Ressonância Estratégica e
Inovação em Serviço de Segurança Pública no Brasil
Sueli Menelau
Professora do Núcleo de Gestão
da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Professora do Mestrado
Profissional em Propriedade Intelectual, Transferência de Tecnologia para
Inovação (ProfNIT) e Coordenadora do LabPOP/UFPE. Doutora em Administração pela Universidade de
Brasília. E- mail: suelimenelau@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5479-7292
Luiz Akutsu
Auditor Federal de Controle
Externo do Tribunal de Contas da União. Doutor em Administração pela
Universidade de Brasília. E-mail: luiz_akutsu@yahoo.com.br
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6581-5460
Antônio Isidro-Filho
Professor do Programa de
Pós-Graduação em Administração da Universidade de Brasília (PPGA/UnB) e
Coordenador do LineGov/UnB. Doutor em Administração
pela Universidade de Brasília. E- mail: antonio.isidro.filho@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1174-8586
Antônio Sérgio Araújo Fernandes
Professor do Núcleo de
Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal da Bahia (NPGA/UFBA).
Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo com pós-doutoramento
na University of Texas at Austin na LBJ School of Public Affairs. E-mail: antoniosaf@ufba.br
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4171-7759
DATA DE SUBMISSÃO: 13/09/2016
DATA DE APROVAÇÃO: 14/12/2017
Resumo
O objetivo do estudo foi testar, com a
construção de duas escalas, uma contribuição exploratória de um modelo da relação entre ressonância
estratégica (RE) e inovação em serviço de segurança pública (ISSP). O
objeto de análise são os Postos Comunitários de Segurança (PCSs)
da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). O modelo da relação foi testado utilizando uma modelagem de equação
estrutural de variáveis explicativas de ISSP e RE. Resultados mostram
que as relações estruturais postuladas entre as variáveis são corroboradas
pelas análises da amostra global, obtendo-se evidências de validação das
escalas. Conclui-se que os PCSs são uma ISSP nos quais é possível perceber que o policiamento
está atrelado às interações entre população e PMDF em uma relação composta por
características humanas, estruturais e operacionais do serviço. Destacam-se
como principais contribuições desta pesquisa a proposição da relação
entre RE e ISSP e o desenvolvimento e a validação de duas escalas que medem
esses dois construtos.
Palavras-Chave: Inovação em
Serviço de Segurança Pública; Ressonância Estratégica; Polícia Militar; Postos Comunitários de Segurança; Modelagem de Equação Estrutural.
Abstract
The objective of the study was
to test, with the construction of two scales, an exploratory contribution of a
model of the relationship between strategic resonance (SR) and innovation in
public safety service (IPSS). The object of analysis is the Community Security
Stations (Postos Comunitários de Segurança
- PCSs) of the Polícia Militar
do Distrito Federal (PMDF). The relationship model
was tested using a structural equation modeling of IPSS and SR explanatory
variables. Results show that the postulated structural relationships among the
variables are corroborated by the analyzes of the global sample, obtaining
evidences of validation of the scales. It is concluded that PCSs are an IPSS in
which it is possible to perceive that policing is linked to the interactions
between population and PMDF in a relation composed of human, structural and
operational characteristics of the service. The main contributions of this
research are the proposal of the relationship between SR and IPSS and the
development and validation of two scales that measure these two constructs.
Keywords: Innovation in Public Security Service; Strategic
Resonance; Military Police; Community Stations; Structural Equation Modeling.
1. Introdução
Para
conceberem e fornecerem serviços públicos as organizações públicas, muitas
vezes, precisam associar fatores organizacionais e ambientais estrategicamente,
modificando suas características mediante inovações cujo efeito pode ser
avaliado em sua performance (Choi & Chang, 2009; Naranjo-Gil, 2009). O espaço para atuar estrategicamente e
inovar é um desafio considerável para organizações que atuam no setor público
(Leonard-Barton, 1982), principalmente as que fornecem serviços de segurança
pública (Rolim, 2007). Após
busca de artigos publicados no período de janeiro de 2001 a dezembro de 2015
usando a palavra chave "segurança pública" nas bases de dados Scielo
e Spell, verificou-se que, no Brasil, o campo de estudos relacionado à segurança pública vem
crescendo. Adorno e Dias (2014) e Lima, Ratton e
Azevedo (2014) destacam, contudo, que esse campo de estudos carece ainda de
inserções acadêmicas sobre algumas de suas nuanças, entre elas, a de discussões
sobre políticas de segurança pública que imponham regulação a um país pontuado,
nesse mesmo período, pelo aumento da violência policial. Cruz e Barbosa (2002a),
Sapori (2002) e Lima, Ratton
e Azevedo (2014) acrescentam que, apesar da importância em se obter inovação em
serviço (IS) prestado pelo Sistema de Justiça Criminal brasileiro (constituído
por sistema judiciário e carcerário, Ministério Público e instituições
policiais), responsável pela atividade exclusiva do Estado de manutenção da
ordem pública, geralmente serviços de segurança pública ofertados por
organizações militares não são estudados com uma abordagem organizacional .
Enquanto muitas pesquisas têm focado a inovação política-institucional que
envolve as organizações públicas policiais, a literatura de gestão pública –
sem desmerecer esses estudos – apresenta falhas do ponto de vista da análise
dessas entidades (Cruz & Barbosa, 2002a; Lima, Ratton,
& Azevedo, 2014).
Pesquisas
sobre inovação em serviço de segurança pública (ISSP), especificamente sobre
policiamento, geralmente enfocam a IS seja em nível institucional (por exemplo,
Beato Filho, 1999; Craig & Heikkila, 1989), seja
em nível individual (vide Mesquita Neto, 2004), em vez do organizacional. Além
disso, estudos tendem a enfatizar inovações nos modelos de policiamento
(Oliveira Júnior & Silva, 2010) e de governança (Chalom, Léonard,
Vanderschueren, & Vézina,
2001; Poncioni, 2013), em vez dos processos pelos quais a inovação é implementada. Pesquisas
têm sugerido ainda (vide Robertson, 1998;
Shearing & Stenning,
1987; Sparrow, 2014) que as características específicas dos serviços de segurança pública
tornam o processo de inovação em organizações do setor público distinto do que
ocorre no setor privado. McKenna (2014) destaca que estudos no campo da
segurança pública não levam em conta como as características funcionais dos
serviços de policiamento são afetadas no processo de adição de valor. Bayley e Skolnick (2002) e Coelho (1986) acrescentam que os estudos sobre o tema raramente se conectam ao alinhamento do ambiente com a função de operações das organizações policiais como contribuinte estratégico para o
desenvolvimento e à manutenção da IS, configurando uma disjunção entre o aparelho policial e a administração da polícia.
Nas
discussões de pesquisas realizadas no contexto organizacional que enfatizam a
inovação como importante conceito estratégico, inclusive para organizações do
setor público (vide, por exemplo, Mulgan & Albury, 2003), emprega-se, predominantemente, a abordagem
integradora de inovação (Djellal & Gallouj, 2012a, 2012b) e parâmetros de estudos realizados
em organizações do setor privado. A posição central dessa abordagem é que o
processo de inovação de produtos (que podem ser serviços ou bens) se desenvolve
a partir da modificação de suas características funcionais genéricas e está centrado na relação entre usuário-provedor
(Gallouj, 1994, 2002, 2007). Muitos dos autores que pesquisam o tema salientam a importância de aspectos
comuns aos bens e aos serviços no processo de
inovação, e desenvolvem tipologias dos modos de inovação a partir da
mobilização de características do produto resultante do processo (Vargas, Bohrer, Ferreira,
& Moreira, 2013). A inovação é considerada como um complemento à perspectiva tradicional
de produto, por ter uma noção abrangente e multidimensional que envolve várias
funções, tanto dentro como fora da organização (Carlborg, Kindström, & Kowalkowski,
2014). Aspectos
tecnológicos e não tecnológicos, assim como particularidades que distinguem a
maioria dos serviços de produtos (como inseparabilidade entre produção e
consumo, intangibilidade, baixa negociabilidade e heterogeneidade) são vistos
como uma condição importante para agregar valor ao processo (Gallouj & Savona,
2010; Gallouj & Windrum,
2009).
Decorrente do objetivo deste estudo, outra premissa importante é a influência que o alinhamento organizacional, tanto com o ambiente quanto com os recursos e processos da empresa, exerce no estabelecimento de um curso de ação de uma organização, impactando em suas inovações. Nesse sentido, garantir ligações contínuas e harmonização entre o ambiente e as capacidades de operações da organização, entre essas capacidades e a estratégia corporativa, e entre todas as funções e todos os níveis da organização, é visto como um fator crucial para encontrar ressonância estratégica (RE) (Brown, 2000). Para Brown e Cousins (2004) e para Wang e Cao (2008), a planta operacional e a transformação do desenho organizacional para uma estrutura menos burocrática, também são vistos como relevantes e eficazes à promoção da RE. As investigações sobre RE têm se destinado a entender os processos sob os auspícios do paradigma de fabricação industrial (ver Naqshbandi & Kaur, 2011) e se concentrado, em geral, nas atividades da indústria automobilística (Brown, 2000; Brown & Bessant, 2003). Embora exista pouca evidência empírica, constatou-se que a RE é fundamental à inovação (Brown, 2001) e à estratégia sustentável (Spetic, Marquez, & Kozak, 2012).
Em outros países, experimentos que contemplam um processo de reforma organizacional de polícias e lhes traga métodos de solução de problemas (ao invés de resposta a ocorrência criminal), remontam a pelo menos, 60 anos, como os conduzidos pelas próprias polícias entre as décadas de 1950 a 1990 nos Estados Unidos (Ribeiro, 2014). No Brasil, entretanto, a inexperiência na implementação de políticas de prevenção em segurança pública (Silveira, 2014) faz com que as ações impetradas pelas polícias diferenciem substantivamente (Ribeiro, 2014), sem que tenha avultado em suas corporações estaduais, destacando-se apenas a do Distrito Federal e a de mais cinco estados brasileiros, de um total de 27 unidades federativas (Bondaruk & Souza, 2012). No que se refere a trajetória da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), desde 1995, a organização vem buscando ofertar, intermitentemente, o serviço de PC por meio da criação de conselhos, patrulhas e tentativas de aproximação da população (ver GDF, 2005; PMDF, 2007; UNODC, 2011).
Com esse escopo em vista, considerou-se o serviço de policiamento comunitário (PC) uma
IS de policiamento e uma nova estratégia organizacional, estabelecido em torno
da relação de parceria entre a Polícia Militar (PM) e a população, que passa a
participar da elaboração de ações de preservação da ordem pública e civil (Brodeur, 2002; Gaines, Trojanowicz, & Kappeler, 2009; Menelau, Vieira, Macedo, Adaid-Castro, & Nascimento, 2015). Sua dinâmica se dá por meio do trabalho
policial ostensivo e preventivo correspondente ao complexo exercício da função
policial definida pelo compromisso inalienável com a construção social da paz e
do bem-estar, com o respeito aos direitos humanos. Assim, este trabalho tem como objetivo
geral evidenciar a influência que a RE pode ter sobre a ISSP, tomando como caso
de análise os Postos Comunitários de Segurança (PCSs) da PMDF. Como contribuição incremental à literatura da área e do
campo de policiamento traz a construção de duas escalas que medem tanto a RE
quanto a inovação do serviço de policiamento. Com este intuito o artigo está
estruturado em três seções, além desta introdução e de uma seção de conclusões.
A seção 2 aborda os conceitos de RE e de ISSP; a seção 3 descreve o caso dos PCSs da PMDF e apresenta os procedimentos para desenvolver o modelo adotado, por meio do método de Modelagem de Equações
Estruturais (MEE); a seção 4 aborda os resultados da análise da relação entre RE e ISSP, no caso em tela.
2. Ressonância
Estratégica e Inovação em Serviço de Segurança Pública
Entendendo-se que para haver
adição de valor ao serviço é requerida não apenas a mobilização de competências
internas/externas, como também de características técnicas internas/externas
(materiais/imateriais), o foco desta pesquisa está no nível meso
de análise, no estudo de
subunidades da organização que fornece o serviço (Wagner
III & Hollenbeck, 1999)span
style='mso-bidi-font-weight:bold'>. Assim, a construção se fundamenta na
abordagem integradora de inovação, proposta inicialmente por Gallouj e colaboradores (Djellal
& Gallouj, 2012a, 2012b; Gallouj,
2002; Gallouj & Weinstein,
1997), e na abordagem de RE desenvolvida por Brown e colaboradores (Brown,
2000; Brown & Blackmon, 2005; Brown & Fai, 2006). Desse modo, o foco da atenção dirige-se ao nível
operacional da organização que contribui diretamente à prestação do serviço (Bayley & Skolnick, 2002). No modelo
proposto observa-se como vetores funcionais, competências e características
técnicas (de prestadores e usuários) influenciam ou são influenciadas pelas
funções operacionais da organização, pelo alinhamento estratégico dentro delas
e pelo ambiente em que atuam.
Com o intuito de explicar adição, subtração,
associação, dissociação ou formatação de diferentes mudanças existentes em uma
inovação (Djellal & Gallouj,
2012b; Gallouj, 2002) na área de segurança pública,
os pesquisadores têm ora se concentrado na visão de policiais do núcleo
estratégico (Sparrow, 2014), ora visualizam a
inovação sob o enfoque do ambiente e o modo como incide no contexto
institucional (como em Beato Filho, 1999; Cruz & Barbosa, 2002a, 2002b).
Nesta pesquisa, essas peculiaridades das operações do serviço de policiamento
são examinadas de acordo com os vetores de características que as constituem,
como descritas por Gallouj e Weinstein
(1997) e aperfeiçoadas para a área pública por Djellal
e Gallouj (2012b). Para tal, competências devem ser
entendidas como modos de processamento do conhecimento, enquanto que
características técnicas se compreendem as operações que convergem à concretização
do serviço (Gallouj, 2002).
Ao se considerar o processo de inovação no setor público
há lacunas de pesquisa tanto no aspecto de análise do processo quanto na
importância do ambiente externo para as estratégias que conduzem as
organizações públicas à inovação (De Vries, Bekkers, & Tummers, 2014). Lacunas essas
que, segundo Lima e Vargas (2012), são devidas às inovações das organizações do
setor público possuírem especificidades que não estão presentes nas demais que
operam em ambientes com a presença do capital. O modo
das organizações prestadoras de serviços públicos gerenciarem seus
relacionamentos com o ambiente, estrategicamente ressonando, é um dos
antecedentes importantes às competências e às características técnicas do processo operacional de inovação (Brown, 2000; Brown & Fai, 2006; Cousins & Stanwix, 2001).
A RE deve ser buscada por meio
de um processo descentralizado e de baixo para cima, no qual o alinhamento do
nível operacional e do ambiente com a formulação da estratégia corporativa é
identificado como significativo ao alto desempenho das operações (Brown, 2000).
Internamente, os mecanismos
principais que contribuem ao processo de RE são: (i) identificação e
desenvolvimento das habilitações de operações, especialmente as competências
centrais relacionadas com pessoas, processos, produtos e relacionamentos; (ii) melhoria da consistência da decisão dos gestores do
nível corporativo em relação às competências das operações no processo
estratégico; e (iii) melhoria do envolvimento e da
influência de gestores das operações no processo estratégico (Brown & Blackmon, 2005; Brown & Fai,
2006). Fatores como
decisão de investimento da estrutura, demandas fragmentadas, velocidade de
entrega e flexibilidade têm influência na adequação do ótimo desempenho das operações ao ambiente (Brown, 2000; Slack
& Lewis, 2011). Portanto,
juntamente com a necessidade da organização se basear em seus recursos para
alinhar suas estratégias está o imperativo do ambiente.
A integração e o equilíbrio desses dois tipos de
interesses da organização conduzem ao que Brown e Blackmon
(2005) determinam como flexibilidade estratégica. De
igual parte de importância ao processo de inovação é a busca do alinhamento de
suas operações às necessidades do ambiente, que Brown (2000) classifica como
RE. Essa visão também é compartilhada por Slack e Lewis (2011), para os quais
as operações devem ser condicionadas ao entendimento que a organização possui
do ambiente. Via de regra ambiente e recursos são elementos centrais dos
estudos clássicos sobre a estratégia que conduz a inovação (Brown & Fai, 2006; Mintzberg, Lampel, & Ghoshal, 2006). No
campo da Administração Pública, estudos recentes sobre organizações policiais
têm sugerido que a introdução de inovações pode ser afetada pelo ambiente e
pelas características de suas operações. Por exemplo, Cruz & Barbosa (2002a)
e Oliveira (2011) argumentam que a estrutura organizacional burocrática que
caracteriza as organizações policiais tem influência sobre a implementação da
inovação. Craig e Heikkila (1989) e Rolim (2007) se
concentraram em como a política e o ambiente complexo entram em jogo durante o
processo de ISSP. Portanto, as características específicas das organizações
policiais públicas (Bayley & Skolnick,
2002) podem influenciar a desejável RE durante o processo de inovação (ver
Mesquita Neto, 2004; Oliveira Júnior & Silva, 2010).
O argumento aqui proposto é que o papel da RE é
fundamental à ocorrência de ISSP. A Figura 1 apresenta as principais variáveis latentes
(também denominadas variáveis não observáveis, construtos ou fatores) do quadro
referencial teórico desta pesquisa. Da RE se espera que tenha um efeito direto
sobre a IS que, por sua vez, é o conjunto de vetores que representa o serviço
de PC. Estudos anteriores sugerem que ao se evitar demandas conflitantes entre
os três fatores preditores de RE (tomada de decisão estratégica, demandas do
ambiente e capacidades operacionais) pode-se obter inovação (Brown & Blackmon, 2005). Como tal, a RE também pode contribuir
diretamente à criação de estruturas organizacionais menos burocráticas,
descentralizadas e mais ágeis, estimulando uma nova postura dos membros da
organização e a reorientação das operações realizadas (Brown, 2000). Assim, o
contexto específico das organizações policiais influencia a implementação da
ISSP, ao mesmo tempo estimulando (ou restringindo) o comportamento do nível
operacional da organização.
Figura 1. Relação entre Ressonância Estratégica e
Inovação em Serviço de Segurança Pública.
3.
Procedimentos de Pesquisa
A pesquisa foi realizada em 2015 e teve como unidade de análise os PCSs do DF. Para analisar a relação entre IS e RE na PMDF e estudar a existência e magnitude das variáveis visadas conduziu-se uma pesquisa quantitativa (Brewer & Hunter, 2006), exploratória e descritiva (Churchill, 1999) e de caráter transversal (Malhotra, 2001). Dados primários foram obtidos através de uma survey aplicada face a face a uma amostra de policiais militares que prestam o serviço de PC nos PCSs.
3.1 Objeto de estudo: Postos Comunitários de
Segurança
A PMDF é uma organização
pública brasileira constituinte do Sistema Judiciário nacional, com presença em
todas as 33 Regiões Administrativas do Distrito Federal (RA/DF), por meio de 45
unidades com responsabilidade de área – Batalhões da Polícia Militar (BPM) – e
um regimento, instalada definitivamente na localidade em 1966. A PMDF é o órgão
de segurança pública responsável pelo serviço de policiamento ostensivo e pela
preservação da ordem pública no DF, além de, subsidiariamente, exercer função
de força auxiliar e reserva do Exército do País. A organização foi reconhecida
internacionalmente por seu programa de PCSs, que surgiram
de uma proposta de governo à área de segurança pública visando à instalação de
300 postos policiais com essa nomenclatura (Menelau et al., 2015).
Um PCS é uma unidade
física de equipamento público comunitário, arquitetado para servir como
pontos-base de agentes de segurança pública e para atendimento da comunidade,
garantindo-lhe segurança e fornecendo um referencial a buscar em situações de
risco iminente, emergências diversas ou necessidade de mediação de conflitos
(PMDF, 2007). Tais postos não significariam somente instalações físicas para
isolar os policiais da comunidade em que atuam, mas, ao contrário, seriam um
ponto de apoio e de proximidade entre o Estado (representado pela segurança
pública) e a população (UNODC, 2011). Atualmente existem 75 PCSs,
hierarquicamente dependentes (com gerência e suporte) de um BPM e alojados por
RA/DF.
Através do PCS é possível
avaliar a relação entre a polícia e a comunidade (Cardoso, 2011). A inovação do
PCS na PMDF consiste em a organização fornecer o serviço de PC em coprodução
com a população, identificando, priorizando e solucionando problemas, não
restritos apenas aos crimes, podendo envolver medo resultante da insegurança na
comunidade, entre outros, que afetem a segurança pública (PMDF,
2007).
Logo, os PCSs podem ser considerados inovações por
aproximarem-se da tipologia II (de processo) retratada por Schumpeter
(1982) e das premissas da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2005), pois a implementação decorre de
mudança significativa na maneira como a PMDF opera no serviço que presta
(Menelau et al., 2015).
3.2 População, amostra e
procedimentos de coleta e análise dos dados
A amostra é probabilística (Formiga, 2011) devido a coleta ter sido realizada em todos os PCSs do DF, ressaltando-se que os respondentes consultados se dispuseram a participar, tendo sido assegurado o anonimato às respostas. Para limitar vieses geodemográficos empregou-se a segmentação de entrevistados, guiada pelos parâmetros: (i) seleção dos respondentes (se buscou diversificação de cargos e graduações da PMDF); (ii) lugar de aplicação do questionário (o próprio de trabalho e em diferentes RA/DF); e (iii) período de realização (aplicação durante 45 dias, proporcionando ampla coleta). Foram obtidos 603 questionários respondidos de 1.360 policiais alocados nos PCSs (44,34%), sendo praças (subtenente, primeiro sargento, segundo sargento, terceiro sargento, cabo, soldado e soldado de segunda classe) e oficiais gestores (primeiro e segundo tenentes).
Houve alguns desfalques por ausência de dados (os entrevistados não chegaram a preencher 50% dos itens). A análise de frequências, a MVA (Missing Values Analyses) e a distribuição de dados ausentes demonstraram que a percentagem desses valores (questionários com dados ausentes) estava abaixo de 5% (2,5%) e a análise de correlação de valores omissos demonstrou que estavam aleatoriamente distribuídos (Hair, Black, Babin, Anderson, & Tathan, 2009; Tabachnick & Fidell, 2007). Procedeu-se então à exclusão dessas observações, restando à amostra 588 observações válidas, em que não constavam missings, atendendo a Marôco (2010), que avalia ser suficiente 10 a 15 observações por variável manifesta.
Para explicar
as inter-relações entre as principais variáveis do estudo empregou-se o método de
Modelagem de Equações Estruturais – MEE (Marôco,
2010). Viu-se como vantajosa essa abordagem, em oposição, por exemplo, a uma
regressão linear múltipla, pelo fato de se poder avaliar simultaneamente a
influência de múltiplas variáveis independentes em multíplices variáveis
dependentes, além de considerar a teoria para definir os itens de cada fator (Marôco, 2010). Isso é possível porque a MEE apresenta
indicadores de ajuste que permitem decidir objetivamente sobre a validade do
construto da medida analisada em comparação com outras escalas exploradas (Formiga,
2011). Utilizando MEE pôde-se testar o modelo inteiro, em vez dos
relacionamentos separadamente. A modelagem foi empregada para testar até que
ponto o referencial teórico proposto se ajusta aos dados (Marôco,
2010), e como tal, em que medida pode servir como um quadro explicativo da
relação entre RE e ISSP.
3.3 Medidas
O instrumento de pesquisa se subdivide em duas escalas. A primeira, com 25 itens, corresponde à mensuração de ISSP e compreende quatro fatores que caracterizam a IS para o contexto do policiamento. A segunda escala corresponde a 18 itens (também denominadas variáveis observáveis) que objetivam medir o construto RE. Essa escala busca avaliar o grau de concordância para cada sujeito quanto ao alinhamento estratégico entre PMDF e PCSs, medindo: demandas do ambiente, tomadas de decisão e capacidades operacionais. Ambas são organizadas em escala tipo de Likert de 10 pontos, variando de 1= discordo totalmente a 10= concordo totalmente. Para as escalas se realizou separadamente uma etapa qualitativa (para construção dos itens) por análise de conteúdo (Bardin, 2009) e obedeceu-se também sua formação teórica (ver Menelau, 2015). Posteriormente sucedeu-se uma análise fatorial exploratória (AFE) e uma análise fatorial confirmatória (AFC), conforme Marôco (2010). Na Tabela 1 a descrição dos fatores elaborados mediante a etapa qualitativa, assim como os itens que posteriormente compuseram o questionário.
Tabela 1. Fatores da Análise e Itens do Questionário.
Fatores |
Descrição |
Escopo |
Itens |
Características técnicas do
prestador |
Instrumentos empregados
(como métodos e tecnologias) para operacionalizar o processo de prestação do
serviço de PC nos PCSs |
Contemplam o conhecimento e as rotinas dos PCSs |
- A disponibilidade de viaturas é
compatível com a realização do meu trabalho. - A estrutura física do meu local de
trabalho é adequada para a realização das minhas atividades. - A quantidade de policiais lotados em meu
local de trabalho é adequada para a realização das atividades de policiamento
comunitário. - A utilização do policiamento a pé (POG)
contribui para a melhoria do serviço da PMDF. - O canal de comunicação da PMDF permite a
consulta e o recebimento de informações pertinentes ao meu trabalho. - O estoque de equipamentos de proteção
individual (colete, armamento, entre outros) é compatível com a quantidade de
policiais do meu local de trabalho. - Os materiais de consumo (material de
escritório, material de limpeza, entre outros) fornecidos pela PMDF são
suficientes para o funcionamento do meu local de trabalho. - Os materiais de suporte ao serviço (como
cone, rádio, transceptor, computador etc.) fornecidos pela PMDF são
suficientes para o funcionamento do meu local de trabalho. |
Competências do prestador |
Procedimentos de processamento do conhecimento dos
policiais (ou da PMDF) que fornecem o serviço de PC nos PCSs,
podendo ser adquiridos por meio de experiências, rotinas e aprendizagem
organizacional |
- As ações do dia a dia do
meu trabalho com policiamento comunitário permitem a construção da minha
confiança na comunidade. - As ações sociais
(palestras, cursos etc.) realizadas pela PMDF para a comunidade promovem
habilidades para o desenvolvimento do meu trabalho. - As contribuições do meu
trabalho se relacionam com a melhoria do serviço da PMDF. - As informações obtidas
com meus colegas de trabalho favorecem a aquisição de conhecimentos sobre
minha rotina de trabalho em policiamento comunitário. - O curso de formação
contribuiu para a realização de minhas atividades de policiamento
comunitário. - O policiamento
comunitário favorece a cordialidade no relacionamento entre os policiais da
PMDF. - Os dados obtidos com os
moradores do local (comunidade próxima) facilitam a realização do meu
serviço. - Os manuais e as normas da
PMDF orientam as ações da minha rotina de policiamento comunitário. - Os treinamentos que
realizei na PMDF contribuíram para adquirir novos conhecimentos e habilidades
necessários a realização de minhas atividades de policiamento comunitário. |
|
Características técnicas do
usuário |
Dispositivos empregados
(como procedimentos e tecnologias) para operacionalizar o processo de
prestação do serviço de PC nas RA/DF dos PCSs |
Abrangem o conhecimento e as rotinas da população
atendida pelos PCSs |
- A comunidade se organiza nas redes
sociais para aumentar a segurança da região. - A presença do policiamento comunitário
diminui a construção de recursos de segurança (como grades, altura do muro
etc.) nas moradias da comunidade. - A presença do policiamento comunitário
diminui a instalação de recursos de segurança (como cerca elétrica e câmera
de vídeo) nas moradias da comunidade. - A presença do policiamento comunitário
diminui na contratação de serviços de vigilância privada pela comunidade. |
Competências do usuário |
Fruto das ações de PC (palestras, cursos etc.),
representam o conhecimento e as habilidades adquiridas pela população ou pelo
indivíduo atendido |
- As ações sociais realizadas pela PMDF desenvolveram
novas habilidades de segurança na comunidade. - As ações sociais realizadas pela PMDF possibilitam
a multiplicação de novas ações sociais organizadas pela própria sociedade. - Minhas ações de trabalho facilitam o surgimento de
novos comportamentos voltados à prevenção de crimes entre os integrantes da
população. - Minhas ações rotineiras permitem a construção da
confiança da comunidade no trabalho da PMDF. |
|
Demandas do ambiente |
Influências do ambiente externo (como o
Governo, os órgãos de controle e a mídia) nas decisões relacionadas à
operacionalização dos PCSs |
Influenciam
a ressonância da estratégia dos PCSs |
- A preocupação
com os problemas da comunidade afeta o modo como realizo meu trabalho. - As atividades
por mim desempenhadas refletem o desejo da comunidade por segurança pública. - As decisões do
alto comando sobre o emprego do policiamento comunitário refletem o desejo da
comunidade por segurança pública. - As informações
veiculadas pela mídia afetam a tomada de decisão estratégica pelo alto
comando sobre as ações de policiamento comunitário. - As informações
veiculadas pela mídia afetam o modo como realizo meu trabalho. - As práticas de
gestão dos PCS são desempenhadas de acordo com as regras definidas a priori pelo alto comando,
independentemente dos interesses da comunidade. - O
posicionamento de outras organizações (GDF, SENASP, SSP, MP, Poder
Legislativo, entre outros) afeta a tomada de decisão estratégica pelo alto
comando sobre as ações de policiamento comunitário. - O
posicionamento do Ministério Público e do Poder Judiciário afeta o modo como
realizo meu trabalho. |
Capacidade operacional |
Condições internas
(equipamentos, viaturas, mobiliário, estrutura física dos PCSs)
para operacionalização do PC |
- A cooperação entre o
policiamento comunitário e as diferentes áreas de trabalho é encorajada pela
PMDF. - As demandas da comunidade
influenciam na permanência dos PCS em determinado local. - Os policiais integrantes
dos PCS contam com recursos para realizar ações sociais na comunidade. - Os policiais integrantes
dos PCS participam do processo de planejamento realizado pelo alto comando sobre
policiamento comunitário. - Os recursos materiais
trazidos pela comunidade influenciam o funcionamento dos PCS. |
|
Tomada de decisão
estratégica |
Integração entre os níveis
superiores de tomada de decisão (Comando-Geral e Comandantes de Batalhões) e
os gestores de PCSs na formulação de estratégias à
operacionalização do PC nos postos |
- As ações
sociais por mim desempenhadas refletem as decisões do alto comando sobre
policiamento comunitário. - As informações
por mim transmitidas aos meus superiores favorecem a modificação de rotinas
já estabelecidas pelo alto comando. - As
necessidades verificadas na rotina do policiamento comunitário interferem nas
decisões do alto comando. - Os recursos
humanos da PMDF influenciam nas metas estabelecidas pelo alto comando para
alocação dos PCS. - Os recursos
materiais da PMDF afetam as metas estabelecidas pelo alto comando para
alocação dos PCS. |
Os fatores da escala de RE foram
formados pelos itens demandas do ambiente, capacidade operacional e tomada de
decisão estratégica. A escala
de ISSP é formada pelos fatores características técnicas
do prestador, características técnicas do usuário, competências do prestador e
competências do usuário. Os itens se agruparam conforme a etapa exploratória
sugeriu e a organização dos fatores se deu como na Tabela 2:
Tabela
2. Organização dos
Fatores.
Escala |
ISSP |
RE |
|||||
Fatores |
Características
técnicas do usuário |
Competências do
usuário |
Características
técnicas do prestador |
Competências do
prestador |
Demandas do
ambiente |
Capacidade
operacional |
Tomada de
decisão estratégica |
Sigla |
CTE |
CE |
CTI |
CI |
EA |
CO |
TDE |
Itens |
4 |
4 |
8 |
9 |
8 |
5 |
5 |
Alfa de Cronbach |
0,82 |
0,75 |
0,87 |
0,77 |
0,80 |
0,76 |
0,81 |
O
indicador alfa de Cronbach foi empregado para validação
dos constructos como medida de confiabilidade interna (Field, 2009; Pasquali, 2010).
4. Resultados
Digitação e análise dos dados foram executadas
no SPSS 15, no qual também se calculou as análises correlacionais, de
comparação de média e análises multivariadas de covariância, e Amos 7.0,
utilizado para análise da MEE. O banco de dados
apresentou nível de confiança aceitável, pois as frequências para as variáveis
da pesquisa apresentaram um total válido maior que 95% (Fonseca & Martins,
1996). Também foram elaborados itens para caracterização sociodemográfica e
controle estatístico de atributos que pudessem interferir diretamente nos
resultados. Os entrevistados
se distribuíram nos graus hierárquicos: soldados (18,8%), cabos (12%),
sargentos (53%), subtenentes (5,2%), tenentes (0,2%) e outros (11%). A idade variou
entre 19 e 59 anos, sendo metade dos respondentes com mais de 41 anos. Entre os
entrevistados predominaram os do sexo masculino (80,1%) e casados (71,5%).
Quanto à escolaridade, os participantes distribuíram-se em ensino superior
(67,7%), ensino médio (18,9%) e outros níveis de escolaridade (13,4%). Metade
tem 20 anos de serviço ou mais na PMDF.
A análise
e a discussão dos resultados são demonstradas em duas etapas. Em primeiro são
apresentadas as AFE e AFC realizadas para avaliar em que medida o modelo de
mensuração inteiro se ajusta aos dados, utilizando-se o programa AMOS 7.0. Em
seguida, a MEE é proposta de acordo com o referencial teórico, sendo testada
para avaliar as relações entre as variáveis individuais no modelo, assim como o
ajuste da estrutura como um todo. A
apuração dos resultados leva em conta o valor do escore médio (quanto maior o
valor, mais os respondentes concordam com o fator auferido).
4.1 Análises fatorial
exploratória e confirmatória
A AFE foi executada
conforme as recomendações de Hair et al. (2009) cuja
sugestão é que se observe em até quantos fatores o autovalor permanece acima de
1. O objetivo foi investigar se as covariâncias ou as correlações do conjunto
de variáveis observadas poderiam ser explicadas em termos de um número menor de
construtos não observados, denominados variáveis latentes ou fatores comuns,
promovendo a análise dos dados (Ribas & Vieira, 2011). O procedimento
adotado para a extração dos fatores de análise fatorial foi o método PAF (Principal Factor Analysis)
com rotação direct oblimim.
Do ponto de vista
psicométrico, como observa Damásio (2012), há uma lacuna sobre o consenso da
aceitabilidade dos índices obtidos à variância explicada. Nesse sentido,
Figueiredo Filho e Silva Júnior (2010) adotam, para as Ciências Sociais, a
solução fatorial de 40% como um limite tolerável em AFE. Para este estudo,
entretanto, adotou-se a solução fatorial que explica, pelo menos, 50% da
variância total, conforme Damásio (2012). Para
a escala de RE a solução apresentou três fatores independentes e responsáveis por explicar 53,2% da
variância total e para ISSP a solução indicou quatro
fatores independentes e responsáveis
por explicar 50,2% da variância total. Todos
os fatores obtiveram alfa de Cronbach acima de 0,70
como recomenda Pasquali (2010), indicando escalas
confiáveis (Field, 2009) e consistentes (Formiga, 2011) (ver Tabela 2) para
estudos exploratórios. Em sequência, perpetrou-se as AFCs,
por meio de máxima verossimilhança (Maximum Likelihood - ML), a análise de caminhos, com o intuito de
examinar os constructos sem relacioná-los com as diversas variáveis (Marôco, 2010).
Para tanto, considerou-se dois parâmetros
compostos cada um por dois indicadores. Primeiramente, os índices CFI (Comparative Fit Index) e RMSEA (Root Mean
Square Error of Approximation) para contrapor o modelo completamente
independente com o correlacionado e para ratificar quais variáveis adicionadas
melhoram a estimação dos índices, respectivamente. Em sequência, verificou-se
os indicadores SRMR (Standardized Root Mean Square Residual) (para observar se o modelo está bem
ajustado) e χ2/G.L (Qui-quadrado dividido por
graus de liberdade) (por a amostra ser considerada grande, dividiu-se χ2
para ajustá-lo)
(Marôco, 2010).
Alguns itens de alguns fatores não
atingiram a variância aceitável, avaliada pelo alfa de Cronbach
(devendo permanecer acima de 0,5, conforme Hair et
al., 2009). Apenas todos os itens do fator características técnicas dos
usuários foram mantidos. No fator competências do usuário foram extraídos CE2 e
CE4; no fator características técnicas do prestador foram extraídos quatro
itens (CTI2, CTI5, CTI7, CTI8) e em competências do prestador extraíram-se três
itens (CI5, CI6, CI8). A análise confirmatória da Escala de ISSP apresentou
SRMR=0,05, RMSEA=0,05, CFI=0,95 e χ2/G.L=2,7.
Todas as saturações (Lambdas, λ) estão dentro do intervalo esperado
|0 - 1|, significando não haver problemas de estimação da proposta (Hair et al., 2009). Ademais, todas são estatisticamente
diferentes de zero (τ > 1,96, ρ < 0,05) e o alfa de Cronbach
(Tabela 2) alto. Atendida a avaliação da fidedignidade e validade estrutural da
primeira escala na forma exploratória e a partir do MEE, para ambas as análises
os 16 itens da escala apresentaram segurança estatística em sua mensuração,
segundo a proposta teórica de Djellal e Gallouj (2012a). Assim, essa escala poderá ser descrita
como indicadores de ISSP, medindo competências do prestador e do usuário e
características técnicas externas e internas à organização no policiamento
comunitário, afiançada por meio de uma maior confiabilidade fatorial e
evidências empíricas, aqui demonstradas.
Observando a correlação entre os fatores,
esses apresentaram independência e correlações dentro do aceitável (abaixo de
60%, segundo Byrne, 2011). A exceção se deu entre os fatores competência do
usuário e competência do prestador, com 88% de correlação, significando que as
variáveis envolvidas podem estar sob a influência de um mesmo fator (Ribas
& Vieira, 2011). Entretanto, ainda que exista uma correlação alta (acima de
80%), é desejável manter os fatores no modelo pois existe um apontamento
teórico robusto indicando essa divisão (Marôco, 2010)
e por este ser um primeiro estudo exploratório relacionado à escala proposta.
Assim como na escala anterior, itens de alguns fatores
não atingiram a variância aceitável, avaliada pelo alfa de Cronbach
(Hair et al., 2009). No fator demandas do ambiente
(EA) foram extraídos EA1, EA4, EA5, EA6 e EA8; no fator capacidades operacionais
(CO) foram extraídos três itens (CO1, CO2, CO5) e em tomada de decisão
estratégica (TDE) extraíram-se dois (TDE3, TDE5). Verificou-se que os itens
TDE1 e TDE4 encontram-se correlacionados. Como ocorreu na escala de ISSP, as
saturações estão dentro do intervalo esperado e são estatisticamente diferentes
de zero, e o alfa de Cronbach (Tabela 2) alto (Hair et al., 2009). Atendido o pressuposto de avaliação da
fidedignidade e validade estrutural da segunda escala na forma exploratória e a
partir da MEE, para ambas as análises os oito itens da escala de RE exibiram
segurança estatística em sua mensuração, conforme proposta teórica. Os índices
apresentados pela análise fatorial confirmatória são SRMR=0,4 RMSEA=0,06
CFI=0,97 e χ2/G.L=2,5
indicando ajuste adequado dos itens em seus respectivos fatores.
Os diversos critérios empregados para definição do
número de fatores a serem extraídos (Kaiser, Cattel e
análise paralela, conforme Byrne, 2011) reforçam a solução apresentada segundo
Brown (2000). Na presente escala (como na anterior), dos itens mantidos não
houve nenhum com escores insuficientes e que poderiam acarretar inconsistência
de sua interpretação. Avulta-se a correlação apresentada por capacidade
operacional e tomada de decisão estratégica, de 74%, assim como a relação
inversamente proporcional, mas não significativa, entre CO e EA. Procedeu-se justificando
os fatores teoricamente, pois assim deve ser procedido para correlações acima
de 60% (Byrne, 2011). Por conseguinte, essa
escala poderá ser descrita como indicadores de RE (que avaliam as demandas
advindas do ambiente, a relação entre os níveis e as funções e as capacidades
operacionais da organização), avalizando a essa pesquisa, juntamente com a
escala anteriormente apresentada, maior confiabilidade fatorial e evidências
empíricas para sua aplicação e mensuração em outras organizações militares e
com outras variáveis.
4.2 Testagem do modelo estrutural
Para explicar a
ISSP a partir da RE, considerou-se e testou-se um modelo recursivo estrutural
que representa as relações descritas na Figura 1. Na MEE as relações entre os
construtos foram examinadas e após as devidas modificações nos ajustes de erro,
encontrou-se um modelo adequado, apresentando os índices de ajuste de SRMR=0,6
RMSEA=0,06 CFI=0,90 e X2/G.L=3,3, indicando acomodação apropriada do modelo de
caminhos. Algumas correlações são fixadas em zero, justificando-se teoricamente
(Byrne, 2011). A Figura 2 apresenta o modelo integrado da relação testada da RE
como preditora de ISPP.
Figura 2. Modelo Estrutural.
Como pode ser visto
na Figura 2, o modelo estrutural indica que as demandas do ambiente (EA) e a
tomada de decisão estratégica (TDE) são preditoras de competência do prestador
(CI), 99%, enquanto tomada de decisão estratégica (TDE) e capacidade
operacional (CO) são preditoras de característica técnica do prestador (CTI),
96%. Competência do usuário (CE) é predito a um nível de 71% por demandas do
ambiente (EA) e característica técnica do usuário (CTE) é predito a um nível de
41% por tomada de decisão estratégica (TDE).
Os resultados
revelaram confiabilidade na disposição item-fator e na sua estrutura. Ao se
considerar a escala ISSP reflete-se em torno do processamento do serviço que,
segundo Djellal e Gallouj
(2012a, 2012b), no contexto público é composto por quatro vetores, haja vista
que em sua concepção o usuário é produtor do serviço juntamente com o prestador.
Essa condição permite pensar que o PC não se refere apenas a uma retórica
inconsistente, mas que seu processamento nos PCSs
apresenta indicadores que contemplam agregação de valor tanto à PMDF quanto à
população atendida, os quais estão inter-relacionados visando à melhoria da
segurança pública da localidade que compartilham. Comprovou-se essa possibilidade na medida em que se buscou elucidar, em
nível meso de análise, ou seja, a partir da
explicação do nível operacional da PMDF que trabalha nos PCSs,
o processo do serviço de PC por meio da expertise e dos dispositivos empregados por prestadores e usuários para
prestação do serviço. Encontrando-se
alteração em qualquer uma dessas características que compõem o serviço (ou
todas elas), se verificará que houve agregação de valor ao resultado final.
Nesse sentido, é possível perceber a alta correlação entre competências
do usuário (CE) e competências do prestador (CI) (Figura 2).
Justifica-se esse
achado por haver entre os policiais dos PCSs e a
população atendida do PC a necessidade de apresentarem e desenvolverem competências
afins para operacionalização do serviço, representando íntima relação de coprodução
necessária à sua execução. A esse respeito,
geralmente autores apontam que as polícias são resistentes às mudanças em suas
habilidades e atitudes (Chalom
et al., 2001; Poncioni,
2013), enquanto a população estabelece com as organizações policiais
pressupostos de tensão que abarcam, entre outros, desconfiança e medo (Mesquita
Neto, 2004; Oliveira Júnior & Silva, 2010; Rolim, 2007). Entretanto, o que
se constatou é que em virtude dos PCSs houve uma
concepção, pelos entrevistados, de uma IS de policiamento construído a partir
da relação das partes, como preconiza Gallouj (2002).
Para Cruz e Barbosa (2002b) e Poncioni (2013) esse
comportamento é comum em organizações que atuam na área de segurança pública,
pois as pressões do ambiente impelem o aprimoramento de suas competências para
melhoria de sua atuação. Tal resultado encontra respaldo em outros estudos sobre
PC sob a ótica da mobilização simultânea de competências na operacionalização
do serviço (como em: Bayley & Skolnick,
2002; Bengochea, Guimarães,
Gomes, & Abreu, 2004).
Na escala de RE abordou-se o fenômeno na
PMDF e foi detectado que as capacidades operacionais relacionadas aos PCSs (CO) e a integração dos níveis e cargos na tomada de
decisão sobre essas estruturas (TDE) apresentam elevada correlação. Esse achado
se justifica pela estrutura hierárquica e burocratizada, segundo a qual a PMDF
se classifica (Cruz & Barbosa, 2002a; Oliveira, 2011). Uma vez que a tomada
de decisão estratégica se traduz em fluidez de informações e participação do
nível operacional e esta não ocorre, conforme correlação de valor 74% entre os
construtos TDE e CO, as capacidades operacionais também não são atendidas,
existindo uma dissonância entre o necessário e o entregue pelo nível
estratégico ao nível operacional. As exigências do ambiente (EA) não refletem
as capacidades operacionais dos postos, ou seja, a estrutura do PCS não
respeita as demandas locais da comunidade. Resultados semelhantes já haviam
sido apontados por outros autores que pesquisaram sobre o PC das organizações
policiais do Brasil. No estudo de Mesquita Neto (2004) relatando a experiência
do PC em São Paulo, o desaparelhamento da polícia, em termos de equipamentos e
estrutura, foi achado e correlacionado em simetria ao posicionamento
estratégico da organização estudada. Para Rolim (2007), a inovação percebida no
PC não é fruto nem das decisões advindas do nível estratégico das corporações (ocupado
por policiais políticos), nem da estrutura física dos postos, decidida por
pessoas que apenas pressupõem as necessidades de operacionalização do serviço
de PC.
Essa percepção desenvolvida anteriormente
acaba por trazer reflexões à correlação entre a TDE e a CTE (dos usuários).
Observa-se que o fato de não existir fluidez de informações entre os níveis
operacional e estratégico traduz-se em uma falta de capacidade operacional
(correlação 0,69 entre TDE e CO, na Figura 2). Portanto, o fato do nível
estratégico não atender às demandas operacionais necessárias gera na população,
avaliam os respondentes, uma percepção de falta de aparatos técnicos. A
comunidade, por consequência, não elimina seus próprios dispositivos,
procedimentos e tecnologias empregados à sua segurança, ou seja, um escore
baixo em tomada de decisão estratégica reflete em uma população que percebe a
falta de recursos operacionais da corporação e por isso não dispensa seus
próprios mecanismos técnicos de segurança. As condições internas operacionais (a
estrutura) influenciam os métodos e tecnologias empregados para
operacionalização do processo de prestação de serviço tanto quanto a tomada de
decisão estratégica, pois o modo de operacionalizar o serviço está em
consonância com os ditames da corporação.
De acordo com os entrevistados, as
demandas do ambiente (EA) predizem as competências obtidas pelos policiais para
execução do serviço (CI), ou seja, houve agregação de competências em função do
contexto ambiental. Esse resultado contraria resultados obtidos por outro
estudo, no qual é descrito que a população afirma que existe pouca interação da
comunidade com os policiais militares (TCDF, 2009). Essa discrepância entre
resultados pode ser explorada em futuros estudos, em que se avalie a influência
de variáveis de contexto distintas entre os dois resultados, em especial
relacionados aos argumentos da organização que discorda desse resultado, alegando
que a pesquisa não foi realizada na área de coberturas dos PCSs
e não tinha como objetivo avaliar o modelo de PC (UAG, 2010).
As competências internas dos policiais sofrem influência superior das demandas
do ambiente, da mídia e da população, enquanto a percepção do nível estratégico
da organização exerce influência inferior aos anseios da população, respeitando
naturalmente a característica do PCS, que exerce função de estar mais alinhado
ao ambiente em que está inserido do que com a própria corporação. Em estudo
anterior foi confirmada, em entrevistas e em análise documental, a capacidade
das exigências do ambiente em predizer as competências externas, pois os
conhecimentos adquiridos, pela visão do policial, estão em consonância com o
que o ambiente demanda. Exemplos disso são a participação em palestras, cursos
e atividades socioeducativas nos PCSs para informar e
preparar a população. Assim, reconhece-se que o fator RE e seus itens, tanto na
análise exploratória quanto confirmatória, predizem a ISSP.
5. Conclusões
O objetivo deste artigo foi evidenciar
a influência que a RE pode ter sobre a ISSP, tomando como caso de análise os PCSs
da PMDF. Nesse sentido testou-se, com a construção de
duas escalas, uma
primeira contribuição exploratória de um modelo da relação entre RE e IS de uma
organização policial militar brasileira. Foram apresentadas evidências de
validade das escalas, de forma exploratória e confirmatória, enfatizando-se com
esta implicação a contribuição teórica à área de estratégia, especificamente em
uma organização pública. Os
resultados desta pesquisa mostram que as relações estruturais postuladas entre
as variáveis são geralmente corroboradas pelas análises da amostra global.
Observou-se que em virtude dos PCSs houve uma
concepção, pelos entrevistados, de uma IS de policiamento construído a partir
da relação das partes. Assim como em Menelau
et al. (2015), este achado demostra que os PCSs são
uma ISSP, nos quais é possível perceber que a resolução do problema está
atrelada às interações da população e dos policiais da PMDF em uma multíplice
relação de produção conjunta, composta por características humanas, estruturais
e operacionais do serviço, conforme estabelece Gallouj
(1997, 2002).
Em segunda instância argumenta-se também que a RE
achada, ainda que não tenha sido atendida em todos os seus pressupostos,
aproveita os esforços do desenvolvimento de serviço de PC prestado nos PCSs,
amplificando o significado da inovação na PMDF, conduzindo a um aumento de seu
conteúdo e sua receptividade. Achados semelhantes, em que a RE foi um potencial
impulsionador de uma pequena ação para torná-la grande, podem ser encontrados
em Mann (2002). No entanto, o fato da organização permanecer atrelada a outros
paradigmas de estratégia, mais especificamente, na dependência da tomada de
decisão de um grupo de elite no topo da hierarquia da PMDF, leva a um estado de
dissonância estratégica interna (Brown, 1998, 2000), demonstrando descompasso
entre intenção estratégica e capacidades de operações (Burgelman & Grove, 2012; Prahalad & Hamel, 2012), mas
que não chega a se constituir em uma barreira para que a inovação ocorra.
Cabe ressaltar aqui
como principais contribuições empírica e teórica o ineditismo da pesquisa,
tanto na magnitude da coleta de dados em uma PM quanto na proposição da relação
entre RE e IS. E, embora obtidas evidências de validação das escalas e sendo
essas capazes de explicar tanto a RE quanto a inovação do serviço de
policiamento, alguns limites devem ser destacados: estudo restrito a uma única
organização, a PM do DF, impossibilitando a generalização para outras Polícias
Militares e para outras organizações similares. Seria interessante realizar a
pesquisa em indivíduos usuários do PC; em amostras
representativas de Polícias Militares em outras unidades da Federação, em
outras organizações e em outros contextos organizacionais para ambas as escalas.
Outro estudo poderia ser
realizado em termos intercultural e transcultural para avaliar a estrutura e a
consistência desses indicadores e a predição destas em organizações policiais
em diferentes países, comparando os resultados com os
estudos brasileiros.
REFERÊNCIAS
Bardin, L. (2009). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Bayley, D.H. & Skolnick, J.H.
(2002). Nova polícia: Inovações nas
polícias de seis cidades norte-americanas (2 ed.). São Paulo: Edusp.
Beato Filho, C.C. (1999). Políticas
públicas de segurança e a questão policial. São
Paulo em Perspectiva, 13(4),
13-27.
Bengochea,
J.L.P., Guimarães, L.B., Gomes, M.L., & Abreu, S.R. (2004). A transição de
uma polícia de controle para uma polícia cidadã. São Paulo em Perspectiva, 18(1),
119-131.
Bondaruk, R.L.
& Souza, C.A. (2012). Polícia
comunitária: Polícia cidadã para um povo cidadão (4 ed.).
Curitiba: Comunicare.
Brewer, J. & Hunter, A. (2006). Foundations of multimethod
research: Synthesizing styles. Thousand Oaks: London: Sage.
Brodeur, J.P. (2002). Como reconhecer um
bom policiamento. São Paulo: Edusp.
Brown, S. (1998). Manufacturing strategy, manufacturing seniority and plant performance in
quality. International Journal of
Operations & Production Management, 18(6),
24-39.
Brown, S. (2000). Manufacturing the future: Strategic resonance for
enlightened manufacturing. London:
Prentice Hall.
Brown, S. (2001). Strategic
reconfiguration–manufacturing's key role in innovation, Production and Inventory Management Journal, Third/Fourth Quarter, 9-16.
Brown, S. & Bessant, J. (2003).
The manufacturing strategy-capabilities links in mass customisation
and agile manufacturing – an exploratory study. International Journal of Operations & Production Management, 23(7), 707-730.
Brown, S. & Blackmon, K. (2005). Aligning manufacturing strategy and business-level
competitive strategy in new competitive environments: The case for strategic
resonance. Journal of Management Studies, 42(4), 793-815.
Brown, S. & Cousins, P.D. (2004). Supply and operations: Parallel paths and integrated
strategies. British Journal of Management, 15, 303-320.
Brown, S. & Fai, F.
(2006). Strategic resonance between
technological and organisational capabilities in the innovation process within
firms. Technovation, 26, 60-75.
Burgelman, R.A.
& Grove, A.S. (2012).
Dissonância estratégica. In R.A. Burgelman, C.M. Christensen, &
S.C.Wheelwrigth. Gestão estratégica da tecnologia e da inovação: Conceitos e
soluções (5 ed.) (pp. 277-289). Porto
Alegre: AMGH.
Byrne, B.
(2011). Structural equation modeling
with EQS: Basic concepts, applications and programming.Washington: SAGE.
Cardoso,
M. (2011). Obstáculos para o sucesso de projetos de policiamento comunitário. XI Congresso Luso Afro-Brasileiro de Ciências
Sociais. Salvador: UFBA.
Carlborg, P., Kindström, D., & Kowalkowski, C. (2014). The evolution of service innovation
research: A critical review and synthesis, Service
Industries Journal, 34(5),
373-398.
Chalom, M.,
Léonard, L., Vanderschueren, F., & Vézina, C. (2001). Urban safety and good governance: The role
of the police. Safer Cities Programme/International
Centre for the Prevention of Crime:
Nairobi.
Choi, J.N. & Chang, J.Y. (2009). Innovation implementation in the public sector: An
integration of institutional and collective dynamics. Journal of Applied Psychology, 94(1),
245-253.
Churchill, G.A. (1999). Marketing research: Methodological
foundation. (7 ed.). Orlando: Dryden Press.
Coelho, E.C. (1986). A administração do
sistema de justiça criminal. Dados, 29(1),
61-81.
Cousins, P. & Stanwix, E. (2001). It’s only a matter of confidence!
A comparison of relationship management between Japanese and UK non-Japanese
owned vehicle manufacturers. International
Journal of Operations & Production Management, 21(9/10), 1160-1179.
Craig, S.G. & Heikkila, E.J. (1989). Urban safety
in Vancouver: Allocation and production of a congestible public good. The Canadian Journal of Economics/Revue
Canadienne d'Economique, 22(4), 867-884.
Cruz, M.V.G. & Barbosa,
A.C.Q. (2002a). Uma abordagem organizacional na segurança pública: Notas para discussão.
In Encontro de Estudos Organizacionais,
Recife: ENEO.
Cruz, M.V.G. & Barbosa, A.C.Q. (2002b). Modelos
de policiamento para a gestão da segurança pública. In Encontro de Estudos Organizacionais. Recife: ENEO.
Damásio,
B.F. (2012). Uso da análise fatorial explicatória em
psicologia. Avaliação Psicológica, 11(2),
213-228.
De Vries, H.A., Bekkers, V.J.J.M., Tummers, L.G. (2014). Innovation in the Public Sector:
A systematic review and future research agenda. Speyer: EGPA conference.
Djellal, F.
& Gallouj, F. (2012a).
L'innovation dans les services publics. Revue Française D'économie, 2(XXVII), 97-142.
Djellal, F. & Gallouj,
F. (2012b). Two decades of research on innovation in services: which place for
public services? Manuscrit auteur, publié dans "1st
International EIBURS-TAIPS Conference on: Innovation in the public sector and
public eservices. Urbino: Italie.
Field, A. (2009). Descobrindo
a estatística usando o SPSS (2 ed.). Porto Alegre:
Artmed.
Figueiredo Filho,
D.B. & Silva Júnior, J.A. (2010). Visão além do alcance: Uma introdução à
análise fatorial. Opinião Pública 16(1),
160-185.
Fonseca, J.S.
& Martins, G.A. (1996). Curso de estatística (6 ed).
São Paulo: Atlas.
Formiga, N.S.
(2011). Valoração da família e condutas desviantes: Testagem de um modelo
teórico. Psico, 42(3), 383-392.
Gaines,
L.K., Trojanowicz, R., & Kappeler,
V.K. (2009). Community policing: A
contemporary perspective. Cincinnati: Anderson Publishing.
Gallouj, F. (1994). Cycles économiques et
innovations de service: À la lumière de la pensée schumpéterienne. Revue
Française d'Économie, Programme National Persée, 9(4), 169-213.
Gallouj, F. (1997). Towards a
neo-Schumpeterian theory of innovation in services?. Science
and Public Policy, 24(6), 405-420.
Gallouj, F. (2002). Knowledge-intensive business services: Processing knowledge
and producing innovation. In J. Gadrey & F. Gallouj (eds). Productivity, innovation and knowledge in
services: New economic & socio-economic approaches (pp. 256-284). Great Britain: Edward Elgar Publishing.
Gallouj, F.
(2007). Economia da inovação: Um balanço dos debates recentes. In R. Bernardes
& T. Andreassi (orgs.).
Inovação
em serviços intensivos em conhecimento (pp. 3-27). São Paulo: Saraiva.
Gallouj, F. & Savona, M. (2010). Towards a theory of innovation in services:
A state of the art. In F. Gallouj & F. Djellal. The handbook of innovation in services: A
multi-disciplinary perspective (pp. 27-48). UK/USA: Edward Elgar.
Gallouj, F. & Weinstein, O. (1997). Innovation in services. Research Policy, 26(4-5), 537-556.
Gallouj, F. &. Windrum, P. (2009). Services and
services innovation. Journal of Evolutionary Economics, 19(2), 141-148.
Hair, J.F.,
Black, W.C., Babin, B.J., Anderson, R.E., & Tathan, R.L. (2009). Análise
multivariada de dados (6 ed.). Porto Alegre: Bookman.
Leonard-Barton, D. (1982). Swedish entrepreneurs in
manufacturing and their sources of information. Centre
for Policy Application, MIT, Boston.
Lima, D.H. & Vargas, E.R. (2012). Estudos internacionais sobre inovação no setor público: Como a
teoria da inovação em serviços pode contribuir?. Revista Administração Pública,
46(2), 385-401.
Lima,
R.S., Ratton, J.L., & Azevedo, R.G. (2014).
Introdução. In R.S. Lima, J.L. Ratton, & R.G.
Azevedo (orgs.). Crime,
polícia e justiça no Brasil (pp. 13-15). São
Paulo: Contexto.
Malhotra, N.K. (2001). Pesquisa de Marketing: Uma
orientação aplicada (3 ed.). Porto
Alegre: Bookman.
Mann, D. (2002). Manufacturing
technology evolution trends. Integrated
Manufacturing Systems, 13(2), 86-90.
Marôco, J.P.
(2010). Análise de equações estruturais: Fundamentos teóricos, software e
aplicações. Pêro
Pinheiro: ReportNumber.
McKenna, P.F. (2014). Tiered
policing: An alternative model of police service delivery. CPC Discussion Paper Series. Canadian
Police College. 1-19.
Menelau, S.,
Vieira, A.F.B.R., Macedo, F.G.L., Adaid-Castro, B.G., & Nascimento, T.G.
(2015). Facilitadores e
barreiras à inovação em serviço nos Postos Comunitários de Segurança do
Distrito Federal. In XXXIX EnAnpad,
Belo Horizonte: ANPAD.
Mesquita
Neto, P. (2004). Policiamento comunitário e prevenção do crime: A visão dos
coronéis da Polícia Militar. São Paulo em
Perspectiva, 18(1), 103-110.
Mintzberg, H., Lampel, J.,
& Ghoshal, S. (2006). O
processo da estratégia (4 ed.). Porto Alegre: Bookman.
Mulgan, G. &
Albury, D. (2003). UK cabinet office
discussion paper: Innovation in the public sector, Prime Minister’s strategy
Unit (ver. 1.9). London: Cabinet Office.
Naqshbandi, M. & Kaur, S. (2011). A
study of organizational citizenship behaviours, organizational structures and
open innovation. International Journal of Business and Social Science, 2(6),
182-19.
Naranjo-Gil, D. (2009). The influence of environmental and organizational factors on innovation
adoptions: Consequences for performance in public sector organizations. Technovation, 29, 810-818.
OCDE
(2005). Manual de Oslo. Diretrizes para
coleta e interpretação de dados sobre inovação (3 ed.).
FINEP.
Oliveira,
P. (2011). A atividade de inteligência na
Polícia Militar do Distrito Federal como orientadora do emprego do policiamento
ostensivo para a Copa do Mundo de 2014. Monografia apresentada ao
Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra do Curso de Altos Estudos
de Política e Estratégia.
Oliveira Júnior, A. & Silva, E.B. (2010). As
polícias estaduais brasileiras: O desafio da reforma. In IPEA. Brasil em desenvolvimento: Estado,
planejamento e política pública (v. 3) (pp. 628-646). Brasília: IPEA.
Pasquali, L. (2010). Instrumentação psicológica:
Fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed.
PMDF
(2007). Plano de Ação – Postos Comunitários de Segurança. Brasília:
Polícia Militar do Distrito Federal.
Poncioni, P.
(2013). O caso da educação policial no Brasil. Civitas, 13(1), 48-55.
Prahalad, C.K.
& Hamel, G. (2012). A competência central da
empresa. In R.A. Burgelman, C.M. Christensen,
& S.C. Wheelwrigth. Gestão estratégica da
tecnologia e da inovação: Conceitos e soluções (5 ed.) (pp. 34-45). Porto
Alegre: AMGH.
Ribas, J.R. &
Vieira, P.R.C. (2011). Análise multivariada com uso do SPSS. Rio de
Janeiro: Ciência Moderna.
Ribeiro,
L. (2014). Policiamento comunitário. In R.S. Lima, J.L. Ratton,
& R.G. Azevedo (orgs.). Crime, polícia e justiça no Brasil (pp. 527-538).
São Paulo: Contexto.
Robertson, D. (1998). Public and private policing:
Issues and options for collaboration within Australia. Paper presented at the
conference Partnerships in Crime
Prevention, convened jointly by the Australian Institute of Criminology and
the National Campaign Against Violence and Crime and held in Hobart, pp. 25-27.
Rolim,
M. (2007). Caminhos para a inovação em segurança pública no Brasil. Revista Brasileira de Segurança Pública,
1(1), 32-47.
Sapori, L.F. (2002). A inserção da polícia na Justiça Criminal brasileira: Os
percalços de um sistema fracamente articulado. In I. Freitas & B.D. Mariano
(orgs.). Polícia:
Desafio da democracia brasileira. Porto Alegre: Corag.
Schumpeter, J.A.
(1982). Teoria do desenvolvimento
econômico: Uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo
econômico (3 ed.). São Paulo: Nova Cultural.
Shearing, C. & Stenning, P. (1987). The interweaving of public and private police
undercover work. Private Policing.
Silveira,
A.M. (2014). A prevenção do crime e segurança comunitária. In R.S. Lima, J.L. Ratton,
& R.G. Azevedo (orgs.). Crime,
polícia e justiça no Brasil (pp. 539-546). São Paulo: Contexto.
Slack,
N. & Lewis, M. (2011). Estratégia
de operações (2 ed.). Porto
Alegre: Bookman.
Sparrow, M.K. (2014). Managing the boundary between
public and private policing. New
Perspectives in Policing Bulletin. Washington, DC: U.S. Department of
Justice, National Institute of Justice.
Spetic, W.,
Marquez, P., & Kozak, R. (2012). Critical
areas and entry points for sustainability-related strategies in the
sugarcane-based ethanol industry of Brazil. Business Strategy and the
Environment, 21, 370-386.
Tabachnick, B.G. & Fidell,
L.S. (2007). Using multivariate analysis.
Needham Heights: Allyn & Bacon.
TCDF (2009). Auditoria
operacional no sistema de segurança pública do Distrito Federal.
Distrito Federal: Tribunal de Contas do Distrito
Federal.
UAG.
(2010). Ofício n. 148/2010. Distrito
Federal: Secretaria de Segurança Pública. Unidade Geral de Administração da
SSPDF.
UNODC.
Brasil e Cone Sul. (2011). Gestão e governança
da segurança pública no Distrito Federal e entorno. Escritório das Nações
Unidas sobre Drogas e Crimes.
Vargas,
E.R., Bohrer, C.T., Ferreira, L.B., & Moreira, M.F.
(2013). A pesquisa sobre inovação em serviços no Brasil: Estágio atual,
desafios e perspectivas. Revista de
Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, 2(1), 3-21.
Wagner III, J.A. & Hollenbeck, J.A.
(2012). Comportamento organizacional: Criando vantagem competitiva (3 ed.). São Paulo:
Saraiva.
Wang, J. & Cao, D. (2008). Relationships between
two approaches for planning manufacturing strategy: A strategic approach and a
paradigmatic approach. Int. J. Production
Economics, 115, 349-361.