Saúde reprodutiva e gestão dos corpos das mulheres brasileiras

Autores

  • Anelise Gregis Estivalet Université Paris Descartes-Sorbonne

Resumo

Desde a década de 1960, houve um declínio crescente nas taxas de fecundidade no Brasil, que era de 6,3 em 1960, atingindo 1,7 em 2015. As taxas entre mulheres jovens (entre 15 e 19 anos) ainda são altas, mas também seguem em declínio. A participação deste grupo na fecundidade total continua a ser de 17,4%. Os institutos de pesquisa apontam que essa taxa deve reduzirá ainda mais até 2030, quando deve chegar a 1,5. Entre os fatores que contribuíram para esse declínio estão a adoção maciça do uso de anticoncepcionais e a maior participação das mulheres no mercado de trabalho, elevando o nível de educação e renda da população. Paralelamente a esta imagem, enquanto temos uma diminuição no número de nascimentos, a porcentagem de nascimentos cesarianos no Brasil, que em 2000 era de 38%, atingiu 55,5% em 2016, enquanto a porcentagem de partos vaginais diminuíram de 62% em 2000 para 44,5% em 2016.

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Biografia do Autor

Anelise Gregis Estivalet, Université Paris Descartes-Sorbonne

Bacharela e Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestra em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Doutora em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) tendo realizado estágio doutoral junto ao Laboratoire Éthique Médicale da Université Paris Descartes - Sorbonne (PARIS V) e Centre d'Études sur l'Actuel et le Quotidien (CEAQ-Sorbonne). Foi consultora da UNESCO junto ao Ministério da Educação (MEC) e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Atuou, também, como Pesquisadora Titular no Ministério dos Direitos Humanos (MDH) e como Professora Substituta na UFRGS e no Instituto Federal do Rio Grande do Sul.

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Publicado

2020-10-17

Como Citar

ESTIVALET, A. G. Saúde reprodutiva e gestão dos corpos das mulheres brasileiras. Revista Feminismos, [S. l.], v. 7, n. 2, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/30374. Acesso em: 11 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos