A FEMINIZAÇÃO DO CUIDADO E A SOBRECARGA DA MULHER-MÃE NA PANDEMIA

Autores

  • Juliana Marcia Santos Silva
  • Vanessa Clemente Cardoso
  • Kamila Eulálio Abreu
  • Lívia Souza Silva

Resumo

O gênero como uma interpretação social do sexo biológico elaborou para homens e mulheres funções distintas dentro da sociedade e do lar. Por sua vez, a maternidade foi historicamente construída como um destino biológico da mulher, atribuindo a ela um amor maternal oblativo, voluntariamente ofertado para o cuidado dos filhos, da família e de outros que necessitem. Desta forma conceitos como a “ética do cuidado” e o “dispositivo materno” tornam-se relevantes para compreender tal naturalização da feminilização do cuidado. Neste sentido, a posição que a mulher ocupa na sociedade evidenciou-se durante a pandemia de Coronavirus, que também trouxe à tona as diferenças entre as classes sociais e o racismo estrutural. Assim, este artigo analisa a construção histórica dos papéis de gênero afim de refletir sobre o cuidado como parte da sobrecarga materna das brasileiras na pandemia.

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Biografia do Autor

Juliana Marcia Santos Silva

Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal da Bahia - UFBA (2017), Mestra em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres , Gênero e Feminismos pelo PPGNEIM-UFBA (2020) e Doutoranda em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PPGSS/PUC-Rio. Pesquisadora no grupo NIEM-Núcleo Interseccional em Estudos da Maternidade, no NEIM-CIGE: Grupo de Estudos em Ciência, Gênero e Educação e no GPAAR-Grupo de Pesquisa de Ações Afirmativas e Reconhecimento - DSS/PUC-Rio.

Vanessa Clemente Cardoso

Graduada em História pela Universidade Federal de Goiás (2010), com mestrado (2013) e doutorado (2019), em História, defendidos no Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás. Criadora e administradora do grupo Mamães na Pós-graduação e da página Mães na Universidade. Pesquisadora no GT Mulheres Cientistas e Maternidades Plurais (UFG/CNPq).

Kamila Eulálio Abreu

Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Lívia Souza Silva

Bacharel em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Mestranda em Serviço Social na PUC-Rio. Membro do GPAAR-Grupo de Pesquisa de Ações Afirmativas e Reconhecimento - DSS/PUC-Rio.

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Publicado

2021-01-07

Como Citar

SILVA, J. M. S.; CARDOSO, V. C.; ABREU, K. E.; SILVA, L. S. A FEMINIZAÇÃO DO CUIDADO E A SOBRECARGA DA MULHER-MÃE NA PANDEMIA. Revista Feminismos, [S. l.], v. 8, n. 3, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/42114. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê JUSTIÇA REPRODUTIVA: MATERNIDADES E VIOLÊNCIAS