Avaliação dos níveis de hemoglobina em pacientes alcoolistas infectados por enteroparasitos
DOI:
https://doi.org/10.9771/cmbio.v24i3.70890Palavras-chave:
Alcoolismo, Anemia, Enteroparasitos, Strongyloides stercoralisResumo
Introdução: O alcoolismo crônico compromete diversos sistemas do organismo, incluindo o hematopoiético, sendo frequentemente associado à anemia. A coinfecção com enteroparasitos, especialmente Strongyloides stercoralis, é comum em indivíduos alcoolistas e pode potencializar alterações hematológicas. O objetivo deste estudo é avaliar a frequência de anemia em indivíduos alcoolistas e sua associação com enteroparasitoses, bem como analisar a relação entre a carga parasitária de S. stercoralis e os níveis de hemoglobina. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, desenvolvido com 341 pacientes alcoolistas do sexo masculino internados no Centro de Acolhimento e Tratamento de Alcoolistas (CATA) / Obras Sociais Irmã Dulce (OSID). Foram realizados hemograma e exame parasitológico de fezes (Sedimentação espontânea, Baermann-Moraes e Cultura em Placa de Agar (CPA)) em todos os indivíduos. A carga parasitária foi determinada através do Baermann-Moraes. Resultados: Foi encontrada uma prevalência de anemia de 60,4% (206/341). De forma geral, não houve diferença significativa na frequência de anemia e nos níveis de hemoglobina entre pacientes monoparasitados e não infectados por enteroparasitos, 60% (66/110) e 62,3% (137/220) e 13,10 ± 1,45 g/dL e 13,09 ± 1,29 g/dL, respectivamente. No entanto, pacientes infectados por S. stercoralis apresentaram uma maior frequência de anemia, 73% (44/60), com hemoglobina média de 12,9 ± 1,48 g/dL, sem diferença significativa. Ademais, observou-se uma tendência de correlação negativa entre a carga parasitária de S. stercoralis e os níveis de hemoglobina (r = -0,233; p = 0,052), sugerindo que maiores cargas parasitárias estão associadas a menores níveis de hemoglobina. Este dado é corroborado pela menor concentração de hemoglobina em indivíduos com carga parasitária acima de 100 larvas/g de fezes (lpg), quando comparado aos alcoolistas com menos de 10 lpg, 12,33 ± 1,28 e 13,13 ± 1,61 g/dL, respectivamente. Conclusão: Os dados reforçam que a anemia é uma condição clínica relevante no paciente alcoolista, mas independe da presença de enteroparasitoses. No entanto, a elevada frequência de anemia entre os pacientes infectados por S. stercoralis sugere que esse parasito pode ter impacto relevante no perfil hematológico de indivíduos alcoolistas, especialmente na presença de altas cargas parasitárias.
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