TRANSVERSALIDADE DE GÊNERO NAS POLÍTICAS DE CUIDADO

Autores

  • mariana m marcondes Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Resumo

O cuidado não é uma novidade nos estudos de gênero. Nas últimas décadas, contudo, ampliou-se o interesse pelo tema. Dentre as diversas abordagens possíveis nos estudos de gênero sobre o cuidado, uma delas enfoca sua relação com as políticas públicas. Nesse contexto, nosso propósito neste artigo é a construção de um arcabouço teórico para a análise das políticas de cuidado. Para isso, partindo do mapeamento de produções teóricas e definições conceituais sobre o cuidado e a política de cuidado, refletimos sobre a aplicação da transversalidade de gênero para a construção desse arcabouço teórico. Por meio desse artigo, esperamos subsidiar pesquisas sobre políticas de cuidado, que integrem contribuições dos estudos feministas e de política pública.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGUIRRE, Rosario. Los cuidados familiares como problema público y objeto de políticas. In: AGUIRRE, Rosario. Las bases invisibles del bienestar social: el trabajo no remunerado en el Uruguay. Montevideo: Unifem Uruguay, pp. 87-123, 2009.

ÁVILA, Maria Betânia; FERREIRA, Verônica. Trabalho produtivo e reprodutivo no cotidiano das mulheres brasileiras. In: ÁVILA, Maria Betânia; FERREIRA, Verônica. Trabalho remunerado e trabalho doméstico no cotidiano das mulheres. Sos Corpo: Recife, 2014, p. 13-50.

BANDEIRA, Lourdes M. Fortalecimento da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres: avançar na transversalidade da perspectiva de Gênero nas Políticas Públicas. Brasília: Cepal; SPM, 2005.

BATTHYÁNY, Karina. Cuidado infantil y trabajo: ¿un desafío exclusivamente femenino? Una mirada desde el género y la ciudadanía social. 1a edição. Montevideo, Uruguay: OIT, CINTERFOR, 2004.

BATTHYÁNY, Karina. Cuidado de personas dependientes y género. In: AGUIRRE, Rosario. Las bases invisibles del bienestar social: el trabajo no remunerado en el Uruguay. Montevideo: Unifem Uruguay, 2009, p. 87-123.

BRUSCHINI, Cristina; LOMBARDI, Maria Rosa. A bipolaridade do trabalho feminino no Brasil contemporâneo. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 110, p. 67–104, 2000.

BUBECK, Diemut Grace. Justice and the labor of care. In: KITTAY, Eva Feder & FEDER, Ellen (Orgs.). The Subject of care: feminist perspectives on dependency. Oxford: Rowman & Littlefield Publishers, pp. 160-185, 2002.

CARRASCO, Cristina. La economia del cuidado: planteamiento actual y desafios pendientes. Revista de Economía Crítica. n. 11, p. 205-225, 2011.

CFEMEA. Jornal Fêmea, nº 171, Brasília: 2011.

CRENSHAW, Kimberle. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, v. 10 (1). pp. 171-188, 2002.

DALY, Mary; LEWIS, Jane. The concept of social care and the analysis of contemporary welfare states. The British Journal of Sociology. London, v. 51 (2), pp. 281–298, 2000.

DURÁN. María Ángeles. O valor do tempo: quantas horas te faltam ao dia? Brasília: SPM, 2010.

ESQUIVEL, Valeria; FAUR, Eleonor; JELIN, Elizabeth. Hacia la conceptualización del cuidado: familia, mercado y estado. In: ESQUIVEL, Valeria; FAUR, Eleonor; JELIN, Elizabeth (Ed.). Las lógicas del cuidado infantil: Entre las familias, el Estado y el mercado. Buenos Aires: IDES, 2012, p.11-44.

FARAH, Marta F. S. Gênero e políticas públicas. Revista Estudos Feministas. Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 47-71, 2004.

FARIA, Nalu; MORENO, Renata. Cuidado, Trabalho e Autonomia das Mulheres. São Paulo: SOF, 2010.

FASSLER, Clara. Hacia um sistema nacional integrado de cuidados. Montevideo: Red Género y Família, 2009.

FONTOURA; Natália. ARAÚJO; Clara (org.). Uso do tempo e gênero. Rio de Janeiro: Uerj, 2016.

FRASER; Nancy. Fortunes of feminism: From State-Managed Capitalism to Neoliberal Crisis. Londres: Verso, 2013.

GEORGES; Isabel. O “cuidado” como “quase-conceito”: por que está pegando? Notas sobre a resiliência de uma categoria emergente. In: DEBERT, Guita Grin; PULHEZ, Mariana Marques (org.). Desafios do Cuidado: Gênero, Velhice e Deficiência. Textos Didáticos (66), pp. 125- 151, 2017.

GILLIGAN, Carol. In a different voice. Londres: Harvard University Press, 1982.

GÓMEZ, Laura Nuño. El mito del varón sustentador: orígenes y consecuencias de la división sexual del trabajo. Barcelona: Içaria, 2010.

GUIMARÃES, Nadya Araujo; HIRATA; Helena Sumiko; SUGITA, Kurumi. Cuidado e cuidadoras: o trabalho de care no Brasil, França e Japão. Sociologia & Antropologia. Rio de Janeiro, v.1, n. 151, p. 151-179, 2011.

HILL COLLINS, Patricia. Em direção a uma nova visão: raça, classe e gênero como categorias de análise e conexão. In: MORENO, Renata (org.). Reflexões e práticas de transformação feminista. São Paulo: SOF, 2015, p. 13-42.

HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièle. A Classe operária tem dois sexos. Revista Estudos Feministas. Florianópolis. Rio de Janeiro, v.2, n.3, p. 92-100, 1994.

HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièle. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa Fundação Carlos Chagas. São Paulo, v. 37, nº 132, p. 595-609, set./dez. 2007.

HIRATA, Helena; GUIMARÃES, Nadya Araujo (Org.) Cuidado e cuidadoras: as várias faces do trabalho do care. São Paulo: Atlas, 2012.

HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo social. São Paulo, v. 26, n. 1, p. 61-73, junho 2014.

HIRATA, Helena; LOMBARDI, Maria Rosa (orgs). Gênero e trabalho no Brasil e na França: Perspectivas interseccionais. São Paulo: Boitempo, 2016.

HIRATA, Helena. Por una arqueología del saber acerca del cuidado en Brasil: la influencia de la investigación sobre los cuidados en Francia en el campo de los estudios del cuidado en Brasil. In: Congreso Latinoamericano de Estudios de Género y Cuidados: Miradas latinoamericanas al cuidado. Montevideo: UDELAR, 2018 (Comunicação Oral; Panel Central de Apertura “Recorridos latinoamericanos del Cuidado”)

HOCHSCHILD, Arlie R. Emotion work, feeling rules, and social structure. American Journal of Sociology. Vol. 85 (3), p. 551-575, 1979.

KERGOAT, Danièle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: HIRATA. Helena et al. (orgs.). Dicionário Crítico do Feminismo. São Paulo: UNESP, p. 67-75, 2009.

KERGOAT, Danièle. O cuidado e a imbricação das relações sociais. In: ABREU, Alice R. de P.; HIRATA, Helena S.; LOMBARDI, Maria Rosa (orgs). Gênero e trabalho no Brasil e na França: Perspectivas interseccionais. São Paulo: Boitempo, 2016.

KITTAY, Eva. F. Love’s Labor. New York: Routledge, 1999.

MARCONDES, Mariana M. O cuidado na perspectiva da divisão sexual do trabalho: contribuições para os estudos sobre a feminização do mundo do trabalho. In: YANNOULAS, Silvia Cristina. Trabalhadoras: Análise da Feminização das profissões e ocupações. Brasília: Abaré, 2013, p. 251-280.

MARCONDES, Mariana M; DINIZ, Ana Paula Rodrigues; FARAH, Marta Ferreira Santos. Transversalidade de gênero: uma análise sobre os significados mobilizados na estruturação da política para mulheres no Brasil. Revista do Serviço Público. Brasília, v. 69, n. 2, p. 36–62, 2018.

MARTÍNEZ FRANZONI, Juliana. Regímenes de bienestar en América Latina: consideraciones generales e itinerarios regionales. Revista Centroamericana de Ciencias Sociales. v. 2 (2). Costa Rica, p. 41-77, 2005.

MOLINIER, Pascale; PAPERMAN, Patricia. Descompartimentar a noção de cuidado? Rev. Bras. Ciênc. Polít., Brasília, n. 18, p. 43-57, 2015.

PATEMAN, Carole. The patriarchal welfare state. In: PIERSON, Christopher; CASTLES, Francis (Org.). The welfare state reader. 2a edição. Cambridge: Polity Press, pp. 134-150, 2007.

PAUTASSI, Laura. El cuidado como cuestión social desde un enfoque de derechos. Série mujer y desarrollo (CEPAL). Santiago do Chile, 2007.

PAUTASSI, Laura. Del “boom” del cuidado al ejercicio de derechos. Sur 24. Buenos Aires, v. 13, n.24, p. 35-42, 2016.

PLANT, Rebecca J.; VAN DER KLEIN, Marian. Introduction: a new generation of scholars on maternalism. In: PLANT et al. Maternalism Reconsidered: Motherhood, Welfare and Social Policy in the Twentieth Century. New York: Berghahn Books, 2012, p. 1–21.

PEREIRA, Bruna Cristina J. Economia dos cuidados: marco teórico-conceitual (Relatório de pesquisa IPEA). Brasília: IPEA, 2016.

RAZAVI, Shahra. The Political and Social Economy of Care in a Development Context: Conceptual Issues. Programm Paper 3, Genebra: Research Questions and Policy Options, Instituto de Investigaciones de las Naciones Unidas para el Desarrollo Social, 2007.

REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIA POLÍTICA. Cuidado e responsabilidade. Revista Brasileira de Ciência Política. Brasília, n. 18, 2015.

RODRÍGUEZ ENRÍQUEZ, Corina E. La organización del cuidado de niños y niñas en Argentina y Uruguay. Santiago do Chile: CEPAL. Serie Mujer y desarrollo – Cepal, n.90, 2007.

SOARES, Angelo. Cuidado e Confiança. In: ABREU, Alice R. de P.; HIRATA, Helena S.; LOMBARDI, Maria Rosa (orgs). Gênero e trabalho no Brasil e na França: Perspectivas interseccionais. São Paulo: Boitempo, 2016, p. 213-222.

SORJ, Bila. Arenas de cuidado nas interseções entre gênero e classe social no Brasil. Cadernos de Pesquisa Fundação Carlos Chagas. São Paulo, v. 43, n. 149, p. 478-491, ago. 2013.

TEIXEIRA, Juliana C. Brazilian Housemaids and Covid‐19: how can they isolate if Domestic Work stems from Racism? Gender, Work & Organization, p. 1-10, 2020.

TODARO, Rosalba; ARRIAGADA, Irma. Cadenas globales de cuidados: el papel de las migrantes peruanas en la provisión de cuidados en Chile, ONU Mujeres, Santiago de Chile, 2011.

TRONTO, Joan C. Beyond Gender Difference to a Theory of Care. Jornal of Women in Culture and Society. Chicago, v. 12, p. 644-663, 1987.

TRONTO, Joan C. Moral Boundaries: A political argument for an ethic of care. New York: Routledge, 2009.

VIEIRA, Regina S. C. O cuidado como trabalho: uma interpelação do Direito do Trabalho a partir da perspectiva de gênero. Tese (Doutorado em Direito). Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

WALBY, Silvia. Gender Mainstreaming: Productive Tensions in Theory and Practice. Social Politics, v. 12 (3). pp. 321-343, 2005.

YANNOULAS, Silvia C. Feminização ou Feminilização? Apontamentos em torno de uma categoria. Temporalis. Brasília, ano 11, nº 22, p. 271-292, jul./dez. 2011.

Downloads

Publicado

2021-01-07

Como Citar

MARCONDES, mariana m. TRANSVERSALIDADE DE GÊNERO NAS POLÍTICAS DE CUIDADO. Revista Feminismos, [S. l.], v. 8, n. 3, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/42378. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Justiça Reprodutiva