“E EU NÃO SOU UMA INTELECTUAL?”: A AFIRMAÇÃO DA MULHER NEGRA NO FEMINISMO ACADÊMICO
DOI:
https://doi.org/10.9771/rf.v11i2.57061Palavras-chave:
feminismo acadêmico;, estudos feministas;, intelectualidade negra;, antirracismo;Resumo
Resumo: Este artigo apresenta o discurso proferido por Carla Akotirene na celebração dos 40 anos do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM/UFBA) em maio de 2023 e realiza reflexões em diálogo com as epistemologias feministas sobre as pautas levantadas, tendo como fio condutor a crítica ao feminismo acadêmico. O esforço de afirmação enquanto intelectual negra é problematizado ao longo das análises a partir de Gonzalez (1984), Collins (1990), hooks (1995) e Kilomba (2019). A tensão na busca por validação da intelectualidade, devido aos sistemas múltiplos de subordinação (Crenshaw, 2002) aprofundam a discussão e demonstram prejuízos materiais, teóricos e políticos. Esta é uma oportunidade de ampliar o debate sobre gênero e raça, mais que isso, valorizar os avanços alcançados, sinalizar as emergências no campo e efetivar uma ética antirracista para a transformação entre teoria e práxis no feminismo acadêmico do Brasil.
Palavras-chave: feminismo acadêmico; estudos feministas; intelectualidade negra; antirracismo; NEIM/UFBA.
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