Violência liberal e a fronteira racial da União Europeia
DOI:
https://doi.org/10.9771/lj.v2i0.58348Palavras-chave:
migração, raça, fronteiras, violência, liberalismo, refugiadosResumo
Este artigo examina como a violência racial sustenta o regime de fronteiras da União Europeia. Por meio de dois estudos de caso, no norte da França e na região dos Balcãs, exploramos como a violência de fronteira se manifesta de formas divergentes: desde a violência física direta que é rotina na Croácia, até formas mais sutis de violência evidentes na governança de migrantes e refugiados vivendo informalmente em Calais, mais próximos do centro geopolítico europeu. O uso da violência contra pessoas em situações transitórias entra em contradição com a autoimagem liberal, pós-racial, da UE. Recorrendo ao trabalho de pesquisadores pós-coloniais e a teorias da violência, argumentamos que as várias tecnologias de violência utilizadas pelas nações da UE contra migrantes incorporam a lógica inerente da governança liberal, enquanto também reproduzem a tendência do liberalismo de negligenciar suas limitações raciais. Por meio de questionamentos sobre como e por que a violência de fronteira se manifesta, voltamos a atenção crítica para as ideologias racistas dentro das quais a violência é predicada. Este artigo caracteriza o regime de fronteira da UE como uma forma de “violência liberal” que busca omitir tanto a natureza da violência quanto suas bases raciais.