O poder simbólico da menstruação: discursos científicos sob o escrutínio das epistemologias feministas

Autores

  • Letícia Wons Universidade Federal da Bahia

Resumo

Proponho uma reflexão acerca da luta do poder simbólico sobre a menstruação, uma vez que esta implica em uma série de afirmações sobre natureza, corpo e gênero. As percepções sobre menstruação reforçam estruturas de poder nas quais mulheres são inferiorizadas, a partir da negativação desse fenômeno. É de meu interesse perscrutar os discursos veiculados, desde o âmbito do ensino das ciências biológicas até a ordem dos discursos cotidianos e interpessoais de troca de informação sobre o corpo, considerando inclusive as imbricações entre essas esferas. Para tanto, é importante compreendermos as críticas estabelecidas pelas epistemologias feministas no que concerne a prática científica e suas afirmações. Nesse debate, elenco como elemento-chave a noção de objetividade que a ideia de ciência carrega e suas consequências em termos de metodologia e de resultados obtidos e seus usos.

Palavras-chave: menstruação; ciência; epistemologias feministas; corpo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Letícia Wons, Universidade Federal da Bahia

Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná, com ênfase em Antropologia. Atualmente, é mestranda do Programa Interdisciplinar Sobre Mulheres, Gênero e Feminismos na Universidade Federal da Bahia e tem como recorte de pesquisa a emergência dos coletores menstruais, pensando nas implicações entre dispositivos higiênicos e ordens prático-simbólicas da menstruação.

Referências

-BERMAN. Ruth. Do dualismo de Aristóteles à dialética materialista: a transformação feminista da ciência e da sociedade. In: JAGGAR, Alison e BORDO, Susan (ed). Gênero, corpo e conhecimento. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos. 1997. p. 241-275.
-FÁVERI, Marlene de & VENSON, Anamaria. Entre Vergonhas e Silêncios, o Corpo Segredado. Práticas e Representações que Mulheres Produzem na Experiência da Menstruação. Anos 90, Porto Alegre, v. 14, n. 25, julho 2007. p. 65-97.
-FOX KELLER, Evelyn. Qual foi o impacto do feminismo na ciência? Cadernos Pagu (27), julho-dezembro de 2006. p. 13-34.
-FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas: Uma arqueologia das Ciências Humanas. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
-HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da Ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, São Paulo, n.5, 1995. p.07-42
-LAQUEUR, Thomas. Inventando o Sexo. Corpo e Gênero dos Gregos a Freud. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.
-LOPES, Sônia. Bio: Volume único. 1.ed - São Paulo: Saraiva, 2004.
-MALUF, Sônia Weidner. Corpo e corporalidade nas culturas contemporâneas: Abordagens antropológicas. Revista Esboços: Florianópolis, 2001.
-MANICA, Daniela Tonelli. Supressão da Menstruação: uma discussão sobre alguns dos embates entre o natural e o cultural. In: XXVI Encontro Anual da ANPOCS, 2002, Caxambu. XXVI Encontro Anual da ANPOCS, 2002.
-PINHO, Maria José Souza & LIMA E SOUZA, Ângela Maria Freire. Gênero em Coleções de Livros Didáticos de Biologia. Revista Feminismos. Vol 2, No 03, 2014.
-SARDENBERG, Cecilia M. B.. De Sangrias, Tabus e Poderes: a menstruação numa perspectiva sócio-antropológica. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 2, n. 2, jan. 1994.
-SCHIEBINGER, Londa. Expandindo o Kit de Ferramentas Agnotológicas: Métodos de Análise de Sexo e Gênero. Revista Feminismos, Vol.2, N.3 Set. - Dez. 2014. p. 85 – 103.
-YOUNG, Iris Marion. On Female Body Experience: “Throwing Like a Girl” and Other Essays. Oxford University Press, 2005.

Downloads

Publicado

2017-07-15

Como Citar

WONS, L. O poder simbólico da menstruação: discursos científicos sob o escrutínio das epistemologias feministas. Revista Feminismos, [S. l.], v. 4, n. 1, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/30183. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos