MULHER, GÊNERO E APAGAMENTO: AS DISPUTAS DE SENTIDO NAS LEIS DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/rf.v10i2%20e%203.32343

Resumo

As leis de enfrentamento à violência contra as mulheres são importantes políticas públicas de igualdade, mas elas garantem proteção a todas as mulheres?  O objetivo deste artigo é responder a essa questão, analisando que mulher as leis de enfrentamento à violência contra as mulheres visam amparar e como a sua imagem ocupa essas leis, o que será feito por meio da análise do discurso de vertente pecheutiana, observando as designações a respeito desse sujeito e suas desinências, o funcionamento dos enunciados definidores e das operações de particularização/universalização, além dos efeitos de sentido que emanam dessas disposições. Esperamos que essa análise fomente leis mais inclusivas e democráticas, que contemplem não apenas uma mulher, mas as múltiplas experiências das mulheres.

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Biografia do Autor

Gabriela Perissinotto de Almeida

Doutoranda em Comportamento Social e Processos Cognitivos no Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos, com bolsa CNPq. Mestra em Direito e Desenvolvimento e Graduada em Direito pela Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP - USP). 

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Publicado

2022-10-17

Como Citar

ALMEIDA, G. P. de. MULHER, GÊNERO E APAGAMENTO: AS DISPUTAS DE SENTIDO NAS LEIS DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES. Revista Feminismos, [S. l.], v. 10, n. 2 e 3, 2022. DOI: 10.9771/rf.v10i2 e 3.32343. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/32343. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiê I