MORTALIDADE MATERNA EVITÁVEL E JUSTIÇA REPRODUTIVA: CONTRIBUIÇÕES DO CASO ALYNE DA SILVA PIMENTE

contributions from the case of Alyne da Silva Pimentel

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/rf.12.1.53253

Palavras-chave:

Mortalidade Materna. Justiça Reprodutiva. CEDAW. Interseccionalidade.

Resumo

O presente artigo buscou identificar as contribuições do Comité CEDAW, no caso Alyne da Silva Pimentel v. Brasil, para a compreensão das relações entre mortalidade materna evitável e as múltiplas formas de (in)justiça reprodutiva para mulheres, especialmente para afrodescendentes e periféricas. Para tanto, utilizamos uma abordagem dedutiva e os métodos procedimentais de revisão bibliográfica e pesquisa documental. O estudo revelou que o ativismo transnacional de mulheres negras foi um ator político fundamental na construção desse caso em âmbito internacional. Da mesma forma que, articulado a outras iniciativas e organismos internacionais, impulsionou o entendimento de que a mortalidade materna evitável é um problema de saúde global. Por fim, percebemos que o caso Alyne nos convoca a uma reflexão socialmente comprometida com a superação das iniquidades sobre a aplicabilidade da gramática da justiça reprodutiva e da abordagem interseccional no Brasil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fabiane Simioni, Universidade Federal do Rio Grande

Doutora em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora de graduação em Relações Internacionais e Direito e do Mestrado em Direito e Justiça Social da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Realiza estágio de pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGRI/UFSC). Co-líder do Grupo de Pesquisa Interseccionalidades e Decolonialidade nas Relações Internacionais (INDERI/CNPq/FURG). Associada à ONG Themis Gênero Justiça e Direitos Humanos (desde 2002).

Joseane Mariéle Schuck, Fundação Escola Superior do Ministério Público

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS (bolsista CAPES / PROSUC). Mestra em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Mestra em Ciências Sociais pela UNISINOS. Graduada em Direito pela UNISINOS e em Relações Internacionais pelo Centro Universitário Internacional do Paraná. Advogada. Coordenadora e professora do Curso de Graduação em Direito da Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP).

Júlia Silva Gonçalves, Universidade Federal do Rio Grande

Mestranda em Direito e Justiça Social pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Pós-graduada em Direito de Família e Sucessões pela Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP). Graduada em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Advogada.

Referências

BILGE, Sirma. Interseccionalidade Desfeita: salvando a interseccionalidade dos estudos feministas sobre interseccionalidade. Revista Feminismos, v. 6, n. 3, p. 67-82, 2018.

BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cadernos Pagu, v. 1, n. 26, p. 329-376, jan./jun. 2006.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Protocolo para julgamento com perspectiva de gênero 2021. Brasília: CNJ; ENFAM. 2021. [online]. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2021/10/protocolo-18-10-2021-final.pdf. Acesso em: 01/06/2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica do óbito materno. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política para o SUS. 2. Ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS). Brasil reduziu 8,4% a razão de mortalidade materna e investe em ações com foco na saúde da mulher. 2020. [online]. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/noticia/8736. Acesso em 01/06/2022.

CATOIA, Cinthia de C.; SEVERI, Fabiana C.; FIRMINO, Inara F. C. Caso “Alyne Pimentel”: violência de gênero e interseccionalidades. Revista Estudos Feministas, v. 28, n. 1, 2020.

CIDH. Situación de los derechos humanos en Brasil: sprobado por la Comisión Interamericana de Derechos Humanos. 2021. [online]. Disponível em: http://www.oas.org/es/cidh/informes/pdfs/Brasil2021-es.pdf. Acesso em 01/06/2022.

COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. São Paulo: Boitempo, 2021.

COMMITTEE on the Elimination of Discrimination against Women. Alyne da Silva Pimentel Teixeira v. Brazil. Communication No. 17/2008. CEDAW/C/49/D/17/2008. 2011. [online]. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/cedaw-c-49-d-17-2008.pdf. Acesso em 01/06/2022.

CONVENTION on the Elimination of All Forms of Discrimination against Women. 1979. [online]. Disponível em: https://www.ohchr.org/sites/default/files/Documents/ProfessionalInterest/cedaw.pdf. Acesso em 01/06/2022.

COOK, Rebecca. Human Rights and Materna Health: exploring the effectiviness of the Alyne Decision. Journal of Law, Medicine & Ethics, v. 41, n. 1, p. 103-123, 2013.

COOK, Rebecca; UNDURRAGA, Veronica. Article 12 [Health]. In FREEMAN, Marsha M.; CHINKIN, Christine; RUDOLF, Beate (eds.). The UN Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination against Women: A Commentary. Oxford: OUP, 2012. p. 311-333.

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 171-188, 2002.

DAMASCO, Mariana S.; MAIO, Marcos C.; MONTEIRO, Simone. Feminismo negro: raça, identidade e saúde reprodutiva no Brasil (1975-1993). Estudos Feministas, n. 20, v. 1, p. 133-151, 2012.

DIAS, Júlia M. G.; OLIVEIRA; Ana P. S. de; CIPOLOTTI, Rosana; MONTEIRO, Bruna K. S. M.; PEREIRA, Raisa de O. Mortalidade materna. Rev. Med. Minas Gerais, v. 25, n. 2, 2015.

FMCSV. Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. Desigualdades e impactos da covid-19 na atenção à primeira infância. 2022. [online]. Disponível em: https://www.fmcsv.org.br. Acesso em 21/03/2023.

FRANCISCO, Rossana P. V.; LACERDA, Lucas; RODRIGUES, Agatha S. Obstetric Observatory Brazil – COVID-19: 1032 maternal deaths because of COVID-19 and the unequal access to health care services. Clinics, v. 76, 2021.

GONZALEZ, Lélia. Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa. São Paulo: Diáspora Africana, 2018.

HOOKS, bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2022.

KISMODI, Eszter; MESQUITA, Judith B. de; IBAÑEZ, Ximena A.; KHOSLA, Rajat. Human rights accountability for maternal death and failure to provide safe, legal abortion: The significance of two ground-breaking CEDAW decisions. Reproductive Health Matters. v. 20, p. 31-39, 2012.

LEAL, Maria do C.; GAMA, Silvana G. N. da; PEREIRA, Ana P. E. PACHECO, Vanessa E.; SANTOS, Ricardo V. A cor da dor: iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, n. 33, p. 1-17, 2017.

OPTIONAL Protocol to the Convention on the Elimination of Discrimination Against Women. 1999. [online]. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/pdf/cedaw-one.pdf. Acesso em 01/06/2022.

PIVA, Carolina B. Epistemologias da ignorância e as performances teóricas de branqueamento da interseccionalidade: o debate entre Sirma Bilge e Nina Lykke. Revista Feminismos, v. 10, n. 2 e 3, 2022.

RODRIGUES, Cristiano; FREITAS, Viviane G. Ativismo feminista negro no Brasil: do movimento de mulheres negras ao feminismo interseccional. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 31, p. 1-54, 2021.

ROSS, Loretta J. Reproductive Justica as Intersectional Feminist Activism. Souls, v. 19, n. 3, p. 286-314, 2017.

ROSS, Loretta J. Understanding Reproductive Justice: transforming the pro-choice movement. Off Our Backs, v. 36, n. 4, p. 14-19, 2006.

SIMIONI, Fabiane. Violência obstétrica. In: TERRA, Bibiana (org.). Dicionário feminista brasileiro: conceitos para a compreensão dos feminismos. São Paulo: Dialética Editora, 2022. p. 417-428.

STARRS, Ann (prep.). Preventing the tragedy of maternal deaths: a report on the International Safe Motherhood Conference. Nairobi: World Bank; WHO; UNFPA. 1987.

UN. Office of the United Nations High Commissioner for Human Rights. Technical guidance on the application of a Human Rights based approach to the implementation of policies and programmes to recude preventable maternal mobidity and morality. 2012. [online]. Disponível em: https://digitallibrary.un.org/record/731068. Acesso em: 01/06/2022.

UNDP. Human Development report: new dimensions of human security. 1994. [online]. Disponível em: https://hdr.undp.org/content/human-development-report-1994. Acesso em 01/06/2022.

YAMIN, Alicia E.; GALLI, Beatriz; VALONGUEIRO, Sandra. Implementing international human rights recommendations to improve obstetric care in Brazil. International Journal of Gynecology and Obstetrics. p.1-7, 2018.

Downloads

Publicado

2024-11-28

Como Citar

SIMIONI, F. .; MARIÉLE SCHUCK, J. .; SILVA GONÇALVES, J. . MORTALIDADE MATERNA EVITÁVEL E JUSTIÇA REPRODUTIVA: CONTRIBUIÇÕES DO CASO ALYNE DA SILVA PIMENTE: contributions from the case of Alyne da Silva Pimentel. Revista Feminismos, [S. l.], v. 12, n. 1, 2024. DOI: 10.9771/rf.12.1.53253. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/53253. Acesso em: 24 maio. 2025.

Edição

Seção

Dossiê JUSTIÇA REPRODUTIVA: MATERNIDADES E VIOLÊNCIAS