Da atitude consorcial à gestão social: eppur si muove

Resumo

O presente artigo reflete uma pesquisa em movimento; daí a expressão de Galileu Galilei: e (sem dúvida) se move, usada depois de sua submissão aos inquisidores. Neste artigo será analisada a micro-física do Grande ABC, São Paulo, que é o terceiro maior pólo de trabalho e consumo do país, um território de uma centena e meia de “bairros” que antes denominavam-se “favelas”, representante de quase 8% do PIB paulista e região dos maiores salários industriais do Brasil. Ali se moveu um processo original de coprodução governativa regional, que se iniciou, em 1990, com um consórcio espontâneo dos sete municípios que compõem a região, e que depois de 10 anos institucionalizou-se com câmaras e grupos de trabalho paritários, compostos por agentes públicos, membros dos arranjos produtivos e ampla representação da sociedade civil. A realização deste trabalho exigiu o acompanhamento crítico dos desdobramentos dessa associatividade, o que implicou em participar de dezenas de encontros, colóquios, seminários e assembléias, sempre com a presença dos diversos stakeholders, sustentadores regionais. Aqui se busca, pois, via experiência local-regional, demonstrar os principais conceitos, os fundamentos políticos e as perspectivas das chamadas "concertações” regionais, seus interesses, suas leituras de mundo, suas necessidades e seus projetos de construção compartilhada do bem-comum. Embora haja dilemas e desafios, ficam evidentes as atitudes inovadoras na experiência de uma maioridade, 18 anos de consorciatividade regional, de diferenças pontuadas por alguns consensos, de mais acordos do que divergências. Mais que estratégico, o processo que ainda se move foi educativo, isto é, provocou mudanças na consciência da sociedade local/regional