MULHERES E MEDIDA DE SEGURANÇA: ANÁLISE DO DISCURSO JUDICIAL PARAIBANO À LUZ DA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA

Autores

  • Ludmila Cerqueira Correia Universidade Federal da Paraíba
  • Nayna Lohany Medeiros de Almeida Universidade Federal da Paraíba

DOI:

https://doi.org/10.9771/rf.v10i2%20e%203.42830

Resumo

Os estigmas atribuídos historicamente às pessoas em sofrimento mental em conflito com a lei acentuam a dificuldade de colocar em prática um tratamento adequado para estes sujeitos e, quando relacionados aos estereótipos de gênero, tal situação se intensifica ainda mais. Diante disso, este artigo analisa se as decisões judiciais relativas à aplicação e execução da medida de segurança nos casos das mulheres em sofrimento mental em conflito com a lei internadas no Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, no estado da Paraíba, no período compreendido entre agosto de 2016 e julho de 2019, seguem as diretrizes da Reforma Psiquiátrica brasileira. Através de pesquisa bibliográfica e documental, constata-se que tais decisões ignoram as diretrizes da Lei nº 10.216/2001 e dos demais dispositivos normativos relativos a estes casos, observando, ainda, que os estereótipos de gênero e de loucura exercem grande influência no discurso judicial em questão.

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Biografia do Autor

Ludmila Cerqueira Correia, Universidade Federal da Paraíba

Doutora em Direito pela Universidade de Brasília. Professora do Departamento de Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Coordenadora do Grupo de Pesquisa e Extensão Loucura e Cidadania da UFPB.

Nayna Lohany Medeiros de Almeida, Universidade Federal da Paraíba

Graduanda do curso de Direito na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), extensionista voluntária no Grupo de Pesquisa e Extensão Loucura e Cidadania da UFPB.

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Publicado

2022-10-17

Como Citar

CERQUEIRA CORREIA, L.; MEDEIROS DE ALMEIDA, N. L. MULHERES E MEDIDA DE SEGURANÇA: ANÁLISE DO DISCURSO JUDICIAL PARAIBANO À LUZ DA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA. Revista Feminismos, [S. l.], v. 10, n. 2 e 3, 2022. DOI: 10.9771/rf.v10i2 e 3.42830. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/42830. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê I