MORTALIDADE MATERNA EVITÁVEL E JUSTIÇA REPRODUTIVA: CONTRIBUIÇÕES DO CASO ALYNE DA SILVA PIMENTE
contributions from the case of Alyne da Silva Pimentel
DOI:
https://doi.org/10.9771/rf.12.1.53253Palavras-chave:
Mortalidade Materna. Justiça Reprodutiva. CEDAW. Interseccionalidade.Resumo
O presente artigo buscou identificar as contribuições do Comité CEDAW, no caso Alyne da Silva Pimentel v. Brasil, para a compreensão das relações entre mortalidade materna evitável e as múltiplas formas de (in)justiça reprodutiva para mulheres, especialmente para afrodescendentes e periféricas. Para tanto, utilizamos uma abordagem dedutiva e os métodos procedimentais de revisão bibliográfica e pesquisa documental. O estudo revelou que o ativismo transnacional de mulheres negras foi um ator político fundamental na construção desse caso em âmbito internacional. Da mesma forma que, articulado a outras iniciativas e organismos internacionais, impulsionou o entendimento de que a mortalidade materna evitável é um problema de saúde global. Por fim, percebemos que o caso Alyne nos convoca a uma reflexão socialmente comprometida com a superação das iniquidades sobre a aplicabilidade da gramática da justiça reprodutiva e da abordagem interseccional no Brasil.
Downloads
Referências
BILGE, Sirma. Interseccionalidade Desfeita: salvando a interseccionalidade dos estudos feministas sobre interseccionalidade. Revista Feminismos, v. 6, n. 3, p. 67-82, 2018.
BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cadernos Pagu, v. 1, n. 26, p. 329-376, jan./jun. 2006.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Protocolo para julgamento com perspectiva de gênero 2021. Brasília: CNJ; ENFAM. 2021. [online]. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2021/10/protocolo-18-10-2021-final.pdf. Acesso em: 01/06/2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica do óbito materno. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política para o SUS. 2. Ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS). Brasil reduziu 8,4% a razão de mortalidade materna e investe em ações com foco na saúde da mulher. 2020. [online]. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/noticia/8736. Acesso em 01/06/2022.
CATOIA, Cinthia de C.; SEVERI, Fabiana C.; FIRMINO, Inara F. C. Caso “Alyne Pimentel”: violência de gênero e interseccionalidades. Revista Estudos Feministas, v. 28, n. 1, 2020.
CIDH. Situación de los derechos humanos en Brasil: sprobado por la Comisión Interamericana de Derechos Humanos. 2021. [online]. Disponível em: http://www.oas.org/es/cidh/informes/pdfs/Brasil2021-es.pdf. Acesso em 01/06/2022.
COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. São Paulo: Boitempo, 2021.
COMMITTEE on the Elimination of Discrimination against Women. Alyne da Silva Pimentel Teixeira v. Brazil. Communication No. 17/2008. CEDAW/C/49/D/17/2008. 2011. [online]. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/cedaw-c-49-d-17-2008.pdf. Acesso em 01/06/2022.
CONVENTION on the Elimination of All Forms of Discrimination against Women. 1979. [online]. Disponível em: https://www.ohchr.org/sites/default/files/Documents/ProfessionalInterest/cedaw.pdf. Acesso em 01/06/2022.
COOK, Rebecca. Human Rights and Materna Health: exploring the effectiviness of the Alyne Decision. Journal of Law, Medicine & Ethics, v. 41, n. 1, p. 103-123, 2013.
COOK, Rebecca; UNDURRAGA, Veronica. Article 12 [Health]. In FREEMAN, Marsha M.; CHINKIN, Christine; RUDOLF, Beate (eds.). The UN Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination against Women: A Commentary. Oxford: OUP, 2012. p. 311-333.
CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 171-188, 2002.
DAMASCO, Mariana S.; MAIO, Marcos C.; MONTEIRO, Simone. Feminismo negro: raça, identidade e saúde reprodutiva no Brasil (1975-1993). Estudos Feministas, n. 20, v. 1, p. 133-151, 2012.
DIAS, Júlia M. G.; OLIVEIRA; Ana P. S. de; CIPOLOTTI, Rosana; MONTEIRO, Bruna K. S. M.; PEREIRA, Raisa de O. Mortalidade materna. Rev. Med. Minas Gerais, v. 25, n. 2, 2015.
FMCSV. Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. Desigualdades e impactos da covid-19 na atenção à primeira infância. 2022. [online]. Disponível em: https://www.fmcsv.org.br. Acesso em 21/03/2023.
FRANCISCO, Rossana P. V.; LACERDA, Lucas; RODRIGUES, Agatha S. Obstetric Observatory Brazil – COVID-19: 1032 maternal deaths because of COVID-19 and the unequal access to health care services. Clinics, v. 76, 2021.
GONZALEZ, Lélia. Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa. São Paulo: Diáspora Africana, 2018.
HOOKS, bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2022.
KISMODI, Eszter; MESQUITA, Judith B. de; IBAÑEZ, Ximena A.; KHOSLA, Rajat. Human rights accountability for maternal death and failure to provide safe, legal abortion: The significance of two ground-breaking CEDAW decisions. Reproductive Health Matters. v. 20, p. 31-39, 2012.
LEAL, Maria do C.; GAMA, Silvana G. N. da; PEREIRA, Ana P. E. PACHECO, Vanessa E.; SANTOS, Ricardo V. A cor da dor: iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, n. 33, p. 1-17, 2017.
OPTIONAL Protocol to the Convention on the Elimination of Discrimination Against Women. 1999. [online]. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/pdf/cedaw-one.pdf. Acesso em 01/06/2022.
PIVA, Carolina B. Epistemologias da ignorância e as performances teóricas de branqueamento da interseccionalidade: o debate entre Sirma Bilge e Nina Lykke. Revista Feminismos, v. 10, n. 2 e 3, 2022.
RODRIGUES, Cristiano; FREITAS, Viviane G. Ativismo feminista negro no Brasil: do movimento de mulheres negras ao feminismo interseccional. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 31, p. 1-54, 2021.
ROSS, Loretta J. Reproductive Justica as Intersectional Feminist Activism. Souls, v. 19, n. 3, p. 286-314, 2017.
ROSS, Loretta J. Understanding Reproductive Justice: transforming the pro-choice movement. Off Our Backs, v. 36, n. 4, p. 14-19, 2006.
SIMIONI, Fabiane. Violência obstétrica. In: TERRA, Bibiana (org.). Dicionário feminista brasileiro: conceitos para a compreensão dos feminismos. São Paulo: Dialética Editora, 2022. p. 417-428.
STARRS, Ann (prep.). Preventing the tragedy of maternal deaths: a report on the International Safe Motherhood Conference. Nairobi: World Bank; WHO; UNFPA. 1987.
UN. Office of the United Nations High Commissioner for Human Rights. Technical guidance on the application of a Human Rights based approach to the implementation of policies and programmes to recude preventable maternal mobidity and morality. 2012. [online]. Disponível em: https://digitallibrary.un.org/record/731068. Acesso em: 01/06/2022.
UNDP. Human Development report: new dimensions of human security. 1994. [online]. Disponível em: https://hdr.undp.org/content/human-development-report-1994. Acesso em 01/06/2022.
YAMIN, Alicia E.; GALLI, Beatriz; VALONGUEIRO, Sandra. Implementing international human rights recommendations to improve obstetric care in Brazil. International Journal of Gynecology and Obstetrics. p.1-7, 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autoras/es que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autoras/es mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
2. Autoras/es têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autoras/es têm permissão e são estimuladas/os a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.