UMA ANÁLISE CRÍTICA DISCURSIVA DOS EFEITOS DE SENTIDO DO DISCURSO DO FEMINISMO NEGRO NA SÉRIE “COISA MAIS LINDA”
DOI:
https://doi.org/10.9771/rf.v11i2.57254Palavras-chave:
Feminismo Negro, Análise Crítica do Discurso, Coisa Mais Linda, NetflixResumo
Objetiva-se compreender os efeitos de sentidos produzidos no discurso das personagens Adélia e Maria Luíza da série original da Netflix “Coisa mais linda”. Como instrumental teórico e metodológico, utilizou-se a Análise Crítica do Discurso, à luz dos pressupostos de Van Dijk. Pôde-se depreender por meio da pesquisa empreendida que, no Brasil, os sujeitos, que passam grande parte de seus dias consumindo ideologias propagadas pela mídia, reproduzem diversas formas de preconceito, em um reforço às formas de opressão das denominadas elites simbólicas. No entanto, é possível afirmar que o contrário também pode ser feito, visto que tanto os discursos racistas e machistas quanto os antirracistas e feministas vão se (re) construindo ao longo do tempo na sociedade. Nesse sentido, conclui-se que, ainda que a série em questão se trate de uma ficção, o microuniverso do enredo se assemelha com a vida cotidiana, de modo que são encenados discursos que no real cotidiano são propagados e replicados.
Downloads
Referências
ALVAREZ, Sonia E. Para além da sociedade civil: reflexões sobre o campo feminista. Cadernos pagu, n. 43, p.13-56. 2014.
ARAUJO, Nayra Veras de; LIMA, Antônia Jesuíta de. Melucci e Tarrow: Revisão teórica sobre movimentos sociais. Revista Em Pauta: teoria social e realidade contemporânea, vº 7, nº25, 2010.
BONFIM, Paula. A constituição da Moral Brasileira. In: Conservadorismo Moral e Serviço Social: a particularidade da formação moral brasileira e sua influência no cotidiano de trabalho dos assistentes sociais. Rio de Janeiro: Lumem Juris, 2015.
BORGES, Lize. Mãe solteira não. Mãe solo! Considerações sobre maternidade, conjugalidade e sobrecarga feminina. Revista Direito e Sexualidade. Nº. 1, p. 1-23. 2020.
CALDWELL, Kia Lilly. Mulheres negras, militância política e justiça social no Brasil. Revista Gênero. v. 8, n.1, p.53-69. 2007.
CARNEIRO, Sueli. Gênero e raça. In: Cristina Bruschini e Sandra G. Unbehaum (orgs). Gênero, democracia e sociedade brasileira. São Paulo: 2002.
CISNE, Mirla; SANTOS, Silvana Mara Moraes dos. Feminismo, diversidade sexual e serviço social [livro eletrônico] / Mirla Cisne; Silvana Mara Moraes dos Santos. 1 ed – São Paulo: Cortez, 2021
CRENSHAW, Kimberlé. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: A Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory and Antiracist Politics. The University of Chicago Legal Forum. n. 140 p.139-167, 1989.
DAMASCO, Mariana Santos. Feminismo negro: raça, identidade e saúde reprodutiva no Brasil (1975-1996). 2009. 159 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós- Graduação em História das Ciências e da Saúde, Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, Rio de Janeiro – RJ, 2009.
ENGELS, Friedrich. Barbárie e Civilização. In: A origem da família, da propriedade privada e do estado [recurso eletrônico]: em conexão com as pesquisas de Lewis H. Morgan / Friedrich Engels; tradução Nélio Schneider. - 1. ed. - São Paulo: Boitempo, 2019.
GONZÁLEZ, Lélia. E a trabalhadora negra, cumé que fica?. Jornal Mulherio. Ano 2, nº 7.1982.
GONZÁLEZ, Lélia. “Racismo e sexismo na cultura brasileira”. Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, p. 223-244. 1984.
GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Como trabalhar com "raça" em sociologia. Educação e Pesquisa, v.29, n.1, p. 93-107, 2003.
HOOKS, Bell. Mulheres negras: moldando a teoria feminista. Revista Brasileira de Ciência Política, nº16, pp. 193-210. 2015.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil. Estudos e Pesquisas - Informação Demográfica e Socioeconômica - n.41. 2018.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA E APLICADA (IPEA) et al. (Brasil). Dossiê mulheres negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil. Brasília: IPEA, 2013.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA E APLICADA (IPEA) et al. (Brasil). Retratos da desigualdade de gênero e raça. 5.ed. Brasília: IPEA, 2017.
LUZ, Vanessa de Oliveira da. O lugar da mulher pertencente à classe trabalhadora na sociedade brasileira. 2019. 114f. (Trabalho de Conclusão de Curso) – Serviço Social. Universidade Federal de Ouro Preto– UFOP. 2019.
MACIEL, Marcos Gonçalves; SARAIVA, Luiz Alex Silva; MARTINS, José Clerton Oliveira. A abordagem sociocognitiva do discurso: Uma alternativa para análise crítica pelos estudos do lazer. Licere, Belo Horizonte, v.21, n.3, set/2018.
MARQUES, Walter Rodrigues et al. A Netflix como ferramenta digital e audiovisual na abordagem de gênero, raça e racismo nas séries Hollywood e Coisa Mais Linda. Research, Society and Development, v. 11, n. 3, e51911325906, 2022.
MÉNDEZ, Natalia Pietra. Do lar para as ruas: capitalismo, trabalho e feminismo. Revista Mulher e trabalho. V. 5, p. 51-63, 2005.
NÓBREGA, Vivianne Macena de Souza. Das ruas para os espaços online? Percursos e subjetividades de ativistas feministas através de narrativas biográficas. 2020. 204 f. (Dissertação) – Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Universidade do Porto. Porto, 2020.
RODRIGUES, Letícia Fernanda de Souza. Movimento de mulheres negras no Brasil: Desafios da ressignificação de uma identidade feminina negra em períodos de pandemia. Revista Contraponto. V. 7, n. 1, p. 133-147. 2020.
RODRIGUES, Cristiano; FREITAS, Viviane Gonçalves. Ativismo Feminista Negro no Brasil: do movimento de mulheres negras ao feminismo interseccional. Revista Brasileira de Ciência Política, nº 34, pp 1-54. 2021.
ROCHA, Simone Maria; SILVA, Marcos Vinicius Meigre e; VIEIRA, Gabriela Arcas. O melodrama virou global? Práticas de produção e de circulação da série netflix coisa mais linda. Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación. V. 17, n. 31, p. 168 – 180. 2019.
SAFFIOTI, Heleieth I. B. A mulher na sociedade de classes: Mito e realidade. Prefácio de Antônio Cândido de Mello & Souza – Petrópolis, Vozes, 1976.
SAFFIOTI, Heleieth I. B. O poder do Macho. Heleieth I. B Saffioti – São Paulo: Moderna, 1987.
SILVA, Clarice de Freitas. Feminismo negro: Uma perspectiva do discurso ideológico na desigualdade histórica da mulher negra. Revista Porto das Letras, Vol. 07, Nº 01. 2021.
SILVA, Isadora Hernandez Cardoso da; QUIRINO, Kelly Tatiane Martins. Relações raciais em Coisa Mais Linda e Little Fires Everywhere: uma análise crítica das narrativas. In: Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 44º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – VIRTUAL – 4 a 9/10/2021.
SOUSA, Marilia de Oliveira de; SIRELLI, Paula Martins. Nem santa, nem pecadora: novas roupagens, velhas dicotomias na coisificação da mulher. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 132, p. 326-345, maio/ago. 2018.
VAN DIJK, Teun. Discurso e manipulação: uma introdução. Discurso e poder. São Paulo: Contexto, 2008.
VAN DIJK, Teun. Discurso e contexto: Uma abordagem sociocognitiva. São Paulo: Contexto. 2012.
VAN DIJK, Teun A. Discurso, Notícia e ideologia: Estudos na Análise Crítica do Discurso. Edições HúmuS, 2017.
VAN DIJK, Teun A. Discurso Antirracista no Brasil: da Abolição Às Ações Afirmativas. Ponta Grossa: Contexto Técnicos. 2021.
VIGOYA, Mara Viveros. La sexualización de la raza y la racialización de la sexualidade en el contexto latinoamericano actua. In: Careaga, Gloria. Memorias del 1er. Encuentro Latinoamericano y del Caribe La sexualidad frente a la sociedad. México, D.F., 2008.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autoras/es que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autoras/es mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
2. Autoras/es têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autoras/es têm permissão e são estimuladas/os a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.