Colonialidade e Trabalho do Cuidado: o caso das mulheres brasileiras

Autores

  • Anelise Gregis Estivalet Universidade de Brasília

Resumo

Existe uma forte associação entre a colonialidade e a forma como se estabeleceu o trabalho do cuidado em países como o Brasil. Neste artigo, por meio de investigação sistemática da literatura, faremos uma revisão histórica e reflexiva de como a figura da mulher brasileira foi sendo moldada nos espaços públicos e privados, desde o século XIX até os dias atuais. Especificamente, interessou-nos entender a(s) correlação(ões) observadas entre o trabalho do cuidado, o trabalho doméstico e as mulheres, considerando o contexto da colonialidade. Por fim, concluimos que a partir de modificações na ideia de família, houve uma naturalização da competência do cuidado como sendo feminina, fazendo com que a mulher passasse a ser vista como responsável pela reprodutividade da vida. A partir daí, reforçou-se, então, a construção de uma moral do cuidado − pensada pelos homens.

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Biografia do Autor

Anelise Gregis Estivalet, Universidade de Brasília

Bacharela e Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Estudos de Gênero pelo Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO). Mestra em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Doutora em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) tendo realizado estágio doutoral junto ao Laboratoire Éthique Médicale da Université Paris Descartes - Sorbonne (PARIS V) e Centre d'Études sur l'Actuel et le Quotidien (CEAQ-Sorbonne).

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Publicado

2021-01-07

Como Citar

GREGIS ESTIVALET, A. Colonialidade e Trabalho do Cuidado: o caso das mulheres brasileiras. Revista Feminismos, [S. l.], v. 8, n. 3, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/42127. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Justiça Reprodutiva