@article{Santos_Hoshino_2020, place={Salvador}, title={Sotaques e sintaxes: acentuando o falar caboclo nas religiões afro-brasileiras}, url={https://periodicos.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/35680}, DOI={10.9771/aa.v0i62.35680}, abstractNote={<p>Os caboclos são espíritos e encantados afro-ameríndios que podem se manifestar por muitas formas nas religiões de matriz africana. Em comum têm a capacidade (nem sempre compartilhada por outras divindades, como os orixás) de falar. Mais do que uma capacidade, trata-se de uma habilidade codificada por meio da qual exercem sua agência sobre o mundo e sobre seus adeptos. Dentre os registros linguísticos mais notórios dos caboclos está o “sotaque”, categoria nativa que nomeia uma situação de desafio em forma de bravata que estabelece um diálogo, uma alternância entre (en)cantadores. Considerado como disputa, mais do que briga, o sotaque sempre dramatiza um conflito como alegoria e abre a possibilidade de encenar, de inovar, de versejar e de construir contextualmente sobre o texto da tradição. Por sua vez, essa enunciação depende sempre da materialidade de um “cavalo” que a vocalize, dando “passagem” ao sujeito oculto pelo racismo estrutural, epistêmico e cotidiano. O presente artigo toma as noções êmicas de “sotaque” e de “cavalo-de-santo” como conceitos rentáveis para projetar as tensões e atravessamentos da linguagem do candomblé, em cuja dinâmica o português é enredado com usos, sentidos e acentos e assentos afro-atlânticos, fazendo dele “pretoguês”, uma língua em modo de simbiose ou, como os autores defendem, uma “sintaxe cabocla”.</p><p><strong>Palavras-chave:</strong> religiões afro-brasileiras | caboclo | sotaque | Língua de santo | Pretoguês</p><p> </p><p><strong><em>Abstract:</em></strong></p><p><em>Caboclos are Afro-Amerindian spirits that manifest in various ways in the African matrix religions </em><em>of</em><em> Brazil. </em><em>They have the ability to speak (not always shared by other divinities of the cult, like Orixás). More than an ability, speaking in this case constitutes a codified mode of agency over the world, the people, and specially their believers. Among the most </em><em>well-known </em><em> Caboclo linguistic registers is the sotaque (literally “accent</em><em>”, but in this context more akin to “sneer”). Sotaque is a native category </em><em>referring to</em><em> situations </em><em>in which one entity </em><em>challeng</em><em>es another, </em><em>in a </em><em>swaggering way, resulting in a</em><em> competitive dialogue </em><em>between them</em><em>. Considered a dispute, not a fight, a sotaque generally dramatizes conflicts in an allegorical way, open</em><em>ing</em><em> up possibilit</em><em>ies for</em><em> performing, innovat</em><em>ing</em><em>, vers</em><em>ifying</em><em>, </em><em>providing contexts for </em><em>building on traditional texts</em><em>. In turn, such enunciation depends on the materiality of </em><em>the</em><em> cavalo (“horse”) that verbalizes it, “</em><em>clearing the path” for</em><em> subjects hidden by structural, epistemic and quotidian racism. This paper draws from emic notions of sotaque and cavalo de santo as </em><em>fruitful </em><em>concepts </em><em>for projecting the</em><em> tensions </em><em>that are part </em><em>of the language of Candomblé, in which the use of Portuguese is </em><em>coupled </em><em>with Afro-Atlantic usages, meanings, and accents, </em><em>in what could be termed</em><em> “pretoguês“: </em><em>a language of</em><em> symbiosis, or, as the authors suggest, a “caboclo syntax”.</em></p><p><em><em><strong>Keywords</strong>:</em>afro-brazilian Religions | caboclo | sotaque | Língua de santo | Pretoguês</em></p><p> </p><div><div><p> </p></div></div>}, number={62}, journal={Afro-Ásia}, author={Santos, Mauricio dos and Hoshino, Thiago de Azevedo Pinheiro}, year={2020}, month={dez.} }