Luz, Câmera, Ação! Quando a Resistência ao Poder e Controle Organizacional Provoca o Riso
Palavras-chave:
Cultura Organizacional, Humor, Resistência.Resumo
Analisando a temática da resistência sob o prisma do humor, estabelecemos como objetivo para esta pesquisa identificar aspectos do discurso de vídeos de funcionários que representam sua resistência diante das organizações, utilizando-se da criatividade, do humor e do mau comportamento. Para tanto, foram analisados cinco vídeos extraídos da página Youtube, publicados entre maio de 2011 e fevereiro de 2015. Os resultados apontam que, tanto elementos relativos à imagem bem como ao discurso que acompanha os vídeos, atrelados ao contexto no qual estão inseridos, revelam a resistência dos sujeitos à hegemonia organizacional. Nossa análise apontou para duas formas de resistência na utilização do humor: (1) denúncia de práticas empresariais – whistleblowing; e (2) retirada. Destaca-se, também, o potencial da utilização da Internet como forma de disseminar atos de resistência organizacional, apontando este meio como campo para investigações futuras sobre o tema.
Downloads
Referências
ASH, T. G. Free Speech: Ten Principles for a Connected World. New Haven: Yale University Press, 2016.
BARBOSA, D. Trabalhadores gravam vídeo sem roupa na Espanha. Exame.com 16 jun. 2011. Disponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/trabalhadores-gravam-video-sem-roupa-para-protestar-contra-fechamento-de-fabrica. Acesso em: 12 jul. 2015.
BARSOUX, J. L. Why organisations need humour. European Management Journal, v. 14, n. 5, p. 500-508, 1996.
BESSI, V. G.; GRISCI, C. L. I. Expressões da resistência no cotidiano do trabalho em bancos portugueses. RAC eletrônica, v. 2, n. 3, p. 374-391, 2008.
BRAGON, R. Em Contagem (MG), professora protesta com versão de 'Beijinho no Ombro'. UOL. 15 abr. 2015. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/noticias/2014/04/15/em-contagem-mg-professora-protesta-com-versao-de-beijinho-no-ombro.htm. Acesso em: 12 jul. 2015.
CARRIERI, A. de P. O humor como estratégia discursiva de resistência: as charges do SINTTEL/MG. Revista Organização e Sociedade, Salvador, v. 11, n. 30, p. 29-48, maio/ago. 2004.
______; RODRIGUES, S. B. As transformações nas significações culturais em uma empresa de telecomunicações: de empresa pública a filial privada. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO. 25. Campinas, 2001. Anais... Rio de Janeiro: Anpad, 2001.
CASTELLS, M. Redes de Indignação e de Esperança. Movimentos Sociais na era da Internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.
COLLINSON, D. L. Managing humour. Journal of Management Studies, v. 39, n. 3, p. 269-288, 2002.
CONTU, A. Decaf resistance on misbehavior, cynicism, and desire in liberal workplaces. Management Communication Quarterly, v. 21, n. 3, p. 364-379, 2008.
DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de Psicopatologia do Trabalho. São Paulo: Cortez, 1987.
______. Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. In: CHANLAT, J. F. O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. São Paulo: Atlas, 1993.
DUNDON, T.; VAN DEN BROEK, D. Institutionalism: reconceptualizing the resistance and misbehavior binaries. Advances in Industrial and Labor Relations, v. 19, p. 141-159, 2012.
FOLHA DE S. PAULO. 30 set. 2013. Americana dança e publica vídeo no YouTube para pedir demissão. Folha de São Paulo. Disponível em: http://classificados.folha.uol.com.br/empregos/2013/09/1349597-americana-danca-e-publica-video-no-youtube-para-pedir-demissao.shtml. Acesso em: 12 jul. 2015.
FURTADO, R. A.; CARRIERI, A. P.; BRETAS, P. F. F. Humor na Internet: trabalhadores utilizam nova estratégia para protestar contra demissões e terceirizações. Revista de Administração, v. 49, n. 1, p. 33-44, 2014.
GABRIEL, Y. Glass cages and glass palaces: Images of organization in image-conscious times. Organization, v. 12, n. 1, p. 9-27, 2005.
______. Spectacles of resistance and resistance of spectacles. Management Communication Quarterly, v. 21, n. 3, p. 310-326, 2008.
GRIFFIN, D. H. Satire: A critical reintroduction. Lexington: University Press of Kentucky, 1994.
GRUGULIS, I. Nothing serious? Candidates' use of humour in management training. Human Relations, v. 55, p. 387-406, 2002.
HALL, R. Organizações: estruturas e processos. São Paulo: Prentice Hall, 1984.
______. Organizações: estruturas, processos e resultados. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
HARDY, C.; CLEGG, S. R. Alguns ousam chamá-lo de poder. In: CLEGG, S. T.; HARDY, C.; NORD, W. R. Handbook de estudos organizacionais. Vol. 2. São Paulo: Atlas, 1998. p. 261-289.
IRIGARAY, H. A.; SARAIVA, L. A.; CARRIERI, A. P. Humor e Discriminação por Orientação Sexual no Ambiente Organizacional. RAC, Curitiba, v. 14, n. 5, p. 890-906, set./out. 2010.
KENNY, K. The performative surprise: parody, documentary and critique. Culture and Organization, v. 15, n. 2, p. 221-235, 2009.
KIRCHHOFF, J. W.; KARLSSON, J. C. Expansion of output: Organizational misbehaviour in public enterprises. Economic and Industrial Democracy, v. 34, n. 1, p. 107-122, 2012.
KUIPERS, G. The Sociology of Humor. In: RASKIN, V. (Ed.). The Primer of Humor Research. New York: Mouton de Gruyter, 2008.
MALONE, P. B. Humor: a double-edged tool for today’s managers?Academy of Management Review, v. 5, n. 3, p. 357-360, 1980.
MARQUES, A. C. S.; OLIVEIRA, L. Poder e Resistência: breve reflexão teórica sobre o papel do humor nos conflitos público-privado em contextos organizacionais. Ciberlegenda (UFF. Online), v. 1, p. 99-110, 2012.
MEDEIROS, C. R. O.; ALCAPADIPANI, R. In the corporate backstage, the taste of revenge: Misbehaviour and humor as form of resistance and subversion. Revista de Administração, v. 51, n. 2, p. 123-136, 2016.
MEDEIROS, C. R. O. et al. Online Social Networks and the New Organizational Spaces. J. Technol. Manag. Innov. v. 8, p. 154-165, 2013.
MERTON, R. K. Estrutura burocrática e personalidade. In: CAMPOS, E. Sociologia da Burocracia. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
MINAYO, M. C. S.; SANCHES, O. Quantitativo-Qualitativo: Oposição ou Complementaridade? Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, v. 9, n. 3, p. 239-262, jul/set, 1993.
MOZZATO, A. R.; GRZYBOVSKI, D. Análise de conteúdo como técnica de análise de dados qualitativos no campo da administração: potencial e desafios. Revista de Administração Contemporânea, v. 15, n. 4, p. 731-747, 2011.
RODRIGUES, S. B; COLLINSON, D. L. 'Having Fun'?: humour as resistance in Brazil. Organization Studies, v. 16, n. 5, p. 739-768, 1995.
SANT'ANNA, A. R. Paródia, paráfrase & cia. São Paulo: Editora Ática, 1985.
SYMON, G. Exploring Resistance from a Rhetorical Perspective. Organization Studies, v. 26, v. 11, p. 1641-1666, 2005.
TANG, L.; BHATTACHARYA, S. Power and resistance: A case study of satire on the Internet. Sociological Research Online, v. 16, n. 2, p. 1-9, 2011.
TAYLOR, P.; BAIN, P. ‘Subterranean worksick blues’: humour as subversion in two call centres. Organization Studies, v. 24, n. 9, p. 1487-1509, 2003.
THOMPSON, P.; ACKROYD, S. All quiet on the workplace front? A critique of recent trends. British Industrial Sociology, v. 29, n. 4, p. 615-633, 1995.
VANOYE, F.; GOLIOT-LÉTÉ, A. Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas: Papirus Editora, 2008.
WEBER, M. Economia e Sociedade. Brasília: UnB, 1998.
WESTWOOD, R.; JOHNSTON, A. Humor in organization: from function to resistance. Humor, v. 26, n. 2, p. 219-247, 2013.
WESTWOOD, R.; JOHNSTON, A. Reclaiming authentic selves: control, resistive humour and identity work in the office. Organization, v.18, n.2, p.1-22, 2011.
WOOD JR., T.; CALDAS, M. Rindo do quê? Como consultores reagem ao humor crítico e à ironia sobre sua profissão. Organizações & Sociedade, v. 12, n. 34, p. 83-101, 2005.