Cidade, relações de gênero e raça
Salvador, o direito à cidade e os movimentos sociais
DOI:
https://doi.org/10.9771/lj.v2i0.55962Palavras-chave:
Patriarcado, Racismo, Capitalismo, Desigualdades, CidadeResumo
As cidades latino-americanas e caribenhas, e sua organização espacial colonial-escravista-capitalista, mantêm suas contradições históricas e contemporâneas, sendo que os diversos agentes sociais da cidade não tratam, com a centralidade e interseccionalidade necessárias, o racismo, o sexismo e o classismo como o tripé das suas estruturas, conforme propõem diversos movimentos sociais de diferentes correntes políticas de esquerda. Este artigo, além do contexto das desigualdades resultantes dessas estruturas, procura refletir sobre as experiências dos movimentos sociais que emergiram nas sociedades capitalistas contemporâneas de grandes desigualdades econômicas, políticas, sociorraciais, de classe, de gênero e de geração, entre outras. Estas experiências colocam, na agenda das sociedades-cidades, questionamentos sobre estas temáticas, especialmente os movimentos sociais urbanos que trouxeram à cena política os bairros populares e favelas, onde as mulheres negras tornaram-se protagonistas das lutas pelo direito à cidade. Estes questionamentos, todavia, ainda se dão de forma fragmentada, sem um projeto de cidade-sociedade que questione e combata a base da estrutura social racista, sexista, classista. Apesar do crescimento dos movimentos de mulheres negras, populares e indígenas, que têm contribuído com os questionamentos no interior dos movimentos sociais e das ciências sociais -, estes ainda não têm centralidade para o enfrentamento de todas as dimensões da dominação, sobretudo se levados em consideração estudos impregnados de eurocentrismo e políticas públicas inexistentes ou desintegradas. Através de Salvador, como a cidade mais cultural e demograficamente negra, a mais negra da diáspora africana, vamos refletir sobre seu perfil sócio-histórico e suas lutas antiescravistas-colonialistas e contemporâneas urbanas, nas quais as mulheres negras sempre tiveram relevante protagonismo. Além disso, vamos analisar as desigualdades sociorraciais do sistema de educação, com recorte de gênero e raça.