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Reflexões sobre a inserção do conteúdo “Gestão Social” no mestrado
acadêmico em Administração da Universidade Federal de Juiz de Fora
Reflections concerning the insertion of the content "Social Management" in the academic master
in Administration of the Federal University of Juiz de Fora
Débora Magalhães Kirchmair1,
Gleice Santana Morais2,
Ana Paula Gonçalves Doro3,
Carolina Leite Martins4,
Virgílio Cézar da Silva e Oliveira5
RESUMO
Este artigo busca argumentar que o conteúdo e a sistemática de avaliação da
disciplina “Gestão Social”, do mestrado acadêmico em Administração da Universidade
Federal de Juiz de Fora, mostraram-se adequados à dinâmica de ensino e
aprendizagem e ao protagonismo discente, embora alguns aspectos possam ser
aprimorados. Para alcançar sua finalidade, o texto reflete sobre os propósitos e o
conteúdo da disciplina, o processo de avaliação de aprendizagem, os méritos e as
limitações da interação pedagógica. Os propósitos da disciplina em análise foram: a)
discutir a necessidade da Gestão Social nas organizações contemporâneas; b)
detalhar premissas para a compreensão da Gestão Social; c) discutir a concepção
original de Gestão Social, bem como a evolução do conceito e as críticas dirigidas a
ele e d) apresentar iniciativas organizacionais e acadêmicas inspiradas ou
compreendidas à luz da Gestão Social. A avaliação de aprendizagem, aspecto
fundamental para o protagonismo discente, contou com três instrumentos. O primeiro,
relativo à participação, correspondeu a 20% da nota final. O segundo respondeu por
40%, assim como o terceiro, perfazendo 100%. Os instrumentos 02 e 03, seminário e
produção textual, respectivamente, eram interdependentes e abarcaram a conexão da
Gestão Social com os temas “organizações privadas”, “o público não estatal”,
“organizações públicas”, “políticas públicas” e “o ensino de Administração”.
Palavras-chave: Gestão Social; Pós-Graduação Stricto Sensu; Programa de Pós-
Graduação em Administração; Universidade Federal de Juiz de Fora.
ABSTRACT
This article seeks to argue that the content and the evaluation procedure of the
discipline "Social Management", of the academic master's degree in Administration of
the Federal University of Juiz de Fora, were adequate to the dynamics of teaching and
learning and the protagonism of the students, although some aspects can be improved.
To achieve its finality, this text analyzes the purposes and content of the course, the
process of learning verification, the merits and limitations of the pedagogical
1
Mestra em Administração pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Professora no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais. E-mail: deboramkirchmair@gmail.com
2 Mestra em Administração pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Analista de promoção social no Serviço Nacional
de Aprendizagem do Cooperativismo. E-mail: sm.gleice@gmail.com
3 Mestra em Administração pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Servidora da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas
da Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: anapdoro@gmail.com
4 Mestra em Administração pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Especialista administrativa na Associação Pró-
Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. E-mail: carolinalm@id.uff.br
5 Doutor em Administração pela Universidade Federal de Lavras. Professor na Universidade Federal de Juiz Fora. E-
mail: virgilio.oliveira@ufjf.edu.br
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interaction. The objectives of the discipline under analysis were: a) to discuss the
relevance of Social Management in contemporary organizations; b) to detail premises
for the understanding of Social Management; c) discuss the original conception of
Social Management, as well as the evolution of the concept and the reservations
addressed to it and d) present organizational and academic initiatives inspired or
understood with the premises of Social Management. The evaluation of learning of the
discipline, fundamental aspect for the student protagonism, counted on three
instruments. The first, related to participation, corresponded to 20% of the final grade.
The second and third accounted for 40%, making up 100%. The instruments 02 and
03, seminar and textual production, respectively, were interdependent, dealing with the
connection of social management with the themes “private organizations”, “non-state
public sector”, “public organizations”, “public policies” and “teaching of Administration”.
Keywords: Social Management; Stricto Sensu Postgraduate, Postgraduate Program
in Administration; Federal University of Juiz de Fora.
1. Introdução
O Curso de Mestrado Acadêmico em Administração (CMAA) da Faculdade de Administração e Ciências
Contábeis (FACC) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebeu recomendação da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em 11 de dezembro de 2015, após a 161ª reunião
do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior. O início de suas atividades ocorreu em 02 de maio
de 2016.
O propósito do CMAA é a qualificação e a formação crítica de pessoas, que podem fortalecer o ensino e a
pesquisa em Administração, bem como aprimorar a gestão de organizações públicas, privadas e sociais
(CMAA, 2016). Para tanto, possui uma área de concentração, “gestão das organizações”, e duas linhas de
pesquisa: “gestão, tecnologias e processos organizacionais” e “indivíduo, organizações e sociedade”.
A disciplina “Gestão Social”, eletiva para a segunda linha, foi lecionada originalmente no primeiro trimestre
acadêmico de 2017. Uma nova oferta foi realizada no primeiro trimestre acadêmico de 2018. De modo a
realizar uma reflexão sobre a edição pioneira do referido conteúdo, este artigo foi escrito. Seus autores são
o docente e quatro discentes, já egressas do mestrado.
A pergunta que norteou a redação do texto é a seguinte: a seleção de conteúdo e o processo avaliativo da
disciplina “Gestão Social” favoreceram a dinâmica de ensino e aprendizagem e, ainda, o protagonismo dos
discentes do Mestrado Acadêmico em Administração da UFJF?
Seus propósitos específicos são: a) detalhar o conteúdo programático da disciplina; b) apresentar o processo
de avaliação realizado e c) refletir sobre méritos e limitações da disciplina, a partir da convergência de
percepções (docente e discente).
A relevância deste artigo centra-se em um aspecto. Ele diz respeito à descrição e à análise da forma como
uma disciplina de pós-graduação foi planejada e conduzida. Acertos e equívocos, quando identificados e
publicizados, podem favorecer novas seleções de conteúdo e novas escolhas pedagógicas, no curso em
tela ou em cursos análogos.
O artigo encontra-se organizado em quatro partes, além desta introdução. A seção 2 apresenta os propósitos
e o conteúdo da disciplina. A seção 3 descreve os meios de avaliação de aprendizagem e registra as
reflexões discentes, sob a forma de textos sintéticos. A seção 4 discorre sobre méritos e limitações do curso
ministrado, respondendo à pergunta norteadora. A seção 5 organiza as referências citadas no relato.
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2. Propósitos e conteúdo da disciplina
A disciplina “Gestão Social” é conteúdo eletivo, voltado à linha de pesquisa “indivíduo, organizações e
sociedade”. Ela é ministrada em um trimestre e integraliza 45 horas (03 créditos) em 10 encontros semanais
de quatro horas e trinta minutos. Ela guarda relação com outra disciplina eletiva do curso, denominada
“Estado Brasileiro e Condicionantes Institucionais”, que discute nossa formação estatal – não
completamente tradicional e não completamente moderna – à luz dos referenciais “Patrimonialismo”,
“Burocracia” e “Gerencialismo”, além de propostas democráticas de governança, como a lógica Societal e a
própria Gestão Social.
Os propósitos da disciplina “Gestão Social” são: a) discutir a necessidade da Gestão Social nas
organizações contemporâneas; b) detalhar premissas para a compreensão da Gestão Social; c) discutir a
concepção original de Gestão Social, bem como a evolução do conceito e as críticas dirigidas a ele e d)
apresentar iniciativas organizacionais e acadêmicas inspiradas ou compreendidas à luz da Gestão Social.
A organização da disciplina serviu-se de três momentos: a) a apresentação do plano de ensino (01 aula); b)
o detalhamento do conteúdo, para satisfação dos propósitos acima (04 aulas) e c) a realização das
avaliações discentes, que serão pormenorizadas na seção 3 (05 aulas). As aulas destinadas à apresentação
e à análise do conceito de Gestão Social dividem-se em quatro temas, pormenorizados no Quadro 1, a
seguir. Os referenciais selecionados para embasamento das discussões estão citados em notas, ao final
deste relato.
Quadro 1 - Temas e detalhamento das aulas teóricas
Tema Detalhamento
O que nos governa, o que não
pode nos governar e o que deve
nos governar: razões
instrumental, substantiva e
comunicativa
Nesta aula três padrões distintos de razão foram discutidos, assim como seus
desdobramentos na ciência gerencial, a saber: a) razão instrumental, que inspira
a gestão estratégica (ação) e a organização burocrática (estrutura); b) razão
substantiva, que inspira organizações substantivas (estrutura) e c) razão
comunicativa, que inspira a gestão social (ação). Em paralelo, argumentou-se que
o primeiro padrão é hegemônico e provê soluções e patologias à sociedade
moderna. O segundo centra-se em valores subjetivos e, portanto, é incapaz de
prover fins e meios para coletividades. O terceiro, produto da intersubjetividade,
pode promover o entendimento, rompendo com a alienação e a dominação em
organizações. Seu emprego pode se dar em qualquer esfera social, mas, nos
segmentos público e público não estatal, a razão comunicativa pode coibir sérias
disfunções
Gestão Social: concepção
original, evolução do conceito e
críticas
Nesta aula afirma-se que o conceito de Gestão Social que se pretende detalhar é
correlato à noção de “ação gerencial dialógica”, proposta por Tenório (1998).
Desse modo, discute-se a origem do construto, elementos a ele associados e
críticas, que demonstram: a) sua condição de conceito em construção (como tipo
ideal) e b) seu caráter utópico em amplos sistemas sociais brasileiros (como
prática social), em função de nossas culturas cívica e política
Premissas para o entendimento
contemporâneo da Gestão Social
Nesta aula são definidas as noções de interesse bem compreendido,
solidariedade, sustentabilidade, esfera pública, democracia deliberativa, ação
racional substantiva, comunidades de prática, intersubjetividade, dialogicidade,
interorganizações e emancipação. Por meio da articulação desses elementos, as
contribuições de Cançado, Pereira e Tenório (2013) são discutidas. Entende-se
que elas atualizam o conceito de Gestão Social, em harmonia com sua gênese na
década de 1990
A Gestão Social fora dos livros:
iniciativas organizacionais e
acadêmicas inspiradas ou
Nesta aula uma contraposição à qualificação da Gestão Social como algo utópico
é realizada. Para tanto, estuda-se: a) um balanço das produções do Enapegs
entre 2007 e 2012; b) a rede dos principais centros de pesquisa em Gestão Social
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compreendidas à luz da gestão
social
no Brasil; c) uma iniciativa de extensão universitária centrada em suas premissas;
d) um projeto que busca discuti-la em escolas de ensino médio e e) uma proposta
de articulação social, por meio de bancos comunitários, que segue e é
compreendida por meio de seus fundamentos. Novas críticas dirigidas à vigência
da Gestão Social encerram o módulo teórico, para que os discentes reflitam, por
meio de ponto e contraponto, sobre os limites e as possibilidades do construto
Fonte: elaboração dos autores (2018).
Concluído o detalhamento de noções fundamentais à compreensão do conceito de Gestão Social, as cinco
aulas finais destinaram-se à discussão de seminários, elaborados pelas discentes que cursaram a disciplina.
A apreciação coletiva dos seminários buscou favorecer a redação de textos sintéticos, que seriam registros
dos esforços intelectuais realizados.
A relevância da avaliação de aprendizagem é um fato, pois ela permitiu ao docente inferir a efetividade de
seu trabalho. Dito de outro modo, a construção de bons seminários e de bons textos é evidência de que o
ciclo “ensino – aprendizagem – problematização relativa ao aprendido – geração de conhecimento original”
foi realizado com relativa proficiência. O processo de avaliação de aprendizagem será relatado na seção 3.
3. Avaliação de aprendizagem
A avaliação de aprendizagem da disciplina contou com três instrumentos. O primeiro, relativo à participação
discente, correspondeu a 20% da nota final. O segundo respondeu por 40%, assim como o terceiro,
perfazendo 100%. Os instrumentos 02 e 03, seminário e produção textual, respectivamente, eram
interdependentes e serão detalhados nos próximos parágrafos. Eles deveriam inspirar-se em eixos
temáticos, pormenorizados no Quadro 2.
Quadro 2 - Eixos para seminários e produção textual
Eixo Detalhamento
Gestão Social e
organizações
privadasi
Seminário e texto desenvolvidos neste eixo deverão abarcar iniciativas originárias de
organizações privadas, que buscam alternativas ao binômio “gestão estratégica / organização
burocrática”. Ações promotoras de autogestão, de cogestão dialógica, de externalidades
sociais e ambientais favoráveis, de substantividade organizacional etc. poderão ser
reconhecidas e analisadas
Gestão Social e o
público não estatalii
Seminário e texto desenvolvidos neste eixo deverão abarcar iniciativas originárias de
organizações públicas não estatais, que buscam atender a finalidades promotoras do bem
comum. Ações originárias de comunidades, organizações não-governamentais, redes
associativas e movimentos sociais promotoras de identidade, empoderamento, inclusão
econômica etc. poderão ser reconhecidas e analisadas
Gestão Social e
organizações
públicasiii
Seminário e texto desenvolvidos neste eixo deverão abarcar iniciativas capitaneadas pelo
poder público, centradas na promoção do diálogo entre Estado e sociedade. Ações de
valorização da participação, da cidadania, da democracia deliberativa, do desenvolvimento
territorial endógeno, da economia solidária, do controle social democrático etc. poderão ser
reconhecidas e analisadas
Gestão Social e
políticas públicas
Seminário e texto desenvolvidos neste eixo deverão abarcar iniciativas associadas aos
processos de formação de agenda, concepção, implementação e avaliação de políticas
públicas (em segmentos de institucionalização antiga ou recente no Brasil). Ações dialógicas,
que tratam o beneficiário como coprodutor e como cogestor das práticas estatais (e não como
mero público-alvo) poderão ser reconhecidas e analisadas
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Gestão Social e o
ensino de
Administraçãoiv
Seminário e texto desenvolvidos neste eixo deverão abarcar iniciativas relacionadas ao
ensino, à pesquisa e à extensão, centradas na formação de administradores com capacidade
de compreensão, crítica e intervenção junto à realidade em prol de fins societais. Metodologias
inovadoras de ensino, de investigação social, de imersão de estudantes em
contextos complexos etc. poderão ser reconhecidas e analisadas
Fonte: elaboração dos autores (2018).
Para elaboração do seminário e do texto, uma estrutura foi sugerida. Esta, inspirou-se nas “diretrizes para
leitura, análise e interpretação de textos”, pormenorizadas por Severino (2010). De modo específico, a
estrutura teve por base a “análise temática” que afirma que qualquer unidade de leitura (texto que expressa
uma totalidade de sentido, um raciocínio completo) pode ser sintetizada (ou ter sua escrita planejada) a
partir do seguinte ordenamento lógico: tema, problema (antecedido por uma problematização), tese
(resposta ao problema), argumentação (articulação de teoria e/ou empiria que sustenta a tese) e
argumentações secundárias (SEVERINO, 2010).
Entre os eixos do Quadro 2, o terceiro não foi desenvolvido pelas discentes. Para que o mesmo fosse
discutido, o docente realizou uma apresentação, porém, sem a construção do respectivo texto. Os demais
eixos nortearam seminários e construções textuais, cujas estruturas serão apresentadas no Quadro 3. Como
pode ser observado, além das partes comuns, o seminário deveria conter uma representação geometrizada
da relação entre problema, tese e argumentação e três perguntas germinadoras, para que debates
relacionados aos eixos pudessem ocorrer.
Quadro 3 - Estrutura sugerida para seminário e produção textual
Detalhamento Aplica-se ao
seminário?
Aplica-se ao
texto?
A problematização representa uma contextualização especial, que deverá
empregar elementos teóricos e empíricos, cujo propósito é convergir para um
problema de pesquisa. Na problematização, a pertinência da pergunta norteadora
deverá tornar-se evidente
Sim Sim
O problema de pesquisa corresponde à indagação que motivou o seminário e o
texto, gerando conexões entre o construto “gestão social” e outros elementos
teóricos e/ou empíricos. O problema deverá ser bem delimitado
Sim Sim
A tese corresponde à resposta que satisfaz ao problema de pesquisa. Ela deve ser
tão objetiva quanto possível, sem ser simplória, isto é, superficial Sim Sim
A argumentação agrega conceitos, evidências e raciocínios que atestam o valor da
tese, ou seja, confirmam sua pertinência, sua lógica e seu rigor Sim Sim
Argumentações secundárias poderão emergir de outras questões, que tendem a
surgir durante a elaboração das avaliações. Elas não deverão desviar o foco o texto,
mas poderão ser mencionadas
Sim, se
pertinente
Sim, se
pertinente
A relação entre pergunta norteadora, tese e argumentação deve ser explicitada por
uma representação geometrizada do raciocínio, ou seja, uma estrutura gráfica
que articula conceitos e evidências
Sim Não
Três perguntas germinadoras deverão ser apresentadas, de modo a estimular um
debate intraclasse sobre o tema em análise, entre as possibilidades do Quadro 2 Sim Não
Fonte: elaboração dos autores, a partir de Severino (2010).
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A seguir, nos tópicos entre 3.1 e 3.4, as construções textuais das discentes, coautoras deste relato, serão
apresentadas. Destaca-se que os textos deveriam apresentar entre duas e três páginas. Eles não
correspondem, portanto, a artigos completos. Contudo, são “sementes” destes, pois projetam o ciclo
“problematização, problema, tese e argumentação”, que pode estruturar unidades de leitura.
O formato sintético e estruturado do texto mostrou-se oportuno, pois: a) promoveu exercício intelectual
compatível com o que se espera de uma disciplina de pós-graduação e b) não onerou em demasia as
discentes, que cursam por trimestre acadêmico três disciplinas, uma vez que seminário e texto foram produto
de um mesmo esforço reflexivo.
3.1 Gestão Social e organizações privadas
O modelo burocrático é percebido como modo quase exclusivo de se administrar uma organização,
sobretudo se ela for privada. Neste tópico será discutida a possibilidade da administração de organizações
privadas ocorrer a partir de um formato distinto da gestão estratégica e de estruturas fundamentalmente
burocráticas. Entende-se que esse perfil de organização refletirá princípios da Gestão Social.
Diante das consequências negativas de uma gestão pautada por esses princípios, como a alienação do
trabalhador, a impossibilidade de emancipação, a subordinação das relações sociais e a busca por
propósitos individuais e não coletivos, a pergunta que norteia esta discussão é: é possível que a gestão
de uma empresa privada reflita predominantemente os princípios da Gestão Social?
A fim de refutar a assertiva de que todas as organizações são pautadas pela gestão estratégica e pelo
modelo burocrático, buscou-se encontrar pelo menos uma organização que manifestasse outra forma de
gestão. A tese defendida é que sim, é possível que a gestão de uma empresa privada reflita
predominantemente os princípios da Gestão Social, tendo em vista que foram encontrados exemplos
de empresas autogeridas que exprimem, de alguma forma, tais princípios.
Segundo Gutierrez (1988), empresas autogeridas são aquelas cujas decisões são tomadas de forma
coletiva, por meio de consenso que norteia a ação dos envolvidos e pressupõe o conhecimento coletivo de
questões comuns. Nesse modelo de empresa não há uma autoridade burocrática ou hierárquica formal
(exceto nos casos em que essas relações são consentidas) e não há divisão entre os que planejam e os
que executam, concebendo o homem como um ser completo. Segundo o autor, a autogestão é a negação
da empresa tradicional, a partir das próprias contradições que ela representa.
Motta (1983a) apresenta a distinção entre autogestão e cogestão: a primeira seria o efetivo exercício do
poder compartilhado, podendo ser verificado teoricamente no cooperativismo e no federalismo. Já a
cogestão pode ser entendida como um formato oficial para a participação, sendo principalmente do tipo
representativa. Segundo o autor, a participação pode se dar em diferentes níveis, como a simples
participação nos lucros da empresa, a consulta da opinião dos empregados, participação nas decisões por
meio da eleição de representantes e a tomada de decisão nos arranjos de trabalho.
Exemplos de participação, em diferentes graus, foram verificados em toda a história da Administração, como
na Escola de Relações Humanas, nos círculos de controle de qualidade, na Abordagem Sociotécnica – que
influenciou empresas em países da Europa, como a Volvo, Saab Scania, Renault e até mesmo a legislação
trabalhista da Noruega. Ainda hoje empresas como a Google e o Grupo Semler promovem ações de
valorização do empregado, bem como incentivam a participação em várias decisões que afetam ambientes
de trabalho (MACEDO, 2009). Entretanto, percebe-se que as deliberações essenciais não envolvem todos
os membros, mas se restringem aos dirigentes, não representando, assim, casos concretos aderentes às
premissas da Gestão Social.
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No Brasil, uma tentativa de reformulação da cultura da heterogestão ocorreu nas empresas recuperadas, no
final da década de 1990 e início dos anos 2000. Essas fábricas são organizações que já foram empresas
convencionais, mas que, após sua falência, foram assumidas por trabalhadores. Souto, Valle e Carvalho
(2002) realizaram uma discussão sobre autogestão nessas fábricas e concluíram que poucas empresas
realmente se enquadram nos princípios da autogestão. Segundo os autores, há uma dificuldade dos
funcionários em trocar de papel e perceberem-se como donos, limitando sua participação à eleição de
órgãos colegiados. Um dos fatores que desmotivam a participação é a crença de que, ao se tornarem donos,
seus salários iriam aumentar, o que não foi verificado na prática.
Dornelles e Delagnello (2003), entretanto, analisaram uma pequena indústria que atua no setor têxtil, no
Estado de Santa Catarina, a Bruscor. Os autores discutiram qual a racionalidade predominante na
organização: a instrumental ou a substantiva, pautando-se por onze categorias: autoridade/tomada de
decisão, normas, controle social, relações sociais, recrutamento e promoção, estrutura de incentivos,
estratificação social, diferenciação, educação, atuação social/reflexões sobre a organização e comunicação.
O estudo permitiu constatar que a Bruscor é uma organização autogerida e que há o predomínio da
racionalidade substantiva em detrimento da instrumental. Entre as onze categorias analisadas, em oito
houve a presença forte da racionalidade substantiva e em três um nível médio de racionalidade instrumental.
Entretanto, alguns aspectos evidenciaram elementos ligados ao cálculo e aos interesses econômicos, como,
por exemplo, o processo de seleção e promoção, no qual a necessidade de adaptação ao mercado
desencadeou diferenciação e estratificação social. Outro ponto é a não realização do rodízio de funções,
estratégia importante do modelo autogerido, que permite a diminuição a distinção entre membros da
organização e proporciona acesso ao conhecimento, condição importante para a tomada de decisão
coletiva.
Um exemplo que reflete ainda mais os princípios Gestão Social foi encontrado no trabalho de Macedo
(2009). O autor apresenta a organização “Suma Whole Foods”, fornecedora de alimentos saudáveis e
integrais, na Grã Bretanha. A empresa possui 150 funcionários, sendo 120 deles sócios, e obteve
reconhecimento público pela sua democracia organizacional.
Na Suma, todos os associados recebem salários iguais e não há definições hierárquicas. A cooperativa é
referência nas práticas de enriquecimento de cargos e rodízio de funções. Esse processo ocorre na jornada
diária ou ao longo da vida profissional: “assim, o comprador comercial, gestor de uma conta milionária, dirige
regularmente o caminhão de entregas da empresa” (MACEDO, 2009, p. 175). A organização se preocupa
em manter o equilíbrio de status entre os associados e, a cada dois meses, ocorre o “encontro geral de
membros”, que decide, por votação e consenso, a aprovação dos planos estratégicos. Nesse mesmo
encontro são eleitas seis pessoas que comporão o “comitê de gestão”. A empresa possui uma série de
programas socioambientais, além de convênios com organizações não governamentais.
Em uma análise da cooperativa, a partir da descrição apresentada por Macedo (2009), é possível identificar
a presença de princípios ou categorias teóricas da Gestão Social. A primeira é o interesse bem
compreendido (IBC), pois percebe-se uma preocupação com o bem estar coletivo em primeiro plano. Isso
pode ser confirmado pelos programas socioambientais desenvolvidos, que representam o exercício do que
Cançado, Pereira e Tenório (2013) definem como o pano de fundo do IBC: a solidariedade e a
sustentabilidade.
A presença das comunidades de prática, dialogicidade, intersubjetividade e democracia deliberativa pode
ser apontada na tomada de decisão coletiva, que ocorre no “encontro geral de membros”. O fenômeno das
interorganizações é verificado na tentativa da Suma de estimular o cooperativismo entre clientes e no
estabelecimento de acordos com outras cooperativas independentes. Percebe-se, também, em toda a
descrição das atividades da organização, que ela não prioriza, de forma absoluta, a lógica econômica,
colocando-a no mesmo patamar de relevância das dimensões social, laboral e ambiental. Contempla-se,
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dessa forma, as racionalidades substantiva (subjetiva) e comunicativa (intersubjetiva). As práticas de
enriquecimento de cargos e rodízio de funções são um indício da busca por emancipação, pois negam a
dominação hierárquica, diminuem a alienação, ampliam o pertencimento ao grupo e, também, o sentido do
trabalho.
3.2 Gestão Social e o público não estatal
A expressão “público não estatal”, refere-se a organizações ou formas de controle “públicas”, isto é, voltadas
ao interesse geral, e “não estatais” visto que não pertencem ao aparato do Estado (BRESSER-PEREIRA;
GRAU, 1999). O “espaço público não estatal é também o espaço da democracia participativa ou direta, ou
seja, é relativo à participação cidadã nos assuntos públicos” (BRESSER-PEREIRA; GRAU, 1999, p. 16).
Em certa medida, a economia solidária aproxima-se de uma espécie de público não estatal ou, ao menos,
participa de um espaço público diferenciado do Estado como um importante movimento social. Diz-se
“espécie” pois não se trata de equiparar, indevidamente, as formas organizacionais ditas “públicas não
estatais” com aquelas da “economia solidária”. As diferenças entre os termos são evidentes, visto que
pertencem a universos semânticos distintos. As iniciativas de economia solidária são, em sua maioria,
“empreendimentos privados de interesse público” (FRANÇA FILHO, 2013, p. 444) ou “não são apenas
organizações privadas, mas incluem em seu repertório de ações o registro da expressão pública” (LAVILLE,
2016, p. 375).
Assim como a Gestão Social é um campo teórico em construção (CANÇADO; PEREIRA; TENÓRIO, 2015),
a economia solidária é também um lócus que incita uma série de discussões sobre sua definição e sobre
que tipo de alternativa representa (AZAMBUJA, 2009). Na perspectiva de Razeto (1997), não há um modelo
predefinido de projeto de economia solidária. O autor compreende que trata-se de um processo de inserção
de práticas econômicas de caráter solidário no âmbito da atual estrutura econômica. A economia solidária é
vista, também, como uma proposta alternativa ao capitalismo, que busca romper com o modo de produção
vigente (MANCE, 1999; SINGER, 2002).
Por outro lado, França Filho (2007) adverte que, para compreender o conceito de economia solidária, é
preciso se desvencilhar da noção clássica de economia, cuja definição fundamenta-se em uma concepção
formalista, reducionista e baseada em axiomas do interesse individual. O autor propõe uma definição
pautada em preceitos mais substantivos.
A concepção de economia solidária que será adotada neste tópico é aquela que a considera como um meio
a serviço de outras finalidades: sociais, políticas, culturais, ambientais etc. e não como um fim em si mesmo.
Isto significa conceber as atividades econômicas constituídas por meio de iniciativas organizadas como
formas de resolução de problemas públicos concretos em um determinado território. Manifestações de
economia solidária podem, também, ser percebidas como modos de ação pública, de exercício da política
no seio da sociedade, na medida em que se voltam para problemas comuns.
Nesta construção textual, parte-se do pressuposto de que os empreendimentos econômicos solidários (EES)
são potenciais meios de promoção da auto-organização da sociedade e de provisão de certas demandas
sociais. Nesse sentido, a pergunta que norteará o debate, nos próximos parágrafos, é: reflexões sobre
premissas e práticas da economia solidária podem contribuir para o aprimoramento do construto
teórico “Gestão Social”?
Argumenta-se que sim, pois as especificidades do agir organizacional no contexto da economia
solidária e, também, dos recursos teóricos que ela mobiliza para compreensão e/ou orientação de
práticas, apresentam notável convergência com os fundamentos da Gestão Social. O embasamento
desta afirmação encontra-se nos parágrafos a seguir.
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A economia solidária é considerada um exemplo de interesse bem compreendido (CANÇADO; PEREIRA;
TENÓRIO, 2013), visto que a solução dos problemas nesse meio não ocorre no âmbito individual mas passa,
necessariamente, pela resolução de questões coletivas. Além disso, carrega em sua nomenclatura, bem
como na sua práxis, o atributo solidariedade, que inspira os sensos de interdependência e partilha entre os
indivíduos envolvidos. A sustentabilidade na economia solidária visa não somente a preservação de recursos
(sejam eles de qualquer natureza), mas também a manutenção das relações sociais, que são a gênese de
qualquer ação coletiva em um contexto permeado por reciprocidade.
As iniciativas de economia solidária podem ser consideradas um tipo de comunidade de prática, visto que a
sua dinâmica de funcionamento exige envolvimento e participação dos seus membros que, no exercício da
autogestão e da democracia, aprendem uns com os outros. Ademais, pressupõe-se comunicações pautadas
na dialogicidade e intersubjetividade, fatores essenciais para o desenvolvimento de espaços participativos,
voltados à mútua compreensão.
As categorias elencadas agregam à economia solidaria uma “abordagem substantiva de economia”
(LAVILLE, 2016, p. 369) e uma racionalidade substantiva que é intrínseca e, simultaneamente, necessária
à ocorrência desse fenômeno. Além disso, as iniciativas de economia solidária, quando articuladas com
outras organizações, podem instituir redes interorganizacionais, que congregam objetivos comuns. Por fim,
a participação ativa dos indivíduos nesse contexto favorece a emancipação individual (e também do próprio
grupo), tanto pela via do trabalho não alienante quanto pelo envolvimento político em prol de interesses
comuns.
Exemplos brasileiros de iniciativas de economia solidária que exprimem sua dimensão política e, assim,
contribuem para o enfrentamento de problemas sociais, podem ser observados: a) na região do Vale São
Francisco, por meio da articulação de atores sociais e poder local, cujos esforços ampliaram as
possibilidades de desenvolvimento (CORDEIRO NETO; RIGO; CANÇADO, 2012); b) na comunidade Chã
de Jardim, localizada em Areia, Pernambuco, onde ações com foco na economia solidária operaram para o
desenvolvimento sustentável (VASCONCELOS; FERNANDES, 2015) e c) em Fortaleza, Ceará, onde a
Associação de Moradores do Conjunto Palmeira organizou o Banco Palmas, experiência emblemática de
economia solidária no Brasil, que alavanca uma expressiva cadeia socioprodutiva local (FRANÇA FILHO,
2013).
3.3 Gestão Social e políticas públicas
No âmbito das políticas públicas, a Gestão Social pode materializar-se, por meio da participação ativa dos
cidadãos. Atualmente, grandes aliadas desse processo são as tecnologias de informação e comunicação
(TICs), especialmente por sua capacidade de publicização e intercâmbio de dados.
Tem-se hoje novas formas de relação em todas as áreas da sociedade em decorrência das TICs. O trabalho,
a diversão e a comunicação foram modificados e novos hábitos sociais foram adquiridos, bem como formas
inéditas de sociabilidade, em função dos novos meios de interação eletrônica. Desta forma, é de se esperar
que as formas de participação do cidadão também se modifiquem, como já vem ocorrendo (MORIGI;
PAVAN, 2004).
As redes sociais despontam como grandes termômetros da opinião política. Pode-se considerar o
movimento #ForaSarney, que surgiu no Twitter em junho de 2009, como o primeiro marco do
descontentamento político em massa empreendido pelas TICs no Brasil. Apesar da grande repercussão,
quando o movimento tentou se reunir nas ruas, houve pouca adesão, levantando questionamentos sobre a
força de manifestações em redes sociais para ações práticas (BATISTA; ZAGO, 2010).
O mesmo não ocorreu em junho de 2013, quando, por meio de eventos no Facebook, teve início a maior
mobilização de rua desde as manifestações pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de
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Mello, em 1992. O movimento conhecido como “Jornadas de Junho” foi motivado pelo aumento das
passagens de ônibus, embora o bordão “não é por vinte centavos” marcasse a pluralidade de demandas e
descontentamento geral dos manifestantes com as decisões político-partidárias (ROMÃO, 2016).
Como apontam Cançado, Pereira e Tenório (2015), a partir das premissas da Gestão Social, considera-se
o protagonismo cidadão, que demanda espaços favoráveis à deliberação pública, para vocalização de
demandas ao Estado e para cogestão de políticas públicas – meios pelos quais os poderes instituídos
respondem aos anseios sociais. Partindo desse cenário, o questionamento que irá inspirar os próximos
parágrafos é: como o ciclo de políticas públicas (construção de agenda, formulação de alternativas,
tomada de decisão, implementação e avaliação) pode se servir das tecnologias de informação e
comunicação para integrar-se às premissas da Gestão Social?
A agenda pública pode ser moldada por meio de interações, mediadas pelas TICs, entre população
e poderes instituídos. A formulação de alternativas também pode se servir da participação eletrônica,
por meio da proposição de linhas de ação e/ou da priorização de possibilidades. A escolha de uma
alternativa pode se dar de modo transparente, pois é possível admitir um único voto, isto é, uma
única manifestação digital, por cidadão. A implementação e a avaliação podem angariar informações,
sugestões e expressões de aprovação ou descontentamento da sociedade. Respostas públicas
podem ser dadas e fóruns podem ser animados, materializando diálogos plurais. Evidências alinhadas
à resposta concebida encontram-se a seguir, de modo a ampará-la.
A formação da agenda é a etapa na qual são reconhecidos problemas e sua discussão passa a integrar a
agenda política. Como exemplos de práticas dialógicas nesse estágio é possível citar o Gabinete Digital no
estado do Rio Grande do Sul e o Plano Plurianual Digital da cidade de Volta Redonda, interior do Rio de
Janeiro. O Gabinete Digital consistia em um canal de diálogo e colaboração entre governo e sociedade, a
partir do uso de ferramentas digitais. Uma de suas possibilidades era a “Agenda colaborativa”, onde o
internauta poderia sugerir novos eventos ou temas que deveriam ser incluídos na pauta de atividades do
governador no interior do estado. O Gabinete Digital entrou em vigor em 24 de maio de 2011 e foi
descontinuado em agosto de 2015. Já o Plano Plurianual Digital da cidade de Volta Redonda tem por objetivo
a construção de meios de planejamento participativos, nos quais é possível opinar em 15 segmentos, por
meio de formulários eletrônicos disponíveis no portal da cidade na Internet. As colaborações recolhidas
darão forma ao plano plurianual, cuja vigência estende-se de 2018 a 2021 (JACOBSEN, 2015; COMPANHIA
DE PROCESSAMENTO DE DADOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, PROCERGS, 2011;
PORTAL VR, 2017).
Na etapa de formulação de alternativas, após apontado o problema a resolver, possibilidades de ação devem
ser avaliadas. Realizar esse estágio do ciclo em diálogo com a sociedade é um desafio, que pode contar
com facilidades tecnológicas. Um exemplo disso é o Dialoga Brasil, uma plataforma de participação digital
em que o usuário pode elaborar e apoiar propostas para ajudar a melhorar as ações governamentais. A
plataforma permite a realização de sugestões, a manifestação de apoio a outras proposições e o
conhecimento de políticas e programas governamentais. Seu início se deu em 2015 (PORTAL BRASIL,
2015). Durante a elaboração deste texto, o portal encontrava-se desatualizando, com registros datando de
2016.
A seleção de alternativa a implementar condiciona, em grande medida, a provisão da política pública. A
escolha coletiva por um ou outro caminho pode ser ilustrada por meio do Orçamento Participativo de Belo
Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Criado em 2006, o modelo já contou com quatro edições,
registrando mais de 700 mil votos e tendo aprovado 37 empreendimentos. Por meio dele, moradores da
cidade que possuam título de eleitor escolhem projetos prioritários de acordo com a área geográfica em que
residem (PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE, S/D).
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A implementação da proposta escolhida implica na materialização da política pública. Essa fase do ciclo
será ilustrada novamente com um recurso do Gabinete Digital do Rio Grande do Sul. A ferramenta “De olho
nas obras” é uma proposta viabilizada por meio de um aplicativo no qual o cidadão verifica o andamento do
projeto por meio de QR Code (código de barras bidimensional que é reconhecido por câmeras de telefones
celulares) encontrado nas placas das obras, podendo enviar fotografias e acompanhar a implementação da
benfeitoria pública. Uma proposta parecida está sendo desenvolvida pelo governo federal, desde novembro
de 2016, por meio do aplicativo “Desenvolve Brasil” (PROCERGS, 2013; PORTAL PLANALTO, 2016).
A etapa final do ciclo de políticas públicas se dá por meio da avaliação, sendo, nessa fase, realizado
julgamento relativo aos resultados alcançados. Como exemplo de um processo compartilhado, destaca-se
o projeto “Indicadores e métricas para avaliação de e-serviços” do governo federal. A metodologia tem como
propósito avaliar a qualidade dos serviços públicos prestados por meios eletrônicos, realizando pesquisa de
opinião após resposta às demandas. Dados são levantados para análise crítica e posterior aprimoramento
das ações (BRASIL, 2007).
3.4 Gestão Social e o ensino de Administração
Compreender a influência norte-americana é fundamental para o entendimento da origem dos cursos de
Administração no Brasil (BERTERO, 2006). A incorporação de modelos exógenos pelas escolas de
Administração brasileiras, sem o devido cuidado de adaptação que a realidade do país exige, tem sido
criticada por diversos autores como Motta (1983b), Nicolini (2003) e Ribeiro e Sacramento (2009).
Outro ponto que merece destaque é apontado por Barros e Passos (2000) e diz respeito ao caráter
predominantemente instrumental dos cursos. De acordo com os autores, a lógica hegemônica do capital
estabelece regras e pressupostos que orientam a vida humana. Nesse contexto, tem-se a razão instrumental
como elemento preponderante no processo pedagógico de formação profissional. Ainda que, conforme
apontam Ribeiro e Sacramento (2009), ao longo dos anos, tenham ocorrido flexibilizações associadas aos
currículos de Administração, principalmente a partir das resoluções de 2004 e 2005 do Ministério da
Educação (MEC), que ampliaram a autonomia das instituições para concepção de projetos pedagógicos
plurais, o que se verifica é certo comodismo, por meio da replicação de modelos reconhecidos.
Esse panorama, voltado sobremaneira à lógica do mercado e à busca por desempenho, favorece a
implementação de currículos centrados na formação de bacharéis de maneira acrítica, ao invés de
administradores que, conscientes de seu papel político, sejam capazes de operar para a transformação da
realidade social (RIBEIRO; SACRAMENTO, 2009).
No âmbito dessas discussões, a Gestão Social vêm ganhando visibilidade. Conforme aponta França Filho
(2008, p. 27), uma das inovações que está atrelada a esse campo refere-se à sua finalidade como “gestão
voltada para o social”, que tem como premissa a emancipação mediante laços de dominação –
diferentemente do ideal gerencial centrado em fins econômicos, conforme tradicionalmente se desenvolvem
metodologias de formação em Administração.
Partindo dessas considerações, a pergunta que irá inspirar este tópico é: o que as práticas intraclasse e
extraclasse revelam sobre as possibilidades e os limites da inserção do tema “Gestão Social” em
cursos de graduação em Administração?
As práticas intraclasse revelam como possibilidade a inclusão de disciplinas vinculadas ao tema
Gestão Social nas grades curriculares e como limite o interesse (ou a sensibilidade) de docentes em
desenvolver conteúdos diferentes do convencional. Já as experiências extraclasse sugerem como
vias possíveis: a) a elaboração de projetos de extensão, bem como atividades ligadas às incubadoras
de empreendimentos solidários e b) a condução de pesquisas associadas à agenda da Gestão Social.
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Os limites vinculam-se ao desafio de apresentar aos alunos novas formas e campos de atuação no
âmbito gerencial.
No intuito de conhecer características da oferta de disciplinas relacionadas à Gestão Social em cursos de
graduação, realizou-se um levantamento das grades curriculares da área de Administração em
universidades federais brasileiras, a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Educação (MEC,
2017) e da consulta às páginas das instituições de ensino superior na Internet.
A partir do levantamento realizado, constatou-se que, dos 97 campi ligados a 53 universidades federais
brasileiras, 11 possuem a disciplina “Gestão Social” em sua grade curricular. Não foi possível verificar essa
informação para 10 campi, pois os mesmos não divulgam o currículo dos cursos de Administração em sua
página.
Esse dado demonstra que o conteúdo “Gestão Social” não está sendo ofertado para um número significativo
de alunos. Infere-se que o panorama seja bem mais agudo no âmbito das instituições particulares de ensino,
cujos currículos se voltam, de modo mais enfático, às demandas gerenciais das grandes empresas. Ainda
que a existência de disciplinas de Gestão Social não seja a única possibilidade para condução de debates
sobre o tema, ela possibilita uma iniciação às reflexões pertinentes ao campo, pois, como apontam Ribeiro
e Sacramento (2009, p. 202), professores “(...) no exercício do seu papel, podem ser capazes de quebrar
paradigmas consolidados e pouco vinculados à realidade nacional”.
Entre as possibilidades extraclasse para fomento à reflexão sobre Gestão Social destaca-se a extensão
universitária. Conforme notam Tenório, Kronemberger e Lavinas (2014, p. 224), “a Gestão Social, ao ser
compreendida como um processo gerencial dialógico, cuja autoridade decisória é compartilhada entre os
participantes da ação, adquire sentido como prática ao ser desenvolvida pela extensão universitária”. Em
paralelo, a extensão universitária pode funcionar como um caminho para a transferência de tecnologia social
(CRUZ et al., 2011).
Como possibilidade de interseção entre ensino e extensão, destaca-se o Programa de Educação Tutorial
(PET). Receberá destaque, nesta argumentação, a iniciativa ligada ao Bacharelado em Administração da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Nele são desenvolvidas atividades que possuem
como foco de atuação a agricultura familiar da região de Mossoró (RN), rompendo com o caráter
predominantemente instrumental da Administração como norteador das ações gerenciais. Assim, além do
exercício da cidadania, busca-se a formação humanística, crítica e reflexiva dos alunos (UFERSA, 2017).
Ainda como uma mescla de ensino e extensão, as incubadoras tecnológicas de cooperativas populares
representam uma forma de exercício prático dos conhecimentos adquiridos durante a formação em
Administração, além de possibilitar a vivência dos alunos em outros ambientes de gestão diferentes
daqueles ligados à lógica instrumental hegemônica. Nesse tipo de incubadora, normalmente associada a
empreendimentos solidários (CUNHA, 2014), os princípios são diferentes daqueles aplicados à incubação
de negócios. O atendimento é direcionado à iniciativa de pessoas de baixa renda, além disso, normalmente
não são cobradas taxas de incubação. Em geral, elas não acomodam os incubados e possuem seu foco
centrado em empreendimentos solidários, estimulando a autogestão (FRANÇA FILHO; CUNHA, 2009).
Outro ponto importante, ligado à Gestão Social e que transcende a sala de aula, é a realização de pesquisas.
Nessa perspectiva, o Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gestão Social (CIAGS), da Universidade
Federal da Bahia, fomenta discussões no âmbito da Gestão Social integrando uma rede de pesquisadores
ligados a universidades brasileiras e estrangeiras. Uma das metodologias utilizadas por esse centro é
residência social, que possibilita novas relações entre universidade e comunidade, complementando a
formação de estudantes por meio de vivência prática intensiva (CIAGS, 2017).
Nessas experiências, percebemos categorias da Gestão Social apontadas por Cançado, Pereira e Tenório
(2013). Elas são exemplos de comunidades de prática, pois permitem a interação do aluno com situações
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em que o aprendizado é compartilhado de maneira dialógica, pautado pelo princípio da intersubjetividade.
Ao estimular o contato do graduando com contextos marcados pela autogestão, caminhos alternativos à
instrumentalidade e às hierarquias organizacionais tornam-se tangíveis. As iniciativas apontadas nesta
argumentação discorreram sobre possíveis alternativas para a inserção da Gestão Social nos currículos de
Administração no Brasil. O caminho não é fácil, em função da hegemonia instrumental e da hipertrofia das
discussões voltadas ao mercado e às suas demandas. Contudo, a pluralização da formação em
Administração é uma necessidade, pois o privado, o público e o público não estatal são arenas nas quais os
egressos poderão atuar e, para tanto, deverão estar prontos.
Entre os quatro textos apresentados pelas discentes, percebe-se que o primeiro, o terceiro e o quarto
apresentaram, no processo de argumentação, ênfase empírica (viabilizada por pesquisa bibliográfica) e o
segundo ênfase teórica. Entre o seminário (avaliação 02) e a apresentação do texto (avaliação 03),
mudanças foram notadas, em função das contribuições reunidas durante a avaliação 02.
Após exposição e análise preliminar dos propósitos da disciplina, de seu conteúdo e de sua dinâmica de
avaliação de aprendizagem, a seção 4, Considerações Finais, irá retomar a pergunta norteadora do artigo e
irá responde-la, permitindo a efetiva avaliação da disciplina “Gestão Social”.
4. Considerações finais
Este artigo foi elaborado para satisfazer à seguinte indagação: a seleção de conteúdo e o processo avaliativo
da disciplina “Gestão Social” favoreceram a dinâmica de ensino e aprendizagem e, ainda, o protagonismo
dos discentes do Mestrado Acadêmico em Administração da UFJF?
Entre acertos e equívocos percebidos, afirma-se que sim, o planejamento e a condução da disciplina
favoreceram o processo de ensino e aprendizagem, tanto quanto o protagonismo daqueles que a cursaram.
Os aspectos pormenorizados a seguir emergiram de percepções coletivas (docente e discente) e buscam
embasar esta conclusão:
● o fio condutor da disciplina, representado pelos temas do Quadro 1, mostrou-se coerente e foi bem
compreendido pelas discentes. Tratar a Gestão Social após análise dos padrões de racionalidade
foi um caminho frutífero, assim como a abordagem da primeira geração do conceito, de sua
configuração contemporânea e de seu emprego para entendimento e/ou concepção de iniciativas
(acadêmicas ou não);
● o escopo da disciplina serviu-se da ementa de um conteúdo previamente lecionado no CMAA UFJF,
denominado “Estado Brasileiro e Condicionantes Institucionais”, que detalhou a sociologia
compreensiva weberiana e o conceito de racionalização, que diferencia sociedades tradicionais e
modernas. No âmbito da primeira configuração social, explicou-se o patrimonialismo e, no âmbito
da segunda, o paradigma burocrático (expressão de maior vulto da razão instrumental) e as lógicas
gerencial e societal (que possui interfaces com a Gestão Social);
● a bibliografia atendeu aos propósitos da disciplina, embora possua elementos redundantes.
Destaca-se que os textos empregados estão citados em notas, após as referências. Fontes
anteriores ao conceito de Gestão Social (vinculadas ao primeiro tema) e fontes alinhadas ao artigo
seminal de Tenório (1998) mostraram-se adequadas. A redundância mencionada, por um lado,
desdobrou-se em repetição de informações, mas, por outro, favoreceu a sedimentação de conceitos
importantes;
● o protagonismo discente foi promovido, pelo fomento à discussão e pela natureza das avaliações.
A realização de leituras prévias, que pretendiam nivelar conhecimentos, e o formato não expositivo
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e, sim, dialógico das aulas foram fundamentais para a participação ativa das discentes. O mesmo
pode ser dito em relação às avaliações, notadamente os seminários;
● as avaliações finais, desdobradas em seminário e texto sintético, apresentaram-se como desafios
intelectuais de relevo, sem sobrecarregar em demasia as mestrandas (fato observável em
disciplinas que solicitam artigos completos). Nesse contexto, o emprego da metodologia sugerida
por Severino (2010) foi especialmente útil, estruturando logicamente as atividades. O seminário, por
atuar como momento de qualificação do raciocínio impresso no texto final, mostrou-se duplamente
oportuno.
No primeiro trimestre acadêmico de 2018 a disciplina “Gestão Social” voltou a ser ofertada. Em função da
análise da primeira edição, alguns aspectos foram revistos. Uma avaliação formal de seus acertos e
equívocos foi realizada, mas foge ao escopo deste artigo pormenoriza-la. Todavia, enfatiza-se a importância
dessa reflexão final, que ocorrerá ao término de cada nova edição, motivando, no futuro, possível novo
relato, de natureza longitudinal.
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ROMÃO, W. M. As manifestações de junho e os desafios à participação institucional. Boletim de Análise
Político-Institucional, v. 4, p. 11-17, 2013. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/125286>. Acesso
em 12 jun. 2017.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2010.
SINGER, P. Introdução à economia solidária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002.
SOUTO, L. A.; VALLE, R.; CARVALHO, M. L. M. Entendendo a autogestão no Brasil. In: ENCONTRO
NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 22., 2002, Curitiba. Anais... Rio de Janeiro: ABEPRO,
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TENÓRIO, F. G.; KRONEMBERGER, T. S.; LAVINAS, L. V. Gestão Social, extensão e Teologia da
Libertação: uma análise a partir de um projeto junto a comunidades. Revista Ciências da Administração,
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VASCONCELOS, A. C. H; FERNANDES, V. D. C. Comunidade Chã de Jardim: gestão socioambiental como
promotora do desenvolvimento sustentável com foco na economia solidária. Cadernos Gestão Pública e
Cidadania, v. 20, n. 67, p. 258-276, 2015.
i Os textos que fundamentam a primeira aula são:
1. BARRETO, C. R. Sobre a racionalidade humana: conceitos, dimensões e tendências. In: ENCONTRO
NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 17., 1993, Salvador. Anais…
Revista NAU Social - v.22, n.2, p. 633 – 649 Nov. 2020 / Abr. 2021| 649
ISSN - 2237-7840 Bons Ventos
2. OLIVEIRA, F. B. Razão instrumental versus razão comunicativa. Revista de Administração Pública, v. 27, n. 3, p.
15-25, 1993.
3. FERREIRA, B. F.; SANTOS, N. M.; OLIVEIRA, V. C. S. Razões instrumental, substantiva e comunicativa no
cotidiano gerencial de organizações não-governamentais. In: CONGRESSO DE ADMINISTRAÇÃO,
SOCIEDADE E INOVAÇÃO, 9., 2016, Juiz de Fora. Anais...
4. TENÓRIO, F. G. Tem razão a administração? Revista de Administração Pública, v. 24, n. 2, p. 5-9, 1990.
5. TENÓRIO, F. G. Tem razão a gestão social? In: COLÓQUIO INTERNACIONAL DE EPISTEMOLOGIA E
SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO., 3., 2013, Florianópolis. Anais…
ii Os textos que fundamentam a segunda aula são:
1. TENÓRIO, F. G. Gestão social: uma perspectiva conceitual. Revista de Administração Pública, v. 32, n. 5,
p. 07-23, 1998.
2. TENÓRIO, F. G. (Re)visitando o conceito de gestão social. Revista Desenvolvimento em Questão, v. 3, n. 5, p.
101-124, 2005.
3. CANÇADO, A. C.; PEREIRA, J. R.; TENÓRIO, F. G. Gestão Social. In: ____. Gestão Social: epistemologia de
um paradigma. Curitiba, Editora CRV, 2013. p. 105-135.
4. PINHO, J. A. G. Gestão social: conceituando e discutindo os limites e possibilidades reais na sociedade brasileira.
In: RIGO, A. S. et al. (Orgs.). Gestão social e políticas públicas de desenvolvimento: ações, articulações e agenda.
Recife: Univasf, 2010, p. 19-52.
5. TENÓRIO, F. G. Gestão social: uma réplica. In: RIGO, A. S. et al. (Orgs.). Gestão social e políticas públicas de
desenvolvimento: ações, articulações e agenda. Recife: Univasf, 2010, p. 53-59.
6. PINHO, J. A. G.; SANTOS, M. E. P. D. Aporias em torno do conceito de Gestão Social: dilemas teóricos e
políticos. Revista de Gestão, v. 22, n. 2, p. 1-18, 2015.
iii Os textos que fundamentam a terceira aula são:
1. BOULLOSA, R. F. (Org.). Dicionário para formação em gestão social. Salvador: Editora CIAGS UFBA,
2014. Somente os verbetes “Cidadania”, “Democracia”, “Gestão social” (1 e 2), “Participação”, “Redes
interorganizacionais” e “Sustentabilidade”
2. CANÇADO, A. C.; PEREIRA, J. R.; TENÓRIO, F. G. Gestão Social como campo do conhecimento científico. In:
____. Gestão Social: epistemologia de um paradigma. Curitiba, Editora CRV, 2013. p. 137-187.
iv Os textos que fundamentam a quarta aula são:
1. IIZUKA, E. S.; JUNQUEIRA, L. A. P. Produção acadêmica em gestão social: visita aos anais dos Enapegs
de 2007 a 2012. Revista de Gestão Social e Ambiental, v. 7, n. 2, p. 71-85, 2013.
2. TENÓRIO, F. G.; KRONEMBERGER, T. S.; LAVINAS, L. V. Gestão Social, Extensão e Teologia da Libertação:
uma análise a partir de um projeto junto a comunidades. Revista de Ciências da Administração, v. 16, n. 39, p.
224-235, 2014.
3. ALENCAR, W. M. M. M.; MARTINS, C. M. S. S.; SILVA, A. K. Juventude e Gestão Social: um relato das práticas
desenvolvidas pelo Projeto Gestão Social nas escolas na cidade de Juazeiro do Norte (CE). Revista de Ciências
da Administração, v. 17, n. Ed. Especial, p. 197-210, 2015.
4. GUERRA, J.; TEODÓSIO, A. D. S. S. Dialogismo e Reflexidade: uma Análise da Contribuição dos Centros e
Programas de Estudos de Gestão Social no Brasil. Revista de Ciências da Administração, v. 17, n. Ed. Especial,
p. 45-62, 2015.
5. RIGO, A. S.; CANÇADO, A. C. Gestão social e construção de espaços públicos: reflexões a partir da Rede
Brasileira de Bancos Comunitários do Brasil. Administração Pública e Gestão Social, v. 7, n. 1, p. 38-44, 2015.
6. PINHO, J. A. G.; SANTOS, M. E. P. D. Gestão social: uma análise crítica de experiências brasileiras. Revista do
Serviço Público, v. 66, n. 2, p. 257-279, 2015.