Operárias, sindicalização e reivindicações: 1970-1980. Revista de Cultura e Política, São Paulo, n. 8, p. 90-116, jun. 1982.
HOLSTON, J. Cidadania insurgente: disjunções da democracia e da modernidade. Tradução de Cláudio Carina. São Paulo: Cia das Letras, 2013.
HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. Tradução de Luiz Repa. São Paulo: Editora 34, 2009.
MARQUES. Ana Maria; ZATTONI, Andreia Marcia. Feminismo e Resistência: 1975 – o centro da mulher brasileira e a revista veja. In: História Revista, Goiânia, v. 19, n. 2, 2014.
Mulheres. Memórias da Ditadura, [s.d]. Disponível em: https://memoriasdaditadura.org.br/mulheres/. Acesso em: 9 out. 2023
NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2014.
NEVES, Magda de Almeida. Trabalho e Cidadania: as trabalhadoras de Contagem. Petrópolis: Vozes, 1994.
NETTO, José Paulo. Pequena história da ditadura brasileira (1964-1985). São Paulo: Cortez, 2014.
PEREIRA, Anthony. Ditadura e repressão: o autoritarismo e o estado de direito no Brasil, no Chile e na Argentina. Trad. Patrícia de Queiroz Carvalho Zimbres. São Paulo: Paz e Terra, 2010.
PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. Trad. Angela Corrêa. São Paulo: Contexto, 2007.
PINTO, Celi Regina Jardim. O que as teorias do reconhecimento têm a dizer sobre as manifestações de rua em 2013 no Brasil. In: Revista Sociedade e Estado, v. 31, n. especial 30 anos (1986-2016)., p. 1071-1091, 2016.
QUINALHA, Renan. Contra a moral e os bons costumes: A ditadura e a repressão à comunidade LGBT. São Paulo: Cia das Letras, 2021.
QUINALHA, Renan; LEMOS, Tayara. O neoliberalismo do tempo presente e a urgência de uma justiça de transição pós-neoliberal. Projeto História, São Paulo, v. 77, pp. 157-180, Mai.-Ago., 2023.
SCOTT, Joan. Os usos e abusos do gênero. In: Revista Projeto História, São Paulo, n. 45, pp. 327-351, Dez. 2012.
______. SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, v. 20, n. 2. jul./dez 1995.
SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. História do Direito do Trabalho no Brasil: Curso de Direito do Trabalho, v. I, parte II. São Paulo: LTr, 2017.
SOUZA, Miliandre Garcia de. Cinema novo: a cultura popular revisitada. In História: Questões & Debates, Curitiba, n. 38, p. 133-159, 2003.
RAGO, Margareth. Trabalho feminino e sexualidade. In: DEL PRIORE, Mary (org.). História das mulheres no Brasil. 10. ed. São Paulo: Contexto, 2018, p. 578-606.
ROVAI, Marta Gouveia de Oliveira. A greve no masculino e no feminino: Osasco 1968. São Paulo: Letra e Voz, 2014.
SOUZA-LOBO, Elizabeth. A Classe trabalhadora tem dois sexos. 3. ed. São Paulo: Fundação Perseu Abramo e Expressão Popular, 2021.
TELES, Maria Amélia. O protagonismo de mulheres na luta contra a ditadura militar. Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos. Bauru, v. 2, n. 2, p. 9-18, jun. 2014.
______. Breve história do feminismo no Brasil e outros ensaios. São Paulo: Alameda, 2017.
TELES, Amelinha; LEITE, Rosalina Santa Cruz. Da Guerrilha à imprensa feminista: a construção do feminismo pós-luta armada no Brasil (1975-1980). São Paulo: Intermeios, 2013.
FONTES DOCUMENTAIS
Arquivo Público Mineiro Fundo Departamento de Ordem Política Social (Dops/MG)
Pasta 0016. Fundo DOPS. Arquivo Público Mineiro, p. 94.
Pasta 0905. Fundo DOPS. Arquivo Público Mineiro. p.1-5.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autoras/es que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autoras/es mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
2. Autoras/es têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autoras/es têm permissão e são estimuladas/os a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.