ESBOÇOS METODOLÓGICOS A PARTIR DO FEMINISMO DECOLONIAL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/rf.v12i1.57159

Palavras-chave:

pesquisa, feminismo decolonial, metodologia

Resumo

Este texto propõe pensar instrumentos metodológicos a partir do feminismo decolonial, procurando estabelecer aproximações e diferenças em relação às pesquisas feministas hegemônicas. Para isso, apresentaremos brevemente no que consiste a decolonialidade e como podem ser pensados instrumentos que dialoguem com um modo de produzir conhecimento para além do modelo de ciência eurocentrado. Ao final, são identificadas algumas características que constituem as pesquisas feministas decoloniais: a quebra das dicotomias impostas pela colonialidade do saber; a experiência e escrita de si como método; a não separação entre produção do conhecimento e ação/militância e a emergência de um corpo-pesquisadora encarnado, que se afeta e se cura por meio da pesquisa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Katia Alexsandra dos Santos, Universidade Estadual do Centro-Oeste-UNICENTRO

Professora Adjunta do Curso de Psicologia da Universidade Estadual do Centro-Oeste-UNICENTRO, doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo.

Ana Claudia Silva Abreu, Centro Universitário Campo Real/ Universidade Estadual do Centro-Oeste-Unicentro

Doutora em Direito. Professora de Direito Penal no Centro Universitário Campo Real e Pós-Doutoranda do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Desenvolvimento Comunitário-PPGDC, da Universidade Estadual do Centro-Oeste-Unicentro. 

Referências

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019. (Feminismos Plurais).

BALLESTRIN, Luciana. “América Latina e o giro decolonial”. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, nº11, p. 89-117, maio/agosto de 2013.

BUTLER, Judith. Atos Performáticos e a Formação dos Gêneros: Um ensaio sobre a fenomenologia e a teoria feminista. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (org). Pensamento Feminista: Conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.

BUTLER, Judith. Desfazendo Gênero. Coor. Da Tradução. Carla Rodrigues. São Paulo: Editora Unesp, 2022.

CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o Feminismo: A situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Pensamento Feminista: Conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 313-321.

CARVAJAL, Julieta Paredes. Uma ruptura epistemológica com o feminismo ocidental. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org). Pensamento Feminista Hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p.194-205.

COLLINS, Patricia Hill. Pensamento Feminista Negro: Conhecimento, consciências e a política do empoderamento. Trad. Jamille Pinheiro Dias. São Paulo: Boitempo, 2019.

COLLINS, Patricia Hill. Bem mais que ideias. A Interseccionalidade como Teoria Social Crítica. Trad. Bruna Barros. São Paulo: Boitempo, 2022.

COSTA, Claudia da Lima. Feminismo, tradução cultural e a descolonização do saber. Fragmentos, n. 39, Florianópolis/ jul - dez/ 2010, p. 45-59.

CRENSHAW, Kimberlé Williams. Mapeando as Margens: Interseccionalidade, políticas de identidade e violência contra mulheres não brancas. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/mapeando-as-margens-interseccionalidade-politicas-de-identidade-e-violencia-contra-mulheres-nao-brancas-de-kimberle-crenshaw%E2%80%8A-%E2%80%8Aparte-1- Acesso em mar. 2021.

CURIEL, Ochy. Rumo à construção de um feminismo descolonizado. [Ciudad de Guatemala: s.n.], 2011. Disponível em: https://mujeresixchel.wordpress.com/ 2011/10/12/hacia-la-construccion-de-un-feminismo-descolonizado/. Acesso em: 05 jul. 2023.

CURIEL, Ochy. Construindo metodologias feministas a partir do feminismo decolonial. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org). Pensamento Feminista Hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p.120-139.

DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. Trad. Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016.

DULCI, Tereza Maria Spyer; MALHEIROS, Mariana Rocha. Um Giro Decolonial à Metodologia Científica: Apontamentos Epistemológicos para Metodologias desde e para a América Latina. Espirales, janeiro de 2021, p.174-193.

FIGUEIREDO, Angela. Epistemologia insubmissa feminista negra decolonial. Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 12, n. 29, jan./abr. 2020. p. 1-24.

GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 143-180.

GROSFOGUEL, Ramón. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Soc. Estado. Brasília, v.31, n.1, p. 25-49, Abr.2016. Disponível em: <https://periodicos.unb.br/index.php/sociedade/article/view/6078/5454> Acesso em 21.fev.2023.

GRUPO DE ESTUDIOS SOBRE COLONIALIDAD (GESCO). Estudios Decoloniales: Un Panorama General. KULA. Antropólogos del Atlántico Sur, Buenos Aires, n. 6, p. 8-21, 2014.

HARAWAY, Donna. Saberes Localizados: A questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, n. 5, p. 7-41, 1995.

HARDING, Sandra. Instabilidade das Categorias Analíticas da Teoria Feminista. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (org) Pensamento Feminista: Conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 95-118.

HARDING, Sandra. Existe un método feminista? Trad. Gloria Elena Bernal. 2 ed. In: BARTRA, Eli (Compiladora). Debates en torno a una metodología feminista. México: Universidad Nacional Autónoma de México, Casa aberta al tempo, 2002, p.9-34 .

HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Pensamento Feminista Hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.

HOOKS, Bell. Mulheres Negras: Moldando a teoria feminista. Dossiê Feminismo e Antirracismo. Revista Brasileira de Ciência Política. Brasília. n. 16. p. 193-210, jan-abr. 2015.

HOOKS, bell. Erguer a voz: Pensar como feminista, pensar como negra. Trad. Cátia Bocanhuva Maringolo. São Paulo: Elefante, 2019.

KILOMBA, Grada. Memórias da Plantação: Episódios de racismo cotidiano. Trad. Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

LANDER, Edgardo (org.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000.

LAURETIS, Teresa de. A Tecnologia de Gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (org.) Pensamento Feminista: Conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019, p. 121-155.

LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humana. Trad. Heloisa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Artmed; Belo Horizonte: Editora UFMQ, 1999.

LORDE, Audre. Idade, Raça, Classe e Gênero: Mulheres redefinindo a diferença. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (org.) Pensamento Feminista: Conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019, p. 239-249.

LUGONES, Maria. Hacia metodologías de la decolonialide: conocimientos y prácticas políticas: reflexiones desde nuestras prácticas de conocimiento situado. Chiapas: CIESAS: UNICACH: PDTG-UNMSM, 2011. p. 790-813. Tomo II.

LUGONES, Maria. Rumo a um feminismo decolonial. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org). Pensamento Feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019, p.357-378.

LUGONES, Maria. Colonialidade e gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org). Pensamento Feminista Hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p.52-83.

MALHEIROS, Mariana. A construção de feminismos contra-hegemônicos na Bolívia: contribuições dos movimentos Mujeres Creando e Feminismo Comunitário. InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais, v. 9, n. 1, jan./jun. 2023. Brasília. p. 408-428.

MESSEDER, Soely Aldir. A pesquisadora encarnada: uma trajetória decolonial na construção do saber científico blasfêmico. In: Pensamento Feminista Hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p.154-171.

MENDONZA, Breny. La epistemologia del sul, la colonialidad del género y el feminismo latinamericano. In: MIÑOSO, Yuderkys Espinosa (org.) Aproximaciones críticas a las prácticas teórico-políticas del feminismo latino-americano. 1a ed. - Buenos Aires: En la Frontera, 2010. p. 19-36.

MIÑOSO, Yuderkys Espinosa. Fazendo uma genealogia da experiência: o método rumo a uma crítica da colonialidade da razão feminista a partir da experiência histórica na América Latina. In: Pensamento Feminista Hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p.96-119.

MOHANTY, Chandra Talpade. Bajo los Ojos de Occidente: Feminismo académico y discursos coloniales. Trad. María Vinós. In: NAVAZ, Liliana Suárez; CASTILLO, Rosalva Aída Hernández (eds.). Descolonizando el Feminismo: Teorías y prácticas desde los márgenes. Madrid: Ed. Cátedra, 2008.

OLIVEIRA, Megg Rayara Gomes de. A COBAIA AGORA É VOCÊ! Cisgeneridade branca, como conceito e categoria de análise, nos estudos produzidos por travestis e mulheres transexuais. Caderno Espaço Feminino, Uberlândia, MG, v. 36, n.1, jan./jun. 2023. p. 157-177.

OYĚWÙMÍ, Oyèronké. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Trad. Wanderson Flor do Nascimento. Rio de Jnaeiro: Bazar do Tempo, 2021.

RAGO, M. Epistemologia feminista, gênero e história. In: PEDRO, Joana Maria; GROSSI, Miriam Pillar. Masculino, feminino, plural: gênero na interdisciplinaridade. Florianópolis: Ed. Mulheres, p.01-17, 1998. Disponível em: http://projcnpq.mpbnet.com.br/textos/epistemologia_feminista.pdf Acesso: 08 nov. 2020.

RIBEIRO JR, João. O que é positivismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1982.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017. (Coleção Feminismos Plurais).

SANTOS, Boaventura Souza; MENESES, Maria Paula (Orgs). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009.

SATTLER, Janyne. Epistemologia Feminista. [S. d., S. l.] Disponível em: <https://cpgd.paginas.ufsc.br/files/2019/05/Epistemologia-Feminista-texto-para-leitura-pr%C3%A9via.pdf>.Acesso em 10.set.2023.

SCOTT, Joan. Gênero: Uma categoria útil para análise histórica. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (org.) Pensamento Feminista: Conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 49-80.

SEGATO, Rita Laura. Gênero e Colonialidade: Em busca de chaves de leitura de um vocabulário estratégico descolonial. Trad. Rose Barboza. e-cadernos CES. Epistemologias Feministas: Ao encontro da crítica radical. Coimbra, n. 18, p. 106-131. 2012.

SEGATO, Rita. Crítica da Colonialidade em oito ensaios: e uma antropologia por demanda. 1 ed. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.

SILVA, Joselina da; OLIVEIRA, Fabrícia do Nascimento Silva de. Auto etnografia negra feminista: uma experiência educativa de pensadoras negras. Nodos y Nudos, enero-junio de 2021, v. 7, n. 50. p. 103-114.

VERGÈS, Françoise. Um Feminismo Decolonial. Trad. Jamille Pinheiro Dias e Raquel Camargo. São Paulo: Ubu Editora, 2022.

WALSH, Catherine. Interculturalidade e Decolonialidade do poder um pensamento e posicionamento "outro" a partir da diferença colonial. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). V. 5, n.1. Jan/Jul, 2019, p. 6-39.

ZAKARIA, Rafia. Contra o feminismo branco. Trad. Solaine Chioro e Thaís Britto. 1. ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2021.

Downloads

Publicado

2024-04-23

Como Citar

SANTOS, K. A. dos; ABREU, A. C. S. ESBOÇOS METODOLÓGICOS A PARTIR DO FEMINISMO DECOLONIAL. Revista Feminismos, [S. l.], v. 12, n. 1, 2024. DOI: 10.9771/rf.v12i1.57159. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/57159. Acesso em: 6 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos