Cadernos Gestão Social https://periodicos.ufba.br/index.php/cgs <p>A Revista foi criada em 2007, pelo Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gestão Social (CIAGS), da Escola de Administração da UFBA. Tem por objetivo ser um espaço plural, aberto às contribuições de pessoas preocupadas com as dimensões sociais, culturais, políticas e econômicas do desenvolvimento de territórios e com as diferentes temáticas relacionadas à gestão social.<br />Área do conhecimento: Interdisciplinar<br />ISSN (online): 1982-5447 - Periodicidade: Semestral </p> UFBA pt-BR Cadernos Gestão Social 1982-5447 <strong>DIREITOS AUTORAIS E DE PUBLICAÇÃO</strong><br> Em caso de aprovação do texto submetido e os Cadernos Gestão Social tendo interesse em publicá-lo, concedo somente a este periódico científico o direito de publicação do texto integralmente, em parte, ou ainda seu resumo, por 05 anos da data do primeiro registro de publicação em uma edição dos CGS, seja em versão eletrônica ou impressa (o que ocorrer primeiro). Nestes termos, não fica permitida a reprodução do texto em outro periódico nacional ou internacional, seja por interesse dos CGS ou dos autores e co-autores, a não ser que todas estas partes (e somente assim) autorizem. Deste modo, fica preservado o direito dos autores e co-autores sobre sua obra (as ideias nela contida) assim como, o direito de publicação e divulgação da obra pelos CGS pelo período acima estabelecido. O PAPEL DAS MOEDAS SOCIAIS NAS FEIRAS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA E SEU PAPEL NO DESENVOLVIMENTO REGIONAL https://periodicos.ufba.br/index.php/cgs/article/view/31740 A economia solidária é um movimento popular para construir um modelo de desenvolvimento solidário, sustentável, de inclusão social e cidadania. Cresce à medida que o capitalismo gera crises, tendo em vista a distribuição de riqueza focada na valorização do ser humano. As moedas sociais contribuem para o desenvolvimento de grupos organizados por atividades econômicas para integrá-los no mercado de trabalho e tornar suas atividades autossustentáveis, promover e difundir os conceitos de associativismo, solidariedade, autogestão, desenvolvimento sustentável e de valorização das pessoas e do trabalho, proporcionando a criação e a manutenção de oportunidades de trabalho e a geração e distribuição de renda. As feiras da economia solidária que utilizam as moedas sociais como ponte de transição, visam desenvolvimento econômico dos sujeitos de baixa renda envolvidos com as organizações de economia solidária, e tendo como meta o fortalecimento dos espaços de economia solidária e o fomento às finanças solidárias. Os projetos de economia solidária visam à promoção do desenvolvimento local e territorial sustentável e a superação da extrema pobreza através da geração de trabalho e renda em iniciativas solidárias. Para a realização desse trabalho foi necessária, uma pesquisa bibliográfica em documentos públicos e consulta a internet na busca de fontes e autores que abordaram essas temáticas. No entanto, o objetivo deste artigo é descrever o papel das moedas sociais nos espaços de economia solidária, a citar as feiras e sua contribuição para o desenvolvimento regional, onde as feiras são utilizadas como uma das alternativas para a propagação de produção, prestação de serviços e dinamização do consumo consciente. Além disso, objetivam desenvolver os sistemas locais, que se caracterizam pela utilização das moedas sociais que são criadas e geridas pelos grupos para facilitar a circulação de produtos e serviços entre eles. Alane Amorim Barbosa Dias Fabiane Correia da Cunha Tiago Vinicios Conceição Araújo Copyright (c) 2017-08-01 2017-08-01 6 2 A IMPORTÂNCIA DAS MOEDAS SOCIAIS NAS FEIRAS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA: UM ESTUDO DE CASO https://periodicos.ufba.br/index.php/cgs/article/view/31741 A Economia Solidária nasce na atualidade como uma alternativa viável ao modelo capitalista de produção e consumo e vem se fortalecendo no recorrer dos anos com a construção de redes solidárias, as quais buscam propiciar a difusão de cadeias produtivas integradas de trabalhadores. Dentre as experiências bem sucedidas neste campo, se encontra as feiras de Economia Solidária, que são uma das alternativas para a socialização das práticas de produção, prestação de serviços e dinamização do consumo consciente. Além disso, estas visam intensificar os sistemas locais de intercâmbio, que se caracterizam pela utilização das moedas sociais de circulação, criada e gerida pelos grupos para facilitar a troca de produtos e serviços entre eles. Dessa forma, este artigo objetiva analisar a importância das moedas sociais nas feiras de Economia Solidária, tendo como estudo de caso a Feira Acadêmica de Economia Solidária (FAESOL) que ocorreu na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) durante 3 (três) edições, entre os anos de 2012, 2013 e 2014. Trata-se de um estudo descritivo, realizado a partir da vivência de monitoria na FAESOL. Neste período, a pesquisadora se mostrou atuante na construção da feira participando de todas as atividades e, por isso realizou algumas anotações referentes à organização da mesma. Ainda foi utilizado levantamento bibliográfico, com consultas a artigos, cartilhas que tratam da temática em questão. Por fim, entre os resultados alcançados durante a feira solidária destacam-se: a relevância dos temas abordados, voltados para a Economia Solidária, Associativismo/Cooperativismo; a troca de experiências, contribuindo para o estímulo a práticas de consumo sustentável e solidário; a valorização da cultura local; o clube de troca de livros, que além de ser um sucesso, possibilitou que os livros tivessem um destino socialmente viável e; a possibilidade de renda para os expositores que comercializavam suas mercadorias. Fabiane Correia da Cunha Alane Amorim Barbosa Dias Copyright (c) 2017-08-01 2017-08-01 6 2 MOEDAS SOCIAIS VINTE ANOS DEPOIS: REFLEXÕES CRÍTICAS E PISTAS PARA O FUTURO, A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DA ARGENTINA. https://periodicos.ufba.br/index.php/cgs/article/view/31743 Nesse artigo são apresentadas reflexões críticas sobre diferentes tipos de iniciativas de moedas sociais durante as duas últimas décadas, seu acompanhamento pela academia, nos meios massivos de comunicação, em organizações da sociedade civil e na internet. É abordado o processo evolutivo que vai desde os autogestionados clubes de troca na Argentina até os bancos comunitários de desenvolvimento do Brasil, convertidos em política pública. Trata-se de avaliar o impacto das iniciativas que persistem na atualidade e definir novas perspectivas possíveis, a partir da perspectiva da transdisciplina, segundo Morin y Nicolescu. Heloisa Primavera Copyright (c) 2017 Cadernos Gestão Social https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0 2017-08-01 2017-08-01 6 2 SUSTENTABILIDADE DE UMA MOEDA SOCIAL COM BASE EM A GESTÃO ESTRATÉGICA DE SEU RESPALDO. RECIPROCIDADE, REDISTRIBUIÇÃO E MERCADO NA ‘COOPERATIVA Y BANCO DE HORAS OLGA COSSETTINI’ (1998-2014). https://periodicos.ufba.br/index.php/cgs/article/view/31745 A "Cooperativa e Banco de Horas Olga Cossettini" já ultrapassa 15 anos de operação de uma moeda complementar, o SOL-, cuja característica distintiva é o respaldo em bens produto de doações e horas de trabalho envolvidas. Durante seu processo de desenvolvimento, tem ido com sucesso através de várias crises que têm relação com as tensões e mudanças dentro do grupo e ao nível do município e da economia do país. O objetivo deste artigo é analisar como, através de um uso original da tecnologia monetária do respaldo na sua moeda social – através da criação “compromissos de trabalho” e uma gestão inovadora de doações – esta experiência posso franquear situações micro, meso e macro diferentes e tem ido recriando-se institucionalmente, persistindo em sua meta de melhorar as condições de vida da população mais pobre da cidade de “Capilla del Monte”. Desde a sua subsistência nas lógicas mistas, esta instituição tem administrado o seu respaldo – na sua história – com diferentes combinações da lógica da redistribuição, da reciprocidade e do mercado, alcançando se resignificar, e superar a crise do que outras grandes redes do troque na Argentina têm sido incapazes de transitar. Integrando os níveis micro, meso e macro para nossa análise, vamos refletir sobre como esta organização conseguiu operar tanto em tempos de crise, em que operava em contra ciclo, como naqueles em que o ciclo econômico era favorável para a economia em geral. Ricardo Orzi Copyright (c) 2017-08-01 2017-08-01 6 2 CONFIGURAÇÕES E USOS DAS MOEDAS SOCIAIS NO BANCO COMUNITÁRIO DENDÊSOL (FORTALEZA-CEARÁ-BRASIL) https://periodicos.ufba.br/index.php/cgs/article/view/31742 O Banco Comunitário DendêSol foi criado em 2011 pela Associação de Mulheres DendêSol, tendo definido a moeda social dendê como foco de sua ação. O nome da moeda faz alusão a uma planta nativa existente no lugar quando da sua ocupação, nos anos 1980. O referido empreendimento está localizado na comunidade do Dendê, na periferia leste da cidade de Fortaleza, em meio aos nobres bairros Edson Queiroz e Água Fria. As fronteiras entre espaços sociais tão distintos no que se refere à infraestrutura urbana, renda, etc., faz emergir uma série de contrastes geradores de conflitos e relações sociais vinculantes, no dizer de Gaiger (2011). Por um lado, os altos índices de violência, associada notadamente ao tráfico de drogas, além de uma forte especulação imobiliária, fruto das grandes obras construídas no seu entorno, impelem a população a buscar resistir a essas situações com estratégias de mobilização diversas sob o signo da solidariedade e do trabalho associado, tais como a Feira de Economia Solidária, a Rádio Comunitária e o próprio Banco Comunitário. Essa iniciativa agrega diferentes parceiros e integra a Rede Brasileira de Bancos Comunitários, criada a partir de um modelo difundido pelo Banco e Instituto Palmas. Nesse sentido, apresentam-se as seguintes questões: Quais as características e distinções dessas experiências organizadas na perspectiva das finanças solidárias em relação ao microcrédito? Como ocorre a inserção das mulheres? Quais as suas potencialidades, limites e desafios? Victoria Régia Arrais de Paiva Copyright (c) 2017-08-01 2017-08-01 6 2 CONSOLIDANDO UMA REDE DE COLABORAÇÃO SOLIDÁRIA NA BAHIA: O CASO DA REDEMOINHO https://periodicos.ufba.br/index.php/cgs/article/view/31744 Este texto nos apresenta a história da RedeMoinho – Comércio Justo e Solidário a partir do relato de um membro dessa, carinhosamente chamada, Rede. Ele começa abordando o seu surgimento e segue narrando a sua trajetória e estratégias construídas ao longo de sua trajetória. Por fim, trata sobre suas conquistas e desafios. Diogo Ferreira de Almeida Rego Ariadne Scalfoni Rigo Copyright (c) 2017-08-01 2017-08-01 6 2 Revista Completa https://periodicos.ufba.br/index.php/cgs/article/view/31746 Este número especial dos Cadernos Gestão Social é composto por artigos apresentados na III Conferência Internacional sobre Moedas Complementares e Sociais sob o tema “Moeda social nas economias social e solidária: inovações e desenvolvimento”. Coordenada pela professora Ariádne Scalfoni Rigo (NPGA/EAUFBA) com o apoio incondicional da equipe da Incubadora Tecnológica em Economia Solidária e Desenvolvimento Territorial (ITES) e do Instituto Banco Palmas coordenado por João Joaquim de Melo Neto Segundo, a III Conferência foi realizada em outubro de 2015, na Escola de Administração da UFBA. A primeira Conferência Internacional sobre Moedas Complementares e Sociais sob temática “Trinta anos de moedas comunitárias e complementares: o que vem depois?”, aconteceu por iniciativa do departamento de Economia da Université Lumière – Lyon 2. Esta primeira versão da conferência foi idealizada e coordenada pelo professor Jèrôme Blanc, quem tem se dedicado ao estudo dos diversos tipos de uso de moedas complementares e sociais desde 1998. O sucesso, os debates e os encaminhamentos que ocorreram em Lyon, em fevereiro de 2011, estimularam a continuidade das discussões e também da segunda versão da conferência. A II Conferência foi coordenada pela professora Georgina Gómez e capitaneada pelo International Institute of Social Studies (ISS), da Erasmus University, em junho de 2013. A organização da III Conferência contou com a participação direta dos pesquisadores Jérôme Blanc (agora professor na Science Po de Lyon, França), Georgina Gómez (ISS, Universidade Erasmus Rotterdam), Makoto Nishibe (Universidade de Hokkaido, Japão) e Rolf Schröeder (pesquisador em Social and Complementary Currencies, Alemanha). Os trabalhos puderam ser apresentados na forma de artigos científicos ou relatos de experiências, privilegiando a diversidade do campo. Os 41 trabalhos apresentados se dividiram em torno de 4 eixos principais: Moedas sociais e complementares para fins de desenvolvimento (12 trabalhos); impacto e resultados das moedas sociais e complementares (8 trabalhos); diferenças contextuais e lições das experiências (9 trabalhos); tipologias, modelos e inovação (12 trabalhos). Apesar de contar com a participação de apenas 120 participantes, diante das restrições orçamentárias e a crise em que vários países no mundo vivenciaram, 15 países foram representados na versão brasileira da conferencia, dentre os quais: Hungria, Bulgária, Japão, Colômbia, México, Argentina, Equador, França, Portugal, Reino Unido, Itália, Austrália e outros. Este número especial dos Cadernos Gestão Social privilegia artigos de atores sociais e pesquisadores latino americanos. Tratam-se de artigos sobre a relação das moedas sociais e complementares com a prática da Economia Solidárias no Brasil e na América Latina, buscando diferenciá-las de iniciativas do uso de moedas sociais de outras partes do mundo, notadamente na Europa. O artigo de Alane Amorim Barbosa Dias, Fabiane da Cunha e Tiago Araújo descreve o papel das moedas sociais nos espaços de economia solidária ao apresentar as feiras e sua contribuição para o desenvolvimento regional. Nestes espaços, sistemas locais são desenvolvidos e se caracterizam pela utilização das moedas sociais criadas e gerenciadas pelos grupos para facilitar a circulação de produtos e serviços entre eles. O segundo artigo, também de Fabiane Correia da Cunha e Alane Amorim Barbosa Dias, ressalta que as feiras de Economia Solidária são uma alternativa para a socialização das práticas de produção, prestação de serviços e dinamização do consumo consciente, apresentando o uso das moedas sociais neste espaço social. O artigo de Heloisa Primavera trata sobre diferentes tipos de iniciativas de moedas sociais durante as duas últimas décadas apresentando reflexões críticas, nos meios massivos de comunicação, em organizações da sociedade civil e na internet, a partir da experiência da Argentina. Henrique Pavan Beiro de Souza e Ramón Vicente Garcia Fernández realizam uma discussão teórica para analisar o papel das moedas sociais no processo de desenvolvimento socioeconômico. No texto em questão os autores discutem como as moedas sociais podem empoderar indivíduos e comunidades, criando um substrato de confiança, coesão e de capital social que permite potencializar também os aspectos materiais do desenvolvimento. Contrastando com os clubes de troca em Buenos Aires e suas moedas complementares, apresentar experiências de moedas complementares do México é o objetivo do artigo de María Eugenia Santana Echeagaray. Para a autora, grupos e comunidades, principalmente urbanos, são vistos como refúgios de esperança e de resistência, ao mesmo tempo em que constroem alternativas para a satisfação de necessidades intangíveis como, por exemplo, a identidade com causas comuns, reciprocidade, confiança, apoio e afeto. O artigo de Ricardo Orzi, intitulado “Sustentabilidade de uma Moeda Social com Base em a Gestão Estratégica de Seu Respaldo”, visa analisar como, através de um uso original da tecnologia monetária do respaldo na sua moeda social – através da criação “compromissos de trabalho” e uma gestão inovadora de doações – esta experiência posso franquear situações micro, meso e macro diferentes e tem ido recriando-se institucionalmente, persistindo em sua meta de melhorar as condições de vida da população mais pobre da cidade de “Capilla del Monte”. O artigo de Méndez Fuentes et. al., descreve a experiência do Tianguis Alternativo de Magdalena Mixihuca no território de Venustiano Carranza no México. As moedas comunitárias denominadas Cacaos e Mixihucas, favorecem o intercâmbio de produtos e serviços com maior frequência e a articulação com a agricultura urbana e peri-urbana. O texto de Victoria Régia Arrais de Paiva apresenta a experiência do Banco Comunitário DendêSol criado em 2011 pela Associação de Mulheres DendêSol. Tal relato propõe reflexões sobre as características e distinções dessas experiências organizadas na perspectiva das finanças solidárias em relação ao microcrédito; sobre a inserção das mulheres; e sobre as suas potencialidades, limites e desafios. Fechando este número, o relato de Diogo Rêgo e Ariádne Scalfoni Rigo apresenta a história da RedeMoinho – Comércio Justo e Solidário. O texto começa abordando o seu surgimento e segue narrando a sua trajetória e estratégias construídas ao longo de sua trajetória. Por fim, trata sobre suas conquistas e desafios. Desejamos uma ótima leitura Ariádne Scalfoni Rigo Jaqueline Braga Equipe Editorial. Ariádne Scalfoni Rigo Copyright (c) 2017-08-01 2017-08-01 6 2 Editorial https://periodicos.ufba.br/index.php/cgs/article/view/31747 Caros leitores Este número especial dos Cadernos Gestão Social é composto por artigos apresentados na III Conferência Internacional sobre Moedas Complementares e Sociais sob o tema “Moeda social nas economias social e solidária: inovações e desenvolvimento”. Coordenada pela professora Ariádne Scalfoni Rigo (NPGA/EAUFBA) com o apoio incondicional da equipe da Incubadora Tecnológica em Economia Solidária e Desenvolvimento Territorial (ITES) e do Instituto Banco Palmas coordenado por João Joaquim de Melo Neto Segundo, a III Conferência foi realizada em outubro de 2015, na Escola de Administração da UFBA. A primeira Conferência Internacional sobre Moedas Complementares e Sociais sob temática “Trinta anos de moedas comunitárias e complementares: o que vem depois?”, aconteceu por iniciativa do departamento de Economia da Université Lumière – Lyon 2. Esta primeira versão da conferência foi idealizada e coordenada pelo professor Jèrôme Blanc, quem tem se dedicado ao estudo dos diversos tipos de uso de moedas complementares e sociais desde 1998. O sucesso, os debates e os encaminhamentos que ocorreram em Lyon, em fevereiro de 2011, estimularam a continuidade das discussões e também da segunda versão da conferência. A II Conferência foi coordenada pela professora Georgina Gómez e capitaneada pelo International Institute of Social Studies (ISS), da Erasmus University, em junho de 2013. A organização da III Conferência contou com a participação direta dos pesquisadores Jérôme Blanc (agora professor na Science Po de Lyon, França), Georgina Gómez (ISS, Universidade Erasmus Rotterdam), Makoto Nishibe (Universidade de Hokkaido, Japão) e Rolf Schröeder (pesquisador em Social and Complementary Currencies, Alemanha). Os trabalhos puderam ser apresentados na forma de artigos cientificos ou relatos de experiências, privilegiando a diversidade do campo. Os 41 trabalhos apresentados se dividiram em torno de 4 eixos principais: Moedas sociais e complementares para fins de desenvolvimento (12 trabalhos); impacto e resultados das moedas sociais e complementares (8 trabalhos); diferenças contextuais e lições das experiências (9 trabalhos); tipologias, modelos e inovação (12 trabalhos). Apesar de contar com a participação de apenas 120 participantes, diante das restrições orçamentárias e a crise em que vários países no mundo vivenciaram, 15 países foram representados na versão brasileira da conferencia, dentre os quais: Hungria, Bulgária, Japão, Colômbia, México, Argentina, Equador, França, Portugal, Reino Unido, Itália, Austrália e outros. Este número especial dos Cadernos Gestão Social privilegia artigos de atores sociais e pesquisadores latino americanos. Tratam-se de artigos sobre a relação das moedas sociais e complementares com a prática da Economia Solidárias no Brasil e na América Latina, buscando diferenciá-las de iniciativas do uso de moedas sociais de outras partes do mundo, notadamente na Europa. O artigo de Alane Amorim Barbosa Dias, Fabiane da Cunha e Tiago Araújo descreve o papel das moedas sociais nos espaços de economia solidária ao apresentar as feiras e sua contribuição para o desenvolvimento regional. Nestes espaços, sistemas locais são desenvolvidos e se caracterizam pela utilização das moedas sociais criadas e gerenciadas pelos grupos para facilitar a circulação de produtos e serviços entre eles. O segundo artigo, também de Fabiane Correia da Cunha e Alane Amorim Barbosa Dias, ressalta que as feiras de Economia Solidária são uma alternativa para a socialização das práticas de produção, prestação de serviços e dinamização do consumo consciente, apresentando o uso das moedas sociais neste espaço social. O artigo de Heloisa Primavera trata sobre diferentes tipos de iniciativas de moedas sociais durante as duas últimas décadas apresentando reflexões críticas, nos meios massivos de comunicação, em organizações da sociedade civil e na internet, a partir da experiência da Argentina. Henrique Pavan Beiro de Souza e Ramón Vicente Garcia Fernández realizam uma discussão teórica para analisar o papel das moedas sociais no processo de desenvolvimento socioeconômico. No texto em questão os autores discutem como as moedas sociais podem empoderar indivíduos e comunidades, criando um substrato de confiança, coesão e de capital social que permite potencializar também os aspectos materiais do desenvolvimento. Contrastando com os clubes de troca em Buenos Aires e suas moedas complementares, apresentar experiências de moedas complementares do México é o objetivo do artigo de María Eugenia Santana Echeagaray. Para a autora, grupos e comunidades, principalmente urbanos, são vistos como refúgios de esperança e de resistência, ao mesmo tempo em que constroem alternativas para a satisfação de necessidades intangíveis como, por exemplo, a identidade com causas comuns, reciprocidade, confiança, apoio e afeto. O artigo de Ricardo Orzi, intitulado “Sustentabilidade de uma Moeda Social com Base em a Gestão Estratégica de Seu Respaldo”, visa analisar como, através de um uso original da tecnologia monetária do respaldo na sua moeda social – através da criação “compromissos de trabalho” e uma gestão inovadora de doações – esta experiência posso franquear situações micro, meso e macro diferentes e tem ido recriando-se institucionalmente, persistindo em sua meta de melhorar as condições de vida da população mais pobre da cidade de “Capilla del Monte”. O artigo de Méndez Fuentes et. al., descreve a experiência do Tianguis Alternativo de Magdalena Mixihuca no território de Venustiano Carranza no México. As moedas comunitárias denominadas Cacaos e Mixihucas, favorecem o intercâmbio de produtos e serviços com maior frequência e a articulação com a agricultura urbana e peri-urbana. O texto de Victoria Régia Arrais de Paiva apresenta a experiência do Banco Comunitário DendêSol criado em 2011 pela Associação de Mulheres DendêSol. Tal relato propõe reflexões sobre as características e distinções dessas experiências organizadas na perspectiva das finanças solidárias em relação ao microcrédito; sobre a inserção das mulheres; e sobre as suas potencialidades, limites e desafios. Fechando este número, o relato de Diogo Rêgo e Ariádne Scalfoni Rigo apresenta a história da RedeMoinho – Comércio Justo e Solidário. O texto começa abordando o seu surgimento e segue narrando a sua trajetória e estratégias construídas ao longo de sua trajetória. Por fim, trata sobre suas conquistas e desafios. Desejamos uma ótima leitura Ariádne Scalfoni Rigo Jaqueline Braga Equipe Editorial. Airton Cardoso Cançado Ariádne Scalfoni Rigo Copyright (c) 6 2