Colonialidade e Trabalho do Cuidado: o caso das mulheres brasileiras

Autores

  • Anelise Gregis Estivalet Universidade de Brasília

Resumo

Existe uma forte associação entre a colonialidade e a forma como se estabeleceu o trabalho do cuidado em países como o Brasil. Neste artigo, por meio de investigação sistemática da literatura, faremos uma revisão histórica e reflexiva de como a figura da mulher brasileira foi sendo moldada nos espaços públicos e privados, desde o século XIX até os dias atuais. Especificamente, interessou-nos entender a(s) correlação(ões) observadas entre o trabalho do cuidado, o trabalho doméstico e as mulheres, considerando o contexto da colonialidade. Por fim, concluimos que a partir de modificações na ideia de família, houve uma naturalização da competência do cuidado como sendo feminina, fazendo com que a mulher passasse a ser vista como responsável pela reprodutividade da vida. A partir daí, reforçou-se, então, a construção de uma moral do cuidado − pensada pelos homens.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Anelise Gregis Estivalet, Universidade de Brasília

Bacharela e Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Estudos de Gênero pelo Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO). Mestra em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Doutora em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) tendo realizado estágio doutoral junto ao Laboratoire Éthique Médicale da Université Paris Descartes - Sorbonne (PARIS V) e Centre d'Études sur l'Actuel et le Quotidien (CEAQ-Sorbonne).

Referências

ALMEIDA, Rute Salviano. Vozes femininas no início do protestantismo brasileiro: escravidão, império, religião e papel feminino. São Paulo: Hagnos, 2014.

BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas, SP: Papirus, 1996.

BRANDÃO, Helena. Esperando na janela. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 5, n. 54, 2010.

BRUGÈRE, Fabienne. L’éthique du care. Paris: Presses Universitaires de France, 2011.

CEPAL. A contribuição das mulheres para a igualdade na América Latina e no Caribe. X Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe. Quito: CEPAL, 2007.

ESTIVALET, Anelise. Os jovens e a rua: trajetórias dos sem lugar. Curitiba: Appris, 2014.

GILLIGAN, Carol. In a different voice. Cambrige Mass: Harvard University Press, 1982.

HAHNER, June Edith. Emancipação do sexo feminino: a luta pelos direitos da mulher no Brasil, 1850-1940. Florianópolis: Ed. Mulheres, 2003.

MACÊDO, Márcia dos Santos. Tecendo o fio e segurando as pontas: mulheres chefes de família em Salvador. In: BRUSCHINI, Cristina; PINTO, Céli Regina (orgs.). Tempos e lugares de gênero. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 2001.

MACHADO, Maria das Dores Campos. Carismáticos e pentecostais: adesão religiosa na esfera familiar. Campinas, SP: Autores Associados; São Paulo: ANPOCS, 1996.

MATOS, Maria; BORELLI, Andrea. Espaço feminino no mercado produtivo. In: PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria (orgs.). Nova história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2012.

MEMMI, Dominique. La revanche de la chair: essai sur les nouveaux supports de l’identité. Paris: Seuil, 2014.

MOLINIER, Pascale. Le travail du care. Paris: La Dispute, 2013.

NEPOMUCENO, Bebel. Protagonismo ignorado. In: PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria (orgs.). Nova história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2012.

PATEMAN, Carole. Críticas feministas à dicotomia público/privado. In: MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia. Teoria política feminista: textos centrais. Vinhedo, MG: Horizonte, 2013.

ROSEMBERG, Fúlvia. Mulheres educadas e a educação de mulheres. In: PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria (orgs.). Nova história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2012.

SCHIEBINGER, Londa; KLINGE, Ineke. Gendered innovation in health and medicine. Gender, 2, 29-50. 2015.

SCOTT, Ana Silvia. O caleidoscópio dos arranjos familiares. In: PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria (orgs.). Nova história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2012.

SEGATO, Rita Laura. Género y colonialidad: em busca de claves de lectura y de um vocabulário estratégico descolonial. In: QUIJANO, Aníbal; NAVARRETE, Julio Mejía. (eds.). La cuestión descolonial. Lima: Universidad Ricardo Palma/Cátedra América Latina y la Colonialidad del Poder, 2010.

SILVA, Nilza. As mulheres negras e as formas de indicadores sensíveis. VENTURI, Gustavo; GODINHO, Tatau (orgs). Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado: uma década de mudanças na opinião pública. São Paulo: Fundação Perseu Abramo/Edições Sesc SP, 2013.

SOIHET, Raquel. A conquista do espaço público. In: PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria (orgs.). Nova história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2012.

VIANA, Raquel. Desafios e limites das políticas públicas no cotidiano das mulheres. In: VENTURI, Gustavo; GODINHO, Tatau. (orgs). Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado: uma década de mudanças na opinião pública. São Paulo: Fundação Perseu Abramo/Edições Sesc SP, 2013.

Downloads

Publicado

2021-01-07

Como Citar

GREGIS ESTIVALET, A. Colonialidade e Trabalho do Cuidado: o caso das mulheres brasileiras. Revista Feminismos, [S. l.], v. 8, n. 3, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/42127. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê JUSTIÇA REPRODUTIVA: MATERNIDADES E VIOLÊNCIAS