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ISSN - 2237-7840 Rosa dos Ventos
A Economia do Bem Viver: uma reflexão para a sociedade pós-pandemia
The Economy of Buen Vivir: a reflection for the post-pandemic society
Alair Ferreira de Freitas1
“A ferramenta mais poderosa em economia não é o dinheiro,
nem mesmo a álgebra. É o lápis. Porque com um lápis pode-
se redesenhar o mundo” (Kate Raworth)
RESUMO
O objetivo deste ensaio é refletir sobre uma questão premente, reforçada no âmbito
da pandemia da Covid-19, que marcará para sempre a humanidade: em que sentido
conduzir a transformação de nossa economia para que o “novo normal” não continue
sendo de reprodução da pobreza, da fome e da degradação da natureza? A partir de
pressupostos e conceitos enunciados pela Carta Encíclica Laudato Si elaborada pelo
Papa Francisco e da noção de “bem viver” desenvolvida por Alberto Acosta, com apoio
de outros autores, defino duas dimensões reflexivas principais: cognitiva, que diz
respeito aos sentidos e significados que atribuímos a nossas experiências e,
especialmente, à definição do que é econômico; e a institucional, que explicita a
importância das instituições e de aspectos normativos no condicionamento de nossos
comportamentos. Essas dimensões revelam aspectos fundamentais para a
transformação da economia e fundamentam a reflexão, a partir da noção de ecologia
integral, sobre a transição socioecológica da economia para que possamos desenhar
a economia do bem viver, o que representa uma complexa ruptura paradigmática.
Palavras-chave: Economia; bem viver; ecologia integral.
ABSTRACT
The objective of this essay is to reflect on a fundamental issue, reformed in the contexto
of the Covid-19 pandemic, that will mark humanity forever: in what sense the
transformation of our economy to the “new normal” does not continue to be a
reproduction of porverty, hunger and degradation of nature? Based on assumptions
and concept enunciated by the Encyclical Letter Laudato Si, elaborated by Pope
Francis and with the notion of “buen vivir” developed by Alberto Acosta, with the
support of other authors, define two main reflective dimensions: cognitive, ehich
concerns the sense and meanings that it attributes to our experiences and, especially,
to the definition of what is economic; and an institutional one, which explains the
importance of institutions and the normative aspects without conditioning our
requirements. These dimensions reveal fundamental aspects for the transformation of
the economy and support the reflection, based on the notion of integral ecology, on a
socioecological transition of the economy so that we can design the economy of buen
vivir, which represents a complex paradigmatic break.
Keywords: economy; buen vivir; integral ecology.
1 Doutor em Administração pela UFMG. Professor do Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa. E-mail:
alair.freitas@ufv.br
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1. Introdução
“É necessário ‘re-animar’ a economia!”. Essa é uma afirmação marcante registrada na carta convite do Papa
Francisco aos jovens do Mundo para o evento internacional Economy of Francesco, que seria realizado em
2020 em Assis, na Itália, para repensar a economia mundial e propor alternativas mais sustentáveis,
solidárias e inclusivas2. Essa proposta é baseada na Encíclica Laudato Si, publicada pelo Papa Francisco e
que completou 5 (cinco) anos de publicação em 2020, ano de deflagração de uma das maiores crises do
século decorrente de uma pandemia global. A conjuntura atual expõe que aquela frase é mais atual do que
nunca e revela a pronunciada necessidade de redesenhar a economia. A pandemia da Covid-19 mostrou,
mesmo aos mais céticos, a fragilidade do nosso sistema econômico e da própria humanidade. Ela exibiu
mazelas da sociedade, intensificou desigualdades e mostrou, assim como o Papa Francisco enfatizou, que
tudo está interconectado: economia, Sociedade e Natureza3 estão intrinsecamente ligadas à (re)produção
da vida.
Contudo, apesar de muitas ações solidárias em meio à grave crise que assola a humanidade (que no Brasil
é intensificada por uma das maiores crises políticas de sua história democrática), a apatia social tem também
isolado moralmente grande parcela da população e emitido sinal da perda do sentido de responsabilidade
entre as pessoas e delas com o mundo. As narrativas em disputa enfatizam de forma premente o conflito
entre a manutenção das atividades mercantis e a preservação da vida.
Muitas instituições, especialmente econômicas, aliadas a Estados conservadores e liberais, como é o caso
do Brasil, tentam atribuir certa superficialidade a esse momento histórico, contrariando a profundidade da
crise, que se enraíza na fragilidade do sistema de saúde, em pobreza, desigualdades e concentração de
renda, numa estrutura social marcada pelo determinismo econômico da vida. A naturalização das
contradições, um mecanismo discursivo e institucional das culturas capitalistas, é evocada novamente para
a produção de comportamentos evasivos e sem criticidade, garantindo a manutenção do status quo. Uma
das principais reinvindicações do momento é a “volta ao normal”, referenciando o “normal”, ou seja, a
realidade pretérita, como padrão. É justamente essa “normalidade”, porém, que a abordagem reflexiva da
Laudato Si sublinha como o caminho aos limites da própria humanidade.
Contrariando as narrativas que naturalizam o nosso padrão civilizatório individualista, consumista e
patriarcal, que enuncia o mercado como entidade4 inevitável de organização da Sociedade e o homem
branco auto interessado como modelo humano, Francisco (2015), bem como movimentos sociais, cientistas,
organizações feministas, grupos indígenas e camponeses e inúmeras outras manifestações
contemporâneas de resistência ao sistema capitalista condenam o antropocentrismo despótico,
institucionalizado numa “economia sem alma”5, que segue trajetórias de exclusão, de produção de misérias
e de degradação ambiental.
Esse contexto nos convida a repensar a economia e reposicioná-la no âmbito da construção da vida em
Sociedade e de sua relação com a Natureza. O momento histórico que vivemos e as mazelas com que
convivemos não podem ser mantidos naturalizados e deixar de incomodar a todas e a todos. As crises
2 O evento aconteceu em Novembro de 2020, em formato online devido à Pandemia da Covid-19, reunindo representantes de dezenas
de países, de todas as regiões do mundo. A carta convite, publicada em 2019, pode ser acessada em:
http://www.vatican.va/content/francesco/pt/letters/2019/documents/papa-francesco_20190501_giovani-imprenditori.html.
3 Sociedade e Natureza serão escritas nesse texto com a primeira letra maiúscula propositalmente para registrar a necessidade de
repensar seu status ontológico, já que para a abordagem aqui empreendida não podem ser tomadas analiticamente como objeto.
Economia, categoria postulada frequentemente como dominante, permanecerá em minúsculo por esse exato motivo, entendendo-a
como uma construção social e relativizando seu significado, concebendo sua organização em favor da vida e não o contrário. Ao longo
do texto essa questão retornará e será elucidada.
4 Entidade, caracterizando aqui mercado, mas entre aspas, é assim colocada para evidenciar e problematizar a acepção do termo e de
como ele representa o equívoco de reificação do mercado, como se ele fosse de fato uma entidade e personificada, o que contribui
para naturalizá-lo e para invisibilizar os processos sociais que lhe são subjacentes e que o constroem cotidianamente.
5 Termo cunhado pelo Papa Francisco.
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decorrentes da Pandemia da Covid-19 têm aprofundado a fome e a violência doméstica e intensificado a
concentração de renda, problemas produzidos pela “condição humana” moderna e não pela “natureza
humana”, como diria Hanna Arendt (2009), para quem a produção social da modernidade (o nosso “normal”),
coloca em risco condições básicas da vida humana: a pluralidade e a cooperação. Não é o vírus e a
pandemia, portanto, que ocasionam sozinhos tais problemas. Apenas os evidenciam e os intensificam.
“Voltar ao normal” seria condescender à intransigência das instituições que sobrepõe a economia à vida.
Essa reflexão inspira a pensar a economia a partir de perspectivas contra hegemônicas, que se edifiquem
sobre o “bem viver”, incluam os pobres e marginalizados, valorizem a diversidade e as ancestralidades e
promovam a igualdade de gênero. Esse é um exercício ontológico, epistemológico, político e prático, que
exige compreender os sentidos do que é “econômico” e a arquitetura institucional que condiciona a
economia, bem como as dinâmicas sociais e ambientais que a orientam. Parto daí para construir percepções
sobre a economia do bem viver, que valorize e integre a Natureza como sujeito e não objeto da realização
dos desejos de consumo dos seres humanos, que reconheça os trabalhos das mulheres e seu protagonismo
na economia e que pense a socialização de riquezas para reduzir desigualdades.
Esse será meu ponto de partida para introduzir uma reflexão cada vez mais necessária na atual conjuntura
da humanidade. Ela passa propositadamente por (re)construir nossa cultura econômica e nossas
sociabilidades. Trata-se de um processo cognitivo, de mudarmos nossa representação social sobre o mundo
e sobre nós mesmos, mas também, institucional, de reconfigurar as regras e normas que reproduzem nosso
padrão civilizatório e que constantemente nos constrangem a retornar à “ordem” que as estruturam.
Uma problematização sobre economias do bem viver exige, nesse sentido, como sugeriu a economista Kate
Raworth (2017), que nos tornemos agnósticos sobre a importância e o papel do crescimento econômico
para a Sociedade e o planeta e nutrirmos a natureza humana como incentivo intrínseco, ao invés de
promover incentivos ao individualismo e aos comportamentos egoísticos. Para a autora, é preciso
empreender institucionalmente uma dinâmica econômica distributiva, regenerativa e sustentável (social e
ecologicamente), com base em valores até então marginalizados e negligenciados pela economia, como a
igualdade de gênero e a compreensão efetiva de que os recursos naturais são finitos e estão em risco.
Foi diante dessa pauta e assumindo a liderança de uma agenda de transformação da economia global que
o Papa Francisco fez o chamado aos jovens do mundo para construírem um “pacto comum” de mudança
histórica. A transição proposta por essa agenda se edifica sobre os pressupostos acima mencionados e se
caracteriza pelo ideal de fraternidade, atento, acima de tudo, aos pobres e excluídos, edificado sobre a
cultura da comunhão, dando centralidade à vida, dos seres humanos e da Natureza. “Cuidar da nossa Casa
Comum” é o propósito dessa agenda e a base da economia do bem viver, o que guiará a reflexão nesse
texto.
Espero construir uma reflexão teórica e epistemológica aderente a este propósito, que convide as leitoras e
leitores a pensarem suas pesquisas e sua práxis cotidiana, especialmente no contexto de um mundo pós-
pandemia, cujo aprendizado primeiro foi que a maneira como a Sociedade reage ao vírus e às mazelas que
ele intensifica diz mais sobre nós mesmo do que propriamente sobre a doença. Esse texto é um convite a
revermos nossos esquemas mentais e morais, para que estejamos mais próximos da solidariedade e da
cooperação do que da competição e do egoísmo, para que mesmo quando for necessário promover o
isolamento social, saibamos conduzir a integração necessária para superar as crises e produzir resiliência.
Para construir esse quadro analítico, articulo ideias inspiradas em importantes autoras, influentes na
economia contemporânea e na construção do pensamento econômico, em especial Kate Raworth, Diana
Strassmann, Elinor Ostrom e Hanna Arendt, citadas nesse texto. Argumentos convergentes entre as
reflexões sobre a ecologia integral, propostas pelo Papa Francisco, e do bem viver, propostas pelo
economista latinoamericano Alberto Acosta, se tornaram bases para essa proposta. A partir dessas
referências, duas dimensões reflexivas foram definidas, a i) cognitiva e a ii) institucional, separadas
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didaticamente no texto, mas integradas na realidade social, reciprocamente influenciadas. Assumo aqui que
essas dimensões estão imbricadas de um caráter relacional, ou seja, se constituem a partir das relações
sociais, mas também as influenciam.
As dimensões reflexivas são, assim, categorias analíticas necessárias para a construção de novos olhares
e novas práticas econômicas, mas não encerram em si próprias a complexidade desse fenômeno e precisam
ser compreendidas no âmago da interação recíproca entre estrutura e ação social. Apoiado pelo
entendimento dessas dimensões, exponho perspectivas sobre uma transição socioecológica da economia,
baseada na noção de ecologia integral. Não espero que essa seja uma reflexão teórica abstrata, mas uma
contribuição, mesmo que pontual, ao pensamento social sobre caminhos à transição da economia e seu
enraizamento na Sociedade.
2. Dimensão cognitiva
Essa é uma dimensão basilar, que explora o processo mental de percepção sobre a vida material, referente
aos sentidos e significados que moldam nossa apropriação da realidade e orientam, assim, nosso
comportamento. A trajetória do pensamento econômico e sua infiltração nas instituições da Sociedade
refletem isso, explicitando e invisibilizando inúmeros aspectos da realidade. A economista Diana Strassmann
(1999) dá exemplo ao argumentar que muitos modelos notadamente aceitos pela ciência e incorporados ao
senso comum ou “verdades estilizadas”, foram baseados em suposições estereotipadas sobre gênero,
marginalizando as mulheres à esfera doméstica e reforçando sua condição acessória em relação aos
homens, provedores da economia, destituindo, assim, a própria economia da reprodução da vida.
O pensamento econômico ortodoxo, edificado sobre as bases inexoráveis da racionalidade, do auto
interesse e do individualismo, logrou êxito como referencial civilizatório e não apenas teórico. Contudo, em
contraposição, a heterodoxia reflete caminhos alternativos, ancorados na história, na interação social e em
bases institucionais, que espero enfatizar a partir de uma apropriação substantiva da economia para revelar
os significados de econômico e seu caráter instituído.
Para Polanyi (2012), o pensamento economicista passou a definir a natureza das instituições econômicas.
Segundo o autor, isso se materializa na forma como a vida em Sociedade está organizada e os nossos
meios de reprodução material são operados. Em síntese, a economia foi historicamente personificada no
mercado e o resume no senso comum e em muitas teorias que intentam deslocar a economia da Sociedade.
Transferem-se, assim, os sentidos e a história da economia ao mercado e sua história, minguando nossa
compreensão sobre os mecanismos de reprodução da vida material e criando um anacronismo conceitual.
Polanyi (2012) classifica esse processo de “falácia economicista”, pois iguala a economia humana à
economia de mercado, numa produção de sentidos que encerram nossa vida econômica em nossas
aspirações e interações mercantis. Essa falácia reforça o determinismo econômico da vida e funda a ilusão
de que essa é a lei geral da Sociedade, atribuindo hoje um sentido natural sobre o mercado, a competição
e a exclusão. Contudo, é necessário, nesta reflexão, assumir que o mercado e o sistema econômico são
construções sociais, consequências culturais históricas da nossa civilização, reproduzidas pela maioria das
instituições, socializada entre gerações.
O Estado sempre assumiu papel fundamental nesse processo, impondo o mercado como matriz de
organização da Sociedade, definindo as prioridades de apoio, favorecendo determinados segmentos e
invisibilizando outros. Isso faz parte da história humana. Na história da agricultura e do desenvolvimento
rural, por exemplo, presenciamos a prevalência de modelos institucionais desenvolvimentistas colonialistas,
que supervalorizavam a produtividade agrícola, a monocultura e os grandes produtores em detrimentos da
Natureza e da agricultura familiar e campesina e reforçavam uma racionalidade patriarcal da produção
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agropecuária. E esse é ainda o nosso “normal”. Para Francisco (2015), a economia contemporânea produz
uma mentalidade utilitária, que só fornece uma concepção estática da realidade em função de necessidades
atuais, presente tanto quando o mercado atribui os recursos como quando o faz um Estado planificador.
O homo economicus6, que para muitos se tornou doutrina, é uma formulação categórica do pensamento
econômico que ajudou a institucionalizar as bases da economia de mercado contemporânea, mas que não
representa realmente os homens, muito menos a mulheres. O sistema econômico, portanto, não pode
traduzir a Sociedade e precisa ser entendido a partir dela e não o contrário. Para conduzir esse diálogo,
vamos compreender dois significados de econômico, assim como elucidou Polanyi (2012).
Para o autor, o termo “econômico” é frequentemente empregado por distintas disciplinas quando se referem
à subsistência humana, mas dependendo do quadro de interpretação, isso ora aparece associado à noção
de escassez, ora às necessidades materiais de reprodução da vida. Distinguem-se aí dois polos de
significação não relacionados entre si, o significado formal e o significado substantivo. O significado formal,
baseado no argumento da escassez, se constrói no sentido de economizar, conseguir preço baixo, com
referência a negociações em torno de meios insuficientes, que impelem à prática econômica. O significado
substantivo, porém, não implica necessariamente escassez e introduz o costume e as tradições como
elementos que condicionam as escolhas; e quando estas se realizam, não necessariamente se padronizam
pela insuficiência material.
Para Polanyi (2012), institucionalizou-se a crença universal da natureza limitada da oferta e um postulado
filosoficamente temerário sobre a natureza ilimitada dos desejos e das necessidades humanas. Segundo o
autor, embora essa constatação se proclamasse empírica, não passava de uma asserção dogmática que
contribuiu para universalizar o mercado como instituição econômica de organização da Sociedade. A
naturalização da situação de escassez e a representação de que o acesso aos bens escassos passa
necessariamente pelo mercado o tornou um dos elementos mais necessário à vida humana, assentou o
significado formal da economia e o enraizou em nosso “normal”. Para ele, principal ponto de problematização
desse significado é que ao tratar de carências e escassez entende-se a prática humana a partir de uma
concepção puramente utilitária, atomizando os indivíduos.
Já o significado substantivo se refere ao que de fato dá substância à vida, associado à interdependência
dos seres humanos entre si e com a Natureza, necessárias para sobreviver e manter as Sociedades. O
autor sublinha que é exatamente a interação institucionalizada com o ambiente natural que possibilita a
reprodução social da vida humana, num processo de satisfação das necessidades materiais. Contudo, não
se pode interpretar que as necessidades sejam exclusivamente corporais, como alimentação, vestuário ou
moradia, apesar de serem essenciais à subsistência, pois há inúmeras necessidades e motivações
subjetivas ao consumo. Os meios, não as necessidades, é que são materiais. Exatamente por isso, não é a
utilidade o principal vetor do comportamento econômico.
A dimensão cognitiva, portanto, revela a necessidade de pensarmos o que significa a economia e como
algumas apropriações teóricas, apesar de legitimadas, dão conta apenas da superfície do que o “econômico”
representa para a vida humana e é por ela definido (e não o contrário). Trata-se de um exercício de
desnaturalizar o mundo econômico e revelar a “economia como processo instituído”, como diria Karl Polanyi,
ou seja, um processo de interação entre indivíduos e destes com a Natureza que resulta em um contínuo
suprimento de satisfações das necessidades humanas: como processo, destaca seu dinamismo, seu
movimento, já que os elementos materiais variam em termos de localização e de concentração em
6 O conceito de Homo Economicus, diz respeito a uma representação do ser humano baseado em um postulado da racionalidade, do
comportamento racional dos indivíduos, construídos para referenciar uma teoria do comportamento econômico. Tornou-se um símbolo
na ciência econômica e ainda hoje tem um poder representativo grande na formação do pensamento econômico e no entendimento da
natureza humana.
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determinados grupos e pessoas; e ele é instituído porque está inserido num contexto institucional mais
amplo, que condiciona formas de acesso e uso e lhe atribui sentido.
3. Dimensão institucional
O contexto institucional, que condiciona os comportamentos e a organização social, foi (e ainda permanece)
invisibilizado em inúmeros modelos econômicos, que reproduzem o homo economicus. Porém, já não é mais
coerente pensar a economia deslocada de sua dimensão institucional. O Estado, as escolas, a família, as
religiões etc. têm profunda influência em como os indivíduos e grupos sociais definem seus caminhos de
reprodução da vida. Valores, princípios, crenças, aspectos morais e simbólicos, em geral, são poderosas
ferramentas de caracterização de Sociedades e, assim, de economias, por mais que a ortodoxia os
marginalize analiticamente. Nós somos socializados e interiorizamos essas ferramentas de tradução da
realidade e é a partir delas que consumimos, usamos e descartamos.
A Encíclica Laudato Si registra que o “estado de saúde” das instituições de uma Sociedade tem
consequências diretas na natureza e na condição de vida humana, de forma que interferir na solidariedade
e na organização cívica de uma Sociedade provoca danos ambientais. Para Francisco (2015, p. 116), “a
ecologia social é necessariamente institucional e progressivamente alcança as diferentes dimensões, que
vão desde o grupo social primário, à família, até à vida internacional, passando pela comunidade local e a
nação”. Em cada uma dessas esferas de realização da vida e de organização da economia desenvolvem-
se e se reproduzem instituições, que regulam as relações humanas e buscam dar sentido às nossas práticas
e manter a ordem social.
Segundo Kate Raworth (2017), para mudarmos o sistema econômico e torná-lo regenerativo e sustentável
é necessária uma profunda mudança institucional que, dentre outros, exige a proposição de novas
legislações, ou seja, novas regras que condicionem o comportamento humano e as práticas do setor privado
e dos governos. A autora reforça que o único conjunto de leis que não podemos mudar é aquele ligado à
dinâmica do sistema Terra. O sistema financeiro, a característica dos produtos disponíveis para o consumo
e os preços, todos podem ser alterados e reorientados e novas instituições podem ser criadas, voltadas à
manutenção do equilíbrio entre a economia, a Natureza e a Sociedade, entendendo que a economia é um
produto da Sociedade e a Sociedade parte integrante da Natureza. A proposição de Francisco (2015) reforça
isso ao sublinhar que tudo está interconectado e essa conexão precisa ser adequada à vida e não ao lucro,
que a preocupação das empresas precisa ser seu retorno à Sociedade e não sobre seus investimentos
stricto sensu.
Portanto, a mudança institucional é radical a essa reflexão. Para mudar a economia é preciso mudar leis e
normas que orientam a Sociedade. E isso passa por uma mudança que lhe é intrínseca, que é cognitiva. Se
não entendermos que estamos à beira de um colapso planetário, que estamos colocando a humanidade em
risco e que isso está diretamente associado à forma como nos relacionamos e consumimos, não iremos
requerer novas formas de comportamento e práticas econômicas. As diversas experiências que integram
economias do bem viver, como a agricultura agroecológica e os empreendimentos de economia solidária,
ilustram caminhos, mas precisamos ampliar a escala dessas experiências para torná-las a regra e não a
exceção.
A esse debate Kate Raworth (2017) novamente contribui, elucidando que muitos modelos econômicos que
orientam processos de desenvolvimento têm negligenciado importantes esferas de formação de valor e
realização da vida material para além do Estado e do mercado, exaltados pelo mainstream da economia.
Isso passa a influenciar as instituições e a dinâmica econômica, que também as invisibilizam. O espaço
doméstico e os bens comuns, ou bens públicos compartilhados não estatais que são bases da ação coletiva
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e integração da sociedade civil, em geral não aparecem e não são valorizados nos modelos econômicos. A
invisibilidade dos espaços domésticos marginalizou o protagonismo das mulheres na economia e
praticamente as retirou da reflexão teórica, contribuindo para tornar a economia, um sistema historicamente
patriarcal e desigual.
Elinor Ostrom, grande referência global no tema dos bens comuns (commons), recebeu o Prêmio Nobel de
Economia de 2009. Para a autora, a ação coletiva induz convenções e instituições capazes de preservar o
bem comum, que não apenas o Estado e o Mercado produzem, mas isso depende da capacidade das
comunidades em se mobilizarem e estabelecerem confiança mútua (Ostrom, 1990). A análise institucional
que ela empreende demonstrou o poder da ação coletiva na preservação do bem comum, reforçando que a
solução para o desenvolvimento sustentável não se encerra no mercado ou no Estado e não pode ser
universalizável, pois emerge da própria Sociedade, adaptado às comunidades e aos arranjos institucionais
para a governança dos recursos comuns, voltados à sua manutenção. Contudo, a autora adverte: a
sustentabilidade da ação coletiva, para a preservação dos bens comuns, depende de como as instituições
são construídas e se as regras e normas que as reproduzem reforçam comportamentos cooperativos e
ampliam a confiança.
A economia do bem viver preserva os bens comuns, cuida da Natureza e valoriza a vida. Isso demanda
mudar instituições, estimulando a cooperação e não a competição, a consciência e não o consumismo, a
solidariedade e não o individualismo. Esse é um processo de mudança institucional e, como tal, parte de
ações coletivas. E já há, em todas as partes do mundo, inúmeros empreendimentos humanos que constroem
formas alternativas de interagir com a Natureza e de conceber a Sociedade, como as mobilizações pela
igualdade de gênero, redes de agroecologia e agricultura sustentável, grupos de proteção da água como
bem comum etc. São experiências coletivas que nutrem esperanças para o futuro e sinalizam a toda
Sociedade que outras economias existem e funcionam.
Isso reforça que, se o sistema econômico atual e as leis que o regem i) induzem a organização da Sociedade
a partir do consumo; ii) possibilitam e reforçam a competição desleal no mundo empresarial, que é regido
pela necessidade de acumulação de lucro; iii) fazem as crianças desde cedo se reconhecerem como
consumidoras, mas não as ajuda a entenderem sua relação com a Natureza; iv) criam status social a partir
do acúmulo de bens materiais, dentre diversas outras características que lhe são inerentes; o problema
nunca esteve nos “jogadores”, mas nas “regras do jogo”. Retomando Hanna Arendt, a questão em pauta
não é a natureza humana, mas a condição humana, o “problema” não é que os indivíduos nascem com o
gene da competição e do individualismo, mas que a condição em que eles nascem e vivem, as instituições
por meio das quais são socializados, os moldam à sua própria lógica, para reproduzir o sistema e preservar
a ordem instituída.
Mas se as regras e as instituições são socialmente construídas, elas podem ser alteradas.
4. Ecologia integral: por uma transição socioecológica da economia
O sistema econômico da forma como está institucionalizado pode ser concebido como um sistema vivo,
enraizado em nossa cultura e reproduzido entre gerações. Nossas instituições são os principais aparelhos
de operação desse sistema e os indivíduos suas engrenagens, que internalizam valores, rotinizam práticas
e naturalizam determinados aspectos da realidade. Nós crescemos internalizando a noção de que somos
proprietários e dominadores da Natureza e, por isso, autorizados a usá-la de acordo com nossos interesses.
Vivemos nesse padrão civilizatório o que Acosta (2016) chamou de divórcio entre produção e Natureza. E,
segundo o autor, para libertar a Natureza da condição de mero objeto de propriedade dos seres humanos é
necessário um grande esforço político, e por isso institucional, de reconhecê-la como “sujeito de direitos”.
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Podemos incluir essa questão no âmago do que Francisco (2015) defende como ecologia integral, uma
perspectiva analítica e política sobre a relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a
Natureza. A ecologia integral, da forma como compreendo, é uma referência epistemológica para traçar
novos caminhos de ação e reflexão sobre a integração economia-Sociedade-Natureza, trazendo à baila
questões centrais como os direitos da Natureza, a reprodução da vida e a igualdade de gênero, ausentes
na construção do pensamento econômico e, assim, das políticas públicas, leis e de boa parte da história
econômica.
Para Acosta (2016), na história humana, definiu-se a Natureza sem considerar a humanidade como sua
parte integral, rejeitando o fato de que os seres humanos são, por si próprios, Natureza. Precisamos superar,
portanto, os esquemas antropocêntricos de organização produtiva que impulsionam a economia. Para o
autor, é preciso aceitar que todos os seres têm o mesmo valor ontológico. Isso não significa, entretanto,
que sejam tratados como idênticos, mas que não podemos tornar a Natureza objeto de nossos interesses
utilitários e sim sujeito de direitos. Isso articula o que o autor denomina de uma “igualdade sociobiocêntrica”
como matriz de organização social.
Falar em direitos da Natureza não é criar uma noção anacrônica que defende a Natureza como intocada e
a volta ao passado. Ao contrário, é um mecanismo para que a Sociedade humana permaneça em evolução
e possa continuar a cultivar terras, pescar e criar animais, porém, com atenção direta e profunda aos
ecossistemas e ao bem comum e não aos indivíduos e seus interesses particulares. Acosta (2016)
argumenta, nesse sentido, que os direitos humanos e os direitos da Natureza são analiticamente
diferenciáveis, e que nessa concepção se complementam e se transformam em uma espécie de “direitos da
vida” e “direitos à vida”.
Pensar desse ponto de vista é criar um exercício para o que Francisco (2015) chamou de conversão
ecológica, que diz respeito inicialmente a uma mudança cultural e cognitiva, no sentido de “alimentar uma
paixão pelo cuidado do mundo”. Para ele, a conversão ecológica, que se requer para criar uma mudança
duradoura em nossa economia, para uma versão mais sustentável e inclusiva, é também uma conversão
comunitária. A abordagem ecológica, no âmbito de uma ecologia integral, envolve, assim, uma abordagem
social, entendendo que a degradação ambiental está sempre intimamente (objetiva e subjetivamente) ligada
à degradação humana e ética da Sociedade. É por isso que Francisco (2015) deixa claro que não há ecologia
sem uma adequada antropologia.
A pobreza, a fome e a desigualdade que descaradamente ainda assombram nossos tempos, intensificadas
atualmente por uma pandemia global, possuem também lastro na concessão de direitos de propriedade
sobre a Natureza e as funções dos ecossistemas (o que a torna objeto). Nosso pensamento funcional e
utilitário nos afasta dos setores populares, invisibiliza a pobreza, minimiza os impactos ambientais e força o
encolhimento dos Estados. A construção de economias para o bem viver exige uma transição socioecológica
da economia, edificada sob a perspectiva de uma ecologia integral, por meio da qual possamos colocar a
política e a economia a serviço da vida.
A sustentabilidade da vida humana não pode mais ser usualmente considerada como externalidade do
sistema econômico, mas como o eixo estruturante da economia. Como tal, o trabalho é uma categoria
fundamental, porque é ação implicada na transformação da Natureza. Se assim o é por condição, para
responder à histórica omissão da economia, é preciso reconhecer e valorizar a igualdade de todas as formas
de trabalho orientado à vida.
Contudo, imperiosamente os modelos de explicação da economia desconsideraram as formas de trabalho
não produtivas e produtivas não remuneradas, o que expõe a enorme e equivocada omissão, que toma
grandes proporções quando observamos que a política, que na maioria das nações é orientada pela
economia, reproduz essas ausências. É por esse contexto que Strassmann (1999) afirma a necessidade de
mudar as formas institucionais que marginalizaram o pensamento e a prática feminista e corroboram para
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desumanizar a economia. Para a autora, os argumentos que se assentam numa presunção de igualdade
humana, como se homens e mulheres tivessem recursos e escolhas disponíveis em iguais proporções por
conviverem numa mesma Sociedade, distorcem e omitem a realidade. Há uma variedade de influências
importantes na vida das mulheres, reproduzidas por nossas instituições, como normas sociais sexistas,
determinações culturais sobre a vida econômica das mulheres, responsabilidades desiguais sobre a
reprodução, desequilíbrio de poder e violência doméstica e discriminação as mais variadas.
Isso depõe diretamente contra a configuração institucional da economia contemporânea e reafirma que a
transição da economia para uma matriz regenerativa e sustentável é urgente, reintegrando a Natureza como
sujeito de direitos e a humanidade como substrato das práticas sociais. Nessa transição é inevitável a
inclusão da quitação de um débito histórico, oportunizando o protagonismo das mulheres, especialmente
porque quando se reconhece todas as formas de trabalho e se ressignifica a economia, se conclui que sem
as mulheres não há economia (MARÇAL, 2017).
Organizando essas reflexões e considerando as inúmeras e emergentes experiências econômicas
alternativas, mas também a realidade sobre a qual elas brotam, marcadas pela desigualdade, ressalto que
essa não é apenas uma discussão aparelhada a uma abordagem heterodoxa da economia, mas uma
reflexão social e teórica sociobiocêntrica, contra hegemônica. Acredito que esse é o ângulo por meio do qual
Francisco (2015) reafirma a necessidade de uma nova solidariedade universal e Acosta (2016) o gérmen de
outra civilização. Por isso, como sugere este último, não se trata de buscar desenvolvimentos alternativos,
mas alternativas de desenvolvimento, para que possamos promover mudanças institucionais e superar a
miséria da modernização – o que não significa modernizar a miséria.
5. Considerações finais
Todas as autoras e autores mencionados aqui convergem com percepção de que um dos maiores desafios
da humanidade é interferir nas dimensões cognitiva e institucional acima mencionadas, ou seja, mudar a
forma como pensamos, para alterar as estruturas que regulam a Sociedade e, assim, mudar os
comportamentos individuais e nossas relações sociais. A transição socioecológica da economia trata-se,
assim, de desenhar uma mudança histórica, um novo contrato social; é a transição de uma concepção
antropocêntrica para uma sociobiocêntrica.
A transição começa com o reconhecimento de que a humanidade não é uma comunidade de seres
individualistas e competitivos. Nós fomos socializados por civilizações que favoreceram esses
comportamentos e os sobrepujaram à cooperação e a solidariedade, que invisibilizaram o cuidado com a
vida e as formas de trabalho reprodutivo e não remunerado. Retomando a epígrafe desse texto, será
necessário, e é possível, “redesenhar o mundo”, ou seja, redesenhar as instituições e incorporar novos
princípios de organização econômica, que estimulem a reciprocidade entre Sociedade e Natureza e a
cooperação humana e que valorize as trabalhadoras e os trabalhadores como agentes decisivos da
produção material e da reprodução da vida. Para Acosta (2016), o bem viver também requer princípios
feministas de uma economia voltada ao cuidado da vida, baseada em cooperação, complementariedade,
reciprocidade e solidariedade.
É preciso reforçar que tal transição, baseada numa ecologia integral, não pode ser reduzida ao imediatismo
de uma Sociedade cínica7. Na perspectiva de Francisco (2015), o redesenho necessário ao mundo passa
primeiro pela socialização do lápis que o realiza e deveria ser operado por uma reflexão diferente, por novas
7 Essa noção se refere à sociedade que ignora os limites ambientais, a marginalidade e a pobreza de parcela considerável da população
humana, chegando a assumir comportamentos imorais, próximos a um “fingimento”, que normaliza a desigualdade, porque centra sua
expectativa de vida em si próprios.
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leis, políticas públicas e programas educativos, por novos estilos de vida e por espiritualidades que convirjam
para a redução das desigualdades e a proteção da Natureza e façam resistência ao avanço do capitalismo
depredador e desumano.
Retomamos aqui, para encerrar, o chamado do Papa Francisco aos jovens do mundo para repensarem a
economia, refletirem sobre seus mundos, para tomarem os lápis e desenharem a transição necessária para
a construção de economias para o bem viver. Esse “chamado” é um diálogo intersetorial, que fala sobre
problemas e necessidades que escapam a religiões, etnias, classes, gêneros e qualquer outro marcador
social. As juventudes assumem um papel poderoso nesse caminho de transformação, pois conduzirão as
instituições e socializarão as futuras gerações. Não basta lhes passar o lápis, é necessário construir com
eles o entendimento de que economias, ou melhor, de que mundo queremos: interferir na dimensão cognitiva
e construir coletivamente novos olhares sobre o mundo, para interferir na dimensão institucional e construir
coletivamente os termos de um novo “contrato social”.
A transição de que falo pode ser compreendida, portanto, como um compromisso intergeracional, um pacto
para que a economia (entendida pelo seu significado substantivo) esteja a favor da vida, seja, portanto, uma
economia do bem viver. E se pensarmos o que tudo isso significa, valorizando todos os elementos acima
mencionados e outros que por falta de espaço não foi possível apresentar, poderíamos chamar essa
transição de uma ruptura paradigmática, que precisa ser tratada com a complexidade que lhe é devida, pois,
apesar de Kate Raworth afirmar que a ferramenta mais poderosa em economia é o lápis, ela deixa claro que
a economia é uma relação entre seres humanos e não cabe numa equação.
Referências Bibliográficas:
ACOSTA, Alberto. Bem Viver: Uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia
Literária e Elefante Editora, 2016.
ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense universitária, 2009.
MARÇAL, Katrine. O Lado invisível da Economia: uma visão feminista. Tradução: Laura Folgueira. São
Paulo: Editora Alaúde, 2017.
OSTROM, Elinor. Governing the commons: the evolution of institutions for collective action. Indiana
university: University press, 1990.
PAPA FRANCISCO. Carta Encíclica Laudato Si: sobre o Cuidado da Casa Comum. Roma: Cidade do
Vaticano, 2015. Disponível em: http://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-
francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html , Acessado em 10/05/2020.
POLANYI, Karl. A subsistência do homem e ensaios correlatos. Rio de Janeiro, Contraponto, 2012.
RAWORTH, Kate. Doughnut economics: seven ways to think like a 21stcentury economist. Chelsea Green
Publishing, 2017.
STRASSMANN, Diana. A economia feminista. In: PETEERSON, Janice; LEWIS, Margareth (orgs). Feminist
Economic. Northampton/USA: Edward Elgar, 1999. Traduzido por Maria Giuseppina Curione.