NECESSIDADES PRÁTICAS DAS MULHERES X INTERESSES ESTRATÉGICOS FEMINISTAS (DE GÊNERO): Revisitando a polêmica

Autores

  • Silvia Cristina Yannoulas Universidade de Brasília
  • Ismalia Afonso da Silva Grupo de Pesquisa TEDis - Universidade de Brasília.

Resumo

Este artigo defende a relevância teórica e a pertinência política da utilização das categorias Necessidades Práticas das Mulheres e Interesses Estratégicos Feministas (de gênero) como proposta feminista, método heurístico e metodologia para a formulação, monitoramento e avaliação de políticas de gênero, a fim de orientar as transformações para além do atendimento às necessidades básicas que se apresentam na vida cotidiana das mulheres, visando à superação da divisão sexual do trabalho. Nossa ideia força é a de que uma formulação que começa como demanda de “mulheres” por uma questão ou necessidade prática, pode ser transformada e assumida pelo feminismo como um interesse estratégico. Para ilustrar a questão, realizaremos três movimentos: no primeiro, apresentamos uma genealogia das categorias; depois, descrevemos sua utilização na bibliografia acadêmica mais recente; para finalmente apresentar suas manifestações na trajetória escolar e laboral de jovens mulheres “nem-nem”, com base nos resultados de pesquisa realizada com jovens da periferia do Distrito Federal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Silvia Cristina Yannoulas, Universidade de Brasília

Licenciada em Ciências da Educação pela UBA, Mestre em Ciências Sociais pela FLACSO/Argentina, Doutora em Sociologia pelo Programa Conjunto FLACSO/Brasil e UnB. Pós-Doutorada em Educação pela UFMG. Professora do Programa de Pós-Graduação em Política Social - PPGPS do SER/UnB.

Ismalia Afonso da Silva, Grupo de Pesquisa TEDis - Universidade de Brasília.

Jornalista e especialista em Políticas Públicas pela Universidade de Brasília (UnB), é mestra en Género, Sociedad y Politicas pela Facultad Latinoamericana de Ciências Sociales (Flacso), Buenos Aires - Argentina.

Referências

ANDERSON, Jeanine. Intereses o justicia? En: Guzmán, Virginia; Portocarrero, Patricia; Vargas, Virginia (comps). Una nueva lectura: género en el desarrollo. Lima, Peru: Entre Mujeres, Flora Tristán, 1992, p. 5-46.
ANDRADE, Masra Abreu. O care e as políticas do tempo: um estudo comparado entre Brasil e Espanha. Monografia Final do Curso de Especialização em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, 2016.
AZZOLIN, Agatha Marina Murari. Reflexões sobre o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres para a inserção das mulheres no mercado de trabalho: utilizando as categorias de Necessidades Práticas e Interesses Estratégicos. Monografia Final do Curso de Especialização em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, 2016.
BANDEIRA, Lourdes, A contribuição da crítica feminista à ciência. Estudos Feministas, Florianópolis, 16(1): 207-230, janeiro-abril/2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ref/v16n1/a20v16n1.pdf.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo, Brasil: Edições 70, 2011.
BEHRING, Elaine; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e história. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2009.
CAMARGO, Brigido Vizeu; JUSTO, Ana Maria. IRAMUTEQ: um software gratuito para análisede dados textuais. Temas em Psicologia, 21(2), 2013, 513-518. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v21n2/v21n2a16.pdf.
CASTRO, Mary G. Alquimia de categorias sociais na produção dos sujeitos políticos. Revista Estudos Feministas. Ano 0, n. 0, 1992, p. 57-73. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/viewFile/15801/14294.
CASTRO, Mary G. Gênero, raça/etnicidade, trabalho e sindicalismo no Brasil. Cadernos da Área. Estudos de Gênero. Goiânia/GO: UCG, n. 4, 1996, p. 15-46.
CASTRO, Nadya A.; GUIMARÃES, Iracema B. Divisão sexual do trabalho, produção e reprodução. In: SIQUIERA, Deis E. et al. Relações de trabalho, relações de poder. Brasília/DF: UnB, 1997, p. 177-211.
DI MARCO, Graciela, El pueblo feminista. Movimientos Sociales y Lucha de las mujeres em torno de la ciudadanía. Buenos Aires: Biblos, 2011.
FRASER, Nancy. A luta pelas necessidades: Esboço de uma teoria crítica socialista-feminista da cultura política do capitalismo tardio. Debate Feminista, México, 1999, p. 105-141.
FRITZ, Heidi H.; Valdés, Tersa E. Igualdad y Equidad de Gênero: Aproximação Teórico-Conceptual. Una Herramienta de Trabajo para las Oficinas y Contrapartes del UNFPA. Volumen 1. Equipo de Apoyo Técnico para América Latina y Caribe Fondo de Población de Naciones Unidas (UNFPA). El Salvador: Diciembre de 2006. Disponível em: http://www.entremundos.org/databases/Herramientas%20de%20trabajo%20en%20genero%20UNFPA.pdf
GUZMAN, Virginia. La institucionalidad de género en el estado: Nuevas perspectivas de análisis. CEPAL, Santiago de Chile, 2001. Disponível em: http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/5878/1/S01030269_es.pdf.
GUZMÁN, Virginia; PORTOCARRERO, Patricia; VARGAS, Virginia (comps). Una nueva lectura: género en el desarrollo; Lima: 1992, Ed. Entre Mujeres, Flora Tristán.
HARAWAY, Donna J., Ciencia, cyborgs y mujeres, Cátedra, Madrid, 1995a.
HARAWAY, Donna J., Saberes Localizados: A questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Número 5, Unicamp, pp. 07-41, 1995b. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773/1828.
HARAWAY, Donna J. Gênero para um Dicionário Marxista: a política sexual de uma palavra. Cadernos Pagu, Número 22, Unicamp, pp 201-246, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cpa/n22/n22a09.pdf.
HIRATA, Helena et al. (orgs.), Dicionário Crítico do Feminismo. São Paulo/SP: Editora Unesp, 2009.
HIRATA, Helena. Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP. V. 26, n. 1, 2014, p. 61-73. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ts/v26n1/05.pdf.
KERGOAT, Daniele. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: HIRATA, Helena et al. (Orgs.) Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Unesp, 2009, p. 67-75.
KERGOAT, Danièle. Dinâmica e consubstancialidade das relações sociais. Novos Estudos Cebrap, 86, 2010, 93-103. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/nec/n86/n86a05.pdf
LAMAS, Marta. A título de Introdução. Debate Feminista, México, 1999, p. IX-XI.
LIMA, Telma C. S. de; MIOTO, Regina C. T. Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Katálysis. Número Especial: Pesquisa e produção de conhecimento no campo do Serviço Social. Florianópolis , v. 10,n. Spe, 2007, p. 37-45. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rk/v10nspe/a0410spe.pdf.
MACHADO, Leda M. V. Políticas Públicas e Gênero: A questão das necessidades práticas e estratégicas. São Paulo: Núcleo de Pesquisas e Publicações da Fundação Getúlio Vargas, Relatório de Pesquisa N. 10, 1997. Disponível em: http://gvpesquisa.fgv.br/sites/gvpesquisa.fgv.br/files/publicacoes/P00170_1.pdf.
MIGAIRE, Luiza L. Relatório Final Individual de prática de pesquisa: Análise das produções acadêmicas feministas nos últimos 20 anos utilizando as categorias “necessidades práticas” e “interesses estratégicos”. Brasília/DF. UnB. Julho/2016.
MENDES, Linidelly Rocha. Desigualdade de Gênero e Raça no Ensino Técnico. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação (Serviço Social) - Universidade de Brasília, Brasília. Disponível em: http://bdm.unb.br/bitstream/10483/13096/1/2015_LinidellyRochaMendes.pdf
MIRANDA, Marina Carneiro De. Vagões Rosa: Uma separação que protege? Monografia Final do Curso de Especialização em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, 2016.
MOLYNEUX, Maxine. Movimientos de Mujeres em América Latina. Estudio Teórico Comparado. Madrid: Ediciones Cátedra, 2003.
MOLYNEUX, Maxine. Justicia de Género, ciudadanía y diferencia em América Latina. In: PRIETO, Mercedes (ed). Mujeres y escenarios ciudadanos. Quito: FLACSO y Ministrio de Cultura, 2008. Disponível em: http://www.flacsoandes.edu.ec/libros/digital/42169.pdf.
MOSER, Caroline O.N. Gender Planning and Development. London: Routledge, 1993. Disponível em: http://www.polsci.chula.ac.th/pitch/urbansea12/moser1993.pdf.
MOSER, Caroline O. N. La planificación de género em el Tercer Mundo: Enfrentando las necesidades prácticas y estratégicas de género. In: GUZMÁN, Virginia; PORTOCARRERO, Patricia; VARGAS, Virginia (comps). Una nueva lectura: género en el desarrollo; Lima: 1992, Ed. Entre Mujeres, Flora Tristán, páginas 55 a 123.
MOURA, Mônica Wianine Gomes de. Políticas de Conciliação Trabalho e Família no Brasil e Portugal: Uma análise comparada. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação (Serviço Social) - Universidade de Brasília, Brasília, 2014 . Disponível em: http://bdm.unb.br/handle/10483/9725.
ORTALE, Susana e ROSAS, Rocío E. (coords). Política Social em América Latina y género. Buenos Aires, Biblos, 2011.
PPGPS, Revista Ser Social: Gênero e Política Social. Brasília, V. 10, N. 22, Jan.-Jun. 2008. Disponível em: http://periodicos.unb.br/index.php/SER_Social/issue/view/36.
SAFFIOTI, Heleith. Rearticulando gênero e classe social. In: COSTA, Albertina; BRUSCHINI, Cristina (Orgs.). Uma questão de gênero. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos; São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1992, p. 183-215
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Educação & Realidade, vol. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721/40667.
SILVA, Ismália A. da. Percepções e Resistências sobre Desigualdade de Gênero e Raça na Trajetória Laboral e Escolar das Mulheres Jovens da Periferia do DF. 2017. Dissertação (Progr. Regional de Formación en Género y Políticas) - Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales – Buenos Aires, Argentina.
SORJ, Bila. Reconciling work and family; issues and policies in Brazil. Genebra, Suíça: International Labour Office (ILO), 2004. Disponível em: http://www.ilo.org/travail/whatwedo/publications/WCMS_TRAVAIL_PUB_8/lang--en/index.htm.
SORJ, Bila. Percepções sobre esferas separadas de gênero. In: ARAUJO, Clara; SCALON, Celi (orgs.) Gênero, Família e Trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2007. p. 79-88.
STRAUSS, Anselm; CORBIN, Juliet. Metodologia da Teoria Fundamentada: Uma Visão Geral. 1997. Disponível em: http://fredlopes.com.br/arquivos/traducoes/pesquisa_qualitativa/met_teoria_fundamentada.pdf.
STRAUSS, Anselm; CORBIN, Juliet. Pesquisa Qualitativa: Técnicas e Procedimentos para o Desenvolvimento de Teoria Fundamentada. Porto Alegre: Artmed, segunda edição, 2008.
VILLAR, Nayara Lemos. Gênero e Diversidade na Escola - GDE. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação (Serviço Social) - Universidade de Brasília, Brasília, 2014. Disponível em: http://bdm.unb.br/bitstream/10483/11982/1/2015_NayaraLemosVillar.pdf
WELLER, Wivian. A presença feminina nas (sub)culturas juvenis: a arte de se tornar visível. Estudos feministas, 13(1), p. 107-126, janeiro/abril 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ref/v13n1/a08v13n1.pdf.
WELLER, Wivian. Grupos de discussão na pesquisa com adolescentes e jovens: aportes teórico-metodológicos e análise de uma experiência com o método. Educação e Pesquisa. V. 32, n. 2, p. 241-260, maio/ago, 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v32n2/a03v32n2.pdf.
YANNOULAS, Silvia C. (Coord.) A convidada de pedra: mulheres e políticas públicas de trabalho e renda. Brasília: Flacso; Abaré, 2003. Disponível em: http://www.flacso.org.br/pdf/pptr/347.pdf .
YANNOULAS, Silvia C. Feminismo, Estado y Políticas Sociales: igualdad, diferencia y algo más In: Autonomía y Feminismo siglo XXI: escritos en homenaje a Haydée Birgin.1 ed.Buenos Aires : Biblos, 2012, v.1, p. 314-321.
YANNOULAS, Silvia C. (Coord.). Trabalhadoras Análise da Feminização das Profissões e Ocupações. Brasília: Abaré, 2013. Disponível em: http://tedis.unb.br/images/pdf/YannoulasLivroTrabalhadorasFinalCompleto.pdf .
YOUNG, Kate. Reflexiones sobre cómo enfrentar las necesidades de las mujeres. In: GUZMÁN, Virginia; PORTOCARRERO, Patricia; VARGAS, Virginia (comps). Una nueva lectura: género en el desarrollo; Lima: 1992, Ed. Entre Mujeres, Flora Tristán, páginas 15-54.
ZAREMBERG, Gisela. Género versus pueblo?: movilización, cooptación y participación em Venezuela, Brasil y Nicargua. Latin American Research Review, Volume 51, Number 1, 2016
pp. 84-108. Disponível em: https://muse.jhu.edu/article/617802

Downloads

Publicado

2018-01-11

Como Citar

YANNOULAS, S. C.; DA SILVA, I. A. NECESSIDADES PRÁTICAS DAS MULHERES X INTERESSES ESTRATÉGICOS FEMINISTAS (DE GÊNERO): Revisitando a polêmica. Revista Feminismos, [S. l.], v. 5, n. 2/3, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/30241. Acesso em: 18 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos